A apresentação foi conduzida por Sandra Costa, head of Client Leadership da Wavemaker Portugal, Ana Beirão, head of Branded Content do GroupM Portugal, e Rui Pinto, head of Client Leadership da Wavemaker Portugal, que lançaram desafios e "provocações positivas". O BAV é uma ferramenta que permite aferir o impacto que o branded content tem na perceção e na forma como os consumidores olham para as marcas, identificando o seu papel e reforçando os pilares da diferenciação e da relevância.
Ad blocking, streaming e rádio online
Quando quatro em cada dez portugueses, sobretudo os mais jovens, já utilizam ferramentas de ad blocking, "estamos perante algo a que temos de estar atentos e que tem de ser trabalhado", refere Sandra Costa, head of Client Leadership, Wavemaker Portugal, podendo indiciar a "existência de uma saturação da publicidade convencional".
A exponencial aceleração da tecnologia criou um contexto de fragmentação dos consumos e conteúdos: o consumo de televisão é cada vez mais dividido, com mais de duzentos canais emitidos pelos principais operadores. Só o conjunto de canais Pay TV (liderados pela CMTV) representa mais de 40% do share de audiência total, afirma a responsável.
"Assistimos a grandes e constantes alterações nos hábitos e na forma de consumo dos meios. O Time Shift é um deles – há uma mudança naquilo que era o consumo ao vivo para um consumo não linear. O recurso a plataformas de streaming prolifera: 45% dos portugueses assistiram a conteúdos por essa via." Também o áudio foi obrigado a adaptar-se, com as rádios a sair do que era o tradicional e a reinventarem-se no online, com o surgimento de players como o Spotify e de novos formatos como os podcasts. De acordo com o estudo, 23% dos portugueses ouvem rádio online semanalmente.
head of Client Leadership, Wavemaker Portugal
Esta transformação rápida na forma de consumo obrigou também os media owners a readaptarem-se e "a passar de amplificadores para aquilo que, hoje, lhes dá maior relevância: serem cocriadores, coprodutores de conteúdos em conjunto com as marcas", refere a manager director, dando o exemplo do projeto EDP Y.E.S e a forma como se amplificou na área da responsabilidade social, utilizando os assets da Medialivre na televisão e no digital. Facto é que "80% dos consumidores valorizam a sua experiência com a marca, o que é fundamental, de tal forma que se sobrepõe até ao que são os próprios produtos ou serviços que as marcas apresentam". 91% dizem-se inclinados para comprar um produto ou serviço depois de participar numa ação de marca e 40% sentem que, desta forma, ficam mais leal à mesma.
A experiência do consumidor com as marcas abre portas à compra, objetivo fundamental. Mas, sublinha Sandra Costa, abre também portas "a algo que ainda é mais importante e que todas as marcas ambicionam: criar uma relação de Ana Beirão, head of Branded Content, GroupM Portugal. lealdade e de fidelidade com os seus consumidores. Este é um dos grandes assets que temos de trabalhar", conclui.
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Ana Beirão, head of Branded Content, GroupM Portugal.
Aprender com o consumidor e arriscar
Onde estão os consumidores, o que estão a fazer, o que estão a ler, onde gostam de ir, como utilizam a tecnologia? São questões fundamentais para acompanhar comportamentos e mudanças de hábitos, explica Ana Beirão, head of Branded Content, GroupM Portugal. E "são essenciais para, juntamente com as marcas, percebermos como podemos criar novidade e aparecer onde os consumidores querem estar". A manager director define quatro grandes tendências para o branded content em 2024:
1. O ressurgimento do conteúdo longo, que permite criar histórias maiores e mais profundas, conduzindo a marca a relacionar-se muito mais com o consumidor e vice-versa. "Dá-lhe mais tempo, a marca pode tornar-se especialista e passar tutoriais sobre os seus produtos e serviços, que de outra forma não consegue, e não é possível num spot de 30 segundos." É importante perceber que 70% dos consumidores preferem descobrir novos produtos através de conteúdo, o que os predispõe a comprar.
2. Baixa resolução, alto impacto. É um ponto que está muito relacionado com o sucesso dos influencers. "O imediatismo, a forma rápida como se põe um vídeo no telemóvel e se faz um live, são coisas que o consumidor está a apreciar muitíssimo", pela rápida conexão e humanização do conteúdo geradas. Se 51% dos consumidores referem que menos de metade das marcas criam conteúdo que lhes parece autêntico, "o nosso desafio é não ter medo de trocar a estética perfeita tradicional pela mais autêntica e próxima".
3. Storytelling imersivo, que está cada vez mais acessível, desde o cinema a jogos, documentários e até no jornalismo. O objetivo é fazer o consumidor sentir que "está lá", combinando o storytelling tradicional com tecnologia inovadora, para criar ambientes interativos e de engagement com a marca onde as linhas entre a ficção e a realidade se começam a esbater.
4. A ferramenta BEasT – Brand Experience Assessement Tool. Esta novidade que está a ser desenvolvida pela Wavemaker internacional é um instrumento que permite avaliar e comparar os diferentes projetos das marcas e, no final, apresentar uma conclusão sobre o que funcionou e como, permitindo tomar decisões mais ajustadas e dar métricas fidedignas ao mercado. O desafio é chamar as marcas a fazerem cada vez mais content, a arriscarem sem medo do pioneirismo com uma produção exemplar, transformando ideias em realidade.
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Rui Pinto, head of Client Leadership, Wavemaker Portugal.
Conteúdos com propósito
Quando se fala em conteúdos com propósito, fala-se em marcas com propósito e com efeitos positivos na sociedade. Rui Pinto, head of Client Leadership, Wavemaker Portugal, defende que "este tipo de conteúdo tem muito mais propósito quando o consumidor se identifica com aquilo que também defendemos. É aí que conseguimos criar relações sólidas e duradouras com os nossos consumidores."
Quando existe esta proximidade entre marcas e consumidores, 57% destes são mais leais a marcas comprometidas com desigualdades e causas sociais. "Aqui vemos também o efeito na parte do lucro e das vendas. Quando existe este compromisso, o consumidor está disposto a gastar o dobro do que aquele consumidor que não tem qualquer tipo de ligação", explica o especialista, dando o exemplo do projeto Calzedonia – Natal a Meias: todos os Natais a marca produz uma edição especial de meias e metade do lucro gerado nas vendas é doado aos bombeiros portugueses em forma de equipamentos.
Na sua apresentação, o manager director não deixou de abordar a tendência dos assistentes de voz digitais, como Alexa e Siri, que nos acompanham sobretudo no mobile. É uma tecnologia que as agências querem otimizar no marketing e no content enquanto novos defensores e guardiões das marcas.
Com estimativas que apontam para um número de assistentes de voz digitais de cerca de 8,4 biliões de utilizadores no final do ano, Rui Pinto enfatiza tratar-se de uma tendência incontornável que "terá de ser integrada nas nossas marcas, tal como a inteligência artificial. Queremos que a IA aprenda connosco, recolha data e seja capaz de criar conteúdos originais a partir do que aprendeu, com um volume e velocidade que nós nunca teríamos capacidade de ter." É um auxiliar valioso, mas que não dispensa a inteligência humana.