O mercado de trabalho em Portugal enfrenta um cenário desafiador no que concerne a escassez e a retenção de profissionais qualificados. Neste contexto, a MC, do Grupo Sonae, empresa líder de retalho, adota estratégias inovadoras para atrair e reter talento, através de uma abordagem centrada nas pessoas que valoriza a inclusão, a diversidade e a igualdade de oportunidades.
No Guia Hays 2024, a "maioria dos empregadores afirma existir uma maior escassez de profissionais qualificados relativamente ao ano anterior", diz Sandrine Veríssimo, regional director Lisboa da Hays, empresa de recrutamento especializado. O mesmo estudo aponta para um continuado desalinhamento entre as expetativas de empregadores e profissionais, o qual impede as empresas de "reter e atrair o talento por existirem vários motivos de insatisfação, como prémios de desempenho, pacote de benefícios, comunicação interna, perspetivas de progressão" e oferta salarial. O descontentamento estende-se à formação e dotação de novas skills com "58% dos profissionais 'insatisfeitos' ou 'muito insatisfeitos' com a formação fornecida no emprego atual". A saúde mental dos profissionais emerge como outro dado crítico, "fruto de demasiado stress associado às funções, falta de apoio ou más relações com as chefias", refletindo a necessidade de uma liderança mais humanizada, em que "trabalhar as relações interpessoais se revela uma oportunidade de retenção de colaboradores", explica Sandrine Veríssimo.
Um mercado liderado pelo candidato exige um esforço das empresas para atrair e reter talento. Mais ainda. Para fixar os profissionais qualificados no nosso país e contribuir para a economia nacional.
Neste período de skills shortage em que vivemos, as equipas de talent acquisition têm de acionar estratégias de captação de talento cada vez mais sofisticadas. Com a premissa que os investimentos das empresas não serão bem-sucedidos sem que haja investimento em pessoas – nota da última reunião em Davos do World Economic Forum –, olhamos para a estratégia de gestão de pessoas "como uma alavanca do crescimento e transformação da nossa empresa", afirma a head of people da MC, Vera Rodrigues. Como? Apostando no desenvolvimento das equipas através de programas internos inovadores e de parcerias estratégicas. Ser uma learning organization que investe e que valoriza a aprendizagem e o desenvolvimento contínuo das suas pessoas em todas as suas áreas de negócio "é um dos traços mais fortes da MC", ressalta Vera Rodrigues. O mote "Better Together" fala bem alto: "É da diversidade de negócios, competências e perfis que resulta a nossa singularidade e valor enquanto empresa."
Também por este motivo, a estratégia de Learning & Development tem três grandes eixos: programas de formação interna, como é o caso das 16 academias internas e do programa de upskilling e reskilling "Eu Escolho Aprender"; funcionamento do "Centro Qualifica MC", que já permitiu a mais de 1.300 colaboradores ver as suas competências reconhecidas no ensino secundário; desenvolvimento de parcerias estratégicas com instituições de ensino superior para obtenção de graus académicos.
Uma empresa de pessoas para pessoas
A haver um segredo para o sucesso, poderá ser o alinhamento das expetativas entre empregador e colaboradores. Com percursos desafiantes, "as pessoas têm oportunidade de crescer pessoal e profissionalmente, inspiradas por lideranças ágeis e humanas, e integradas numa cultura de singularidade com foco no bem-estar".
A concretização da proposta de valor "passa pelo reforço da competitividade da nossa política retributiva e respetivo pacote de benefícios, pelo investimento na melhoria das condições de trabalho das pessoas e na digitalização da sua employee experience, na aposta em programas de bem-estar focando, por exemplo, o tema da saúde mental no desenvolvimento dos nossos líderes e dos programas de formação e capacitação em competências críticas para os nossos negócios", resume Vera Rodrigues. Tal não exclui o continuar atento às aspirações daqueles que querem continuar a atrair, como a geração Z, que no próximo ano representará 27% da workforce mundial. "A perspetiva das empresas tem mesmo de evoluir de uma lógica de talent seekers para talent makers", sublinha.
Fazer frente aos desafios
No que a Portugal diz respeito, Vera Rodrigues acredita que reúne condições para ser ainda mais atrativo para o talento. Porém, é preciso ter "clara a employee value proposition que o país tem para oferecer", explica. "Precisamos de uma estratégia de talento. Precisamos de uma visão robusta sobre que população quer ter. Para que todas as dimensões sejam alcançáveis, precisamos de maior sentido de urgência de diferentes atores, seja da academia, das políticas públicas ou das próprias empresas", refere. Só assim poderá vencer os desafios do mercado em constante evolução.