Os benefícios da mobilidade elétrica, incluindo a poupança de energia, a redução de poluição e a sustentabilidade, são reconhecidas pelas empresas portuguesas. Contudo, é necessário intensificar a formação e a disseminação de informação sobre estes aspetos para que a transição continue a avançar a bom ritmo.
A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) destaca a importância de uma estratégia abrangente para promover a mobilidade elétrica. Esta estratégia não deve apenas focar-se na promoção dos benefícios já conhecidos, mas também na implementação de sessões informativas e campanhas de sensibilização para superar os desafios que possam surgir. "É imperativo continuar a investir na comunicação para acelerar a adesão das empresas à mobilidade elétrica", recomenda Helder Pedro, secretário-geral da ACAP.
Neste contexto, a colaboração entre entidades governamentais, associações empresariais e fabricantes de automóveis torna-se essencial. Da mesma forma, a criação de políticas de incentivo, a disponibilização de infraestrutura de carregamento e o apoio à investigação e desenvolvimento são medidas cruciais para impulsionar ainda mais a adoção da mobilidade elétrica.
Informação atualizada e fidedigna precisa-se
A informação clara e precisa não é fácil de obter, uma vez que são constantes os avanços tecnológicos no âmbito da mobilidade elétrica. Se considerarmos que os primeiros veículos 100% elétricos, produzidos em massa e comercializados em Portugal, estão agora a completar entre dez a 15 anos e o quanto avançaram tecnologicamente neste período.
Facilitar o acesso a informação atualizada e fidedigna é um dos objetivos a que a UVE se propõe cumprir. "Muita da informação sobre a mobilidade elétrica, que era verdadeira em 2011-2012, é hoje obsoleta. Infelizmente, assistimos a alguns canais digitais de informação (blogues, redes sociais, youtube, etc.) que transmitem ainda informação desatualizada sobre veículos elétricos, numa tentativa de alarmar os novos utilizadores e desencorajar a transição para veículos elétricos", sustenta Vítor Gomes, membro do conselho diretivo e fundador da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos.
Em matéria de desafios, a Galp assinala que um dos maiores é dar confiança e conveniência a quem procura um carregador elétrico e disponibilizar soluções integradas para carregamento em casa, escritório ou na rede pública. "Estamos a sentir um forte crescimento na utilização de frotas elétricas nas empresas, ou de negócios que querem ter na mobilidade elétrica uma forma de capturar ou reter os seus clientes". Por outro lado, no segmento Frotas, a Galp considera que o transporte pesado é a próxima fronteira da eletrificação, não sendo expectável que os obstáculos tecnológicos que hoje se conhecem sejam ultrapassados a breve trecho. A operadora está comprometida com a descarbonização do setor e com a ambição de alcançar a neutralidade carbónica até 2050.
Os desafios são cada vez menos
Com o crescimento da rede de carregamento de veículos elétricos, seja no território nacional ou nos restantes países europeus, Vítor Gomes admite que são cada vez menos as situações em que a transição para veículos elétricos não apresenta vantagens. "Somente em casos muito específicos, como por exemplo, viaturas pesadas de longo curso para transporte de mercadorias ou passageiros, em que, além da oferta ser mais reduzida, a infraestrutura de carregamento não está ainda adaptada para receber esses veículos", refere o responsável.
Atualmente, de acordo com este responsável, completar 300-400 quilómetros com um veículo 100% elétrico, permanecer no destino algumas horas e voltar, é perfeitamente exequível. Ou, no caso de viagens mais longas, completar percursos de 200-300 quilómetros, parar 15/20 minutos para efetuar um carregamento rápido e seguir viagem, é cada vez mais simples. "Temos vários exemplos de associados UVE que completaram milhares de quilómetros com veículos 100% elétricos, por toda a Europa, sem complicações em que as paragens para carregamento não foram mais demoradas dos que as que realizariam com um veículo a combustão", esclarece o responsável. Segundo Vítor Gomes, realizar viagens de 200/300 quilómetros era muito complicado há dez anos, mas hoje serão centenas os utilizadores a cumprirem essas distâncias em veículos 100% elétricos, sem grandes problemas.
Ainda assim, existem situações que podem exigir maior planeamento. Por exemplo, se um veículo elétrico (ligeiro) tiver como objetivo percorrer grandes distâncias a velocidades elevadas constantes (autoestrada), para locais onde não terá acesso a um posto de carregamento dedicado no destino (privado), o utilizador pode deparar-se com situações constrangedoras no momento de carregar o veículo para cumprir as suas obrigações de viagem. "Recentemente estivemos presentes numa ação de formação em que o passageiro e o respetivo veículo não podiam estar separados mais de x metros, por uma questão de segurança. Nesta situação, torna-se complicado completar uma viagem, por exemplo Porto-Lisboa-Porto, sem estar à espera que o carro carregue na rede pública", exemplifica Vítor Gomes.