Um dos mindsets do futuro é a comunicação. “Os conteúdos têm de ter o foco do cliente”, afirmou, de forma assertiva Beia Carvalho, a oradora convidada da 2ª edição do Top 30, palestrante futurista, famosa comunicadora brasileira.
Durante a sua palestra diante de uma plateia composta de algumas das principais marcas de topo em Portugal, Beia deu três exemplos de branded content que mostram esse foco do cliente e o impacto das novas formas de comunicar e de “viralizar”, seja pelos blogues, redes sociais ou pelo poder de uma simples imagem. Um dos exemplos será talvez o mais conhecido dos portugueses, neste momento: a famosa fotografia de outdoor da estante Ikea “boa para guardar livros ou 75.800 euros”, cujo slogan faz uma alusão ao montante encontrado pelas autoridades no gabinete de Vitor Iscária, chefe de gabinete do primeiro-ministro António Costa.
Outro exemplo mostrado por Beia Carvalho traduz-se num momento patrocinado pela marca de vodka Absolut: um vídeo do famoso programa de entrevistas brasileiro De Frente com Blogueirinha, que pode ser visto no youtube, e onde essa influenciadora digital entrevista a ex-namorada do futebolista Neymar, Bruna Marquezine. As duas vão bebendo vodka pelo copo pop e cheio de lantejoulas da Absolut “até que a blogueirinha pede para a Bruna um livramento e ela então solta umas gargalhadas e todo o mundo se lembra de Neymar, esse momento viralizou”, como explicou Beia.
Um último exemplo de branded content com o foco do cliente é o de uma empreendedora brasileira com duas lojas de retalho em São Paulo cujo público são mulheres jovens, na maioria mães. “Foi o vídeo que mais vendeu roupas e fez um trend porque ela decalcou um vídeo da atriz norte-americana Ali Wong a brincar com a ideia de as jovens mães gostarem de brilho nas roupas porque já o perderam por dentro”.
Mudar os paradigmas
Para as marcas entrarem no século XXI têm de mudar o mindset do século XX, ou seja, alterarem esse “pacote de crenças, experiências e vivências que configuram a forma como se entende o mundo”. Nesta que é a era “mais complexa que o ser humano já viveu”, a velocidade é “absurda” e para não perder o comboio, as empresas e marcas têm de ter presentes novos paradigmas. Há o “mindset da tecnologia” que obriga a desfazer ideias feitas: “computador não é tecnologia, é eletrodoméstico”. O Chat GPT 4 tem um Q.I. de 155 igual ao do Elon Musk e um pouco inferior ao de Einstein que era de 160 mas o Chat GPT 6 vai ter um Q.I. de 1500, referiu. “Como serão os negócios com inteligências artificiais 10 vezes superiores ao que são hoje”? , indagou Beia.
Nesse momento de suspense que colocou o público a pensar em odisseias no espaço, Beia Carvalho elencou os outros mindsets do futuro. Nomeadamente, o das perguntas. “Fazer pergunta no século 20 era uma coisa feia. As respostas é que tinham valor. Agora, no século XXI, ninguém sabe a resposta de nada. Todos sabem que vai ter uma pandemia de novo mas ninguém sabe quando”.
O mindset da Inteligência Artificial (IA), que num ano ocupou um espaço incrível na vida das pessoas e das empresas; o mindset da longevidade que foi ilustrado por Beia com um vídeo de idosos a terem sexo em diversas posições para mostrar que o paradigma do que é ser velho está a mudar; o mindset do letramento que se refere a novas palavras e conceitos do século XXI que é preciso estar a par para entender o cliente, nomeadamente, clima, inclusão, fake News, deep fake (estes últimos importantes em contexto de eleições nos Estados Unidos, por exemplo); e, finalmente, o mindset de aprender, porque “no século XXI você vai aprender até ao último dia da sua vida”.
Como concluiu Beia Carvalho, “o futuro é abundante, de ideias, diálogos e pensamentos diversos, de imaginação, crítica, humor e voos”. Só é preciso agarrá-lo hoje.