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Cavaco Silva ignorou a crise internacional na tomada de posse - verdade?
Verdadeiro ou falso? O Negócios confronta declarações de José Sócrates com factos e números.
22h40
O discurso de tomada de posse de Cavaco Silva, a 9 de Março de 2011, consistiu essencialmente na descrição do agravamento de indicadores sobre a situação interna: o abrandamento económico, a quebra da taxa de poupança, o aumento do desemprego e da pobreza, a trajectória da dívida pública e da dívida externa.
"Portugal vive uma situação de emergência económica e financeira, que é já, também, uma situação de emergência social, como tem sido amplamente reconhecido", afirmou na altura o Presidente da República.
Se é certo que Cavaco Silva quase não fez referência directa à situação económica internacional, também é verdade que não deixou de referir algumas das condicionantes que advêm desse contexto externo. A referência às responsabilidades do governo de Sócrates foi indirecta.
"Os mercados continuam a limitar fortemente o recurso ao financiamento por parte do sistema bancário nacional, o que se reflecte num agravamento das restrições de acesso ao crédito por parte das famílias e das empresas e num aumento das taxas de juro", afirmou o Presidente da República.
No discurso onde defendeu a necessidade de um "sobressalto cívico", Cavaco Silva terminou com um apelo aos jovens.
"Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Mostrem a todos que é possível viver num País mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna. Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam", desafiou Cavaco Silva, a terminar a sua intervenção.
Três dias depois, a 12 de Março, ocorria a primeira manifestação em grande escala convocada pelas redes sociais.