Apesar do consenso de que a IA veio para ficar, a perceção acerca do seu impacto varia. Nuno Ricardo, diretor da Área de Formação da ANJE aponta para um "impacto diminuto em Portugal, com previsão de crescimento com a evolução da economia digital", opinião corroborada por Sandrine Veríssimo, regional director Lisboa na Hays, segundo a qual "aproximadamente metade das organizações não recomenda o uso de ferramentas de tecnologia de inteligência artificial como Chat GPT ou Midjourney."
Já na MC é um caso de sucesso. Vera Rodrigues, head of people da MC, estima que "a IA tem potencial para matar a rotina, mas sobretudo para melhorar qualidade, criatividade e produtividade", dando vários exemplos da sua aplicação prática com vantagens impossíveis de ignorar, como na "gestão de pessoas, triagem de CV, conteúdos digitais e implementação de chatbots como o StudyAI". Mais ainda. Considera a IA crucial para vencermos "o desafio do envelhecimento da população, escassez de talento e falta de competitividade", contribuindo para organizações mais resilientes e sustentáveis.
Esta nova "revolução industrial", nas palavras de Elizabeth Real, vice-reitora para a área de ensino da Universidade Portucalense, "é já uma realidade indiscutível que promete uma fusão empolgante entre a criatividade humana e a capacidade multiplicadora das máquinas". Todavia, "são inúmeros os desafios e responsabilidade acrescida por parte das instituições de ensino superior, nomeadamente no que diz respeito aos dilemas éticos sobre autoria e originalidade, privacidade dos dados ou impacto da automação em certos setores de atividade". A principal missão do ensino é fomentar o pensamento crítico. E se as universidades forem capazes de cumprir a sua missão, então o potencial da IA será um admirável mundo novo.