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CEO estão confiantes no futuro do setor segurador

Estudo da KPMG encontra otimismo, mas também prudência face à incerteza política, económica e aos riscos tecnológicos. Setor tem mostrado resiliência.

28 de Março de 2024 às 14:23
Nuno Esteves, partner de advisory da KPMG Portugal
Nuno Esteves, partner de advisory da KPMG Portugal
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Num contexto global marcado por uma grande imprevisibilidade, um estudo recente da KPMG junto de 128 CEO do setor segurador encontrou um panorama geral de confiança no desenvolvimento desta indústria. No entanto, existem sinais que indicam a necessidade de alguma prudência face, nomeadamente, à incerteza politica, aos riscos tecnológicos e à subida das taxas de juro.

Precisamente com base neste estudo ("2023 Insurance CEO Outlook"), a KPMG identifica algumas grandes áreas nas quais se concentram os principais desafios do setor segurador. Em primeiro lugar, encontram-se os riscos ao nível económico e geopolítico. Como sublinha Nuno Esteves, partner de advisory da KPMG Portugal, "o clima de incerteza política e o crescimento da instabilidade a nível geopolítico, nomeadamente com o aumento do número de conflitos em várias zonas do globo, foi a principal ameaça identificada por 23% dos CEO".

Uma outra área de preocupação é a evolução tecnológica. "O risco da não adoção ou do não acompanhamento de tecnologias disruptivas foi identificado por 13% dos CEO como um desafio importante, por poder levar à perda de competitividade face aos principais concorrentes", explica Nuno Esteves. Associada a esta questão, o risco de cibersegurança foi igualmente realçado como sendo um dos principais desafios para os responsáveis das seguradoras. Para o partner da KPMG, "esta é uma avaliação que resulta não apenas de um maior nível de digitalização e de abertura dos sistemas das companhias a clientes e parceiros, mas também de uma crescente utilização de soluções cloud".

Uma outra área de preocupação é "o risco operacional, que foi igualmente identificado como um dos desafios ao crescimento do setor segurador, nomeadamente pelo potencial impacto na degradação da qualidade do serviço prestado a clientes e parceiros", nota Nuno Esteves.

Combate à fraude requer atenção

Fora das conclusões deste estudo, e fruto da sua experiência no terreno, a KPMG Portugal identifica também o combate à fraude como uma preocupação crescente do setor segurador.  Conforme explica o responsável da consultora, esta situação fica a dever-se ao "aumento da digitalização e da expetativa de melhores tempos de resposta na venda e na resposta a sinistros, o que tem feito crescer o peso dos processos decididos de forma automática". Esta crescente automação "conduz a ganhos de eficiência, mas também implica um potencial aumento do risco de fraude, principalmente em ramos com maior sinistralidade, como é o caso da saúde ou do automóvel". Nesse contexto, afirma Nuno Esteves, vê-se uma preocupação crescente no reforço dos mecanismos de prevenção e deteção de fraude, tanto no momento da venda, como na gestão dos sinistros.

Todavia, na avaliação da consultora, o setor segurador tem-se mantido resiliente ao longo dos últimos anos, ainda que com comportamentos distintos nos diversos ramos. "No último ano, e apesar do decréscimo global resultado da queda no ramo vida, os ramos reais cresceram mais de 10%, alavancados por maiores investimentos em inovação e marketing e pelo ciclo de crescimento económico", é-nos dito. Esta tendência de crescimento é igualmente confirmada pelo estudo "KPMG 2023 Insurance CEO Outlook", no qual mais de 76% dos CEO afirmam ter perspetivas otimistas de crescimento futuro. "Nesse contexto, acreditamos que, de uma forma geral, vai haver crescimento do setor, principalmente em resultado do reforço do investimento tanto a nível da automação e digitalização das jornadas de cliente e das operações, como da criação de novos produtos e modelos de negócio", considera o partner.  Alguns exemplos "são a criação de ecossistemas em áreas como a saúde, a casa ou o automóvel, o desenvolvimento de novas parcerias para a distribuição de seguros ou a criação de novos produtos relacionados com as alterações climáticas ou riscos tecnológicos".

Envolvimento crescente com setor

Refira-se que, em Portugal, a KPMG mantém há vários anos uma equipa especializada no setor segurador, que abrange as áreas de Auditoria, Tax e Consultoria. Segundo o responsável da consultora, "no passado, a KPMG teve um maior foco em auditoria e consultoria relacionada principalmente com áreas regulamentares e atuariais (nomeadamente Solvência II ou IFRS), mas nos últimos anos tem havido complementarmente um reforço do crescimento em múltiplas áreas, com maior foco em consultoria de negócio e tecnológica, financeira e fiscal". A título de exemplo, e segundo Nuno Esteves, a KPMG tem estado envolvida "com algumas das principais seguradoras a nível nacional em vários projetos de transformação digital, abrangendo o desenvolvimento de soluções de front para clientes e parceiros, o desenvolvimento de soluções de workflow para áreas de suporte, de projetos na área de data analytics e cybersecurity, e tem participado na maioria dos projetos de fusões e aquisições no setor segurador em Portugal", conclui Nuno Esteves.

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