Uma rede de carregamento elétrico robusta é um alicerce para o sucesso da transição para a mobilidade elétrica no país. Esta transição é crucial para alcançar os objetivos nacionais e europeus de sustentabilidade e descarbonização. Embora a rede de carregamento elétrico em Portugal esteja em expansão, o crescimento nas vendas de veículos elétricos supera largamente este avanço, o que pressiona a infraestrutura de carregamentos.
Com mais de 4.660 postos integrados na rede até março, o equivalente a aproximadamente 8.260 pontos de carregamento de acesso público, a rede Mobi.E tem acompanhado de perto o aumento do parque de viaturas elétricas. Atualmente a potência da rede é superior a 254.667 kW, ultrapassando em 8% o objetivo estipulado no regulamento europeu "Alternative Fuel Infrastructure Regulation" (AFIR). Além disso, mais de um terço dos postos de carregamento são rápidos ou ultrarrápidos, evidenciando a preocupação com a eficiência e rapidez no processo de carregamento.
Carregamentos estão a crescer
De acordo com os dados da Mobi.E, empresa responsável pela gestão e monitorização da rede de mobilidade de carros elétricos, no primeiro trimestre do ano registou-se um aumento exponencial no número de carregamentos na rede Mobi, cerca de 1,2 milhões de carregamentos. Este número representa um aumento de 66% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, foram consumidos cerca de 25 milhões kWh de energia, evidenciando um crescimento expressivo de 88% em relação ao primeiro trimestre de 2023.
O crescimento dos carregamentos continuou a subir no mês de março, tendo-se registado cerca de 447 mil carregamentos, o que representou um incremento de 68% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em termos de consumo de energia, este também aumentou consideravelmente, ultrapassando os 9 milhões kWh, o que representou um crescimento de 90% em relação ao período homólogo.
O impacto ambiental positivo desta tendência também não pode ser ignorado. Durante os primeiros três meses do ano, a rede Mobi.E contribuiu para a poupança de quase 20 mil toneladas de CO2, o equivalente ao que seria necessário para mais de 321 mil árvores com 10 anos de idade capturarem.
Assegurar a confiança dos utilizadores
Mas, apesar de ter havido progressos na expansão da rede de carregamento elétrico, Hélder Barata Pedro, secretário-geral da ACAP, considera que esta é ainda insuficiente para satisfazer as necessidades, tanto de particulares como de empresas. Nesse sentido, a ACAP identifica três áreas fundamentais que requerem atenção prioritária: a expansão da cobertura geográfica dos pontos de carregamento, para eliminar as disparidades regionais e promover a mobilidade elétrica em todo o território, incluindo zonas mais remotas; o incremento da capacidade e da velocidade de carregamento dos postos de carregamento, essencial para viagens de longa distância e para uma experiência de utilizador mais satisfatória; e a garantia da fiabilidade e da manutenção destas infraestruturas, para assegurar a confiança dos utilizadores na rede de carregamento elétrico.
A pressão sobre a rede coloca alguns desafios à instalação e manutenção de pontos de carregamento. De acordo com Hélder Barata Pedro, primeiramente, é fundamental reforçar a infraestrutura elétrica existente para que possa suportar o aumento do consumo por energia, o que pode requerer investimentos significativos, especialmente em regiões menos urbanizadas. Adicionalmente, o processo de planeamento e licenciamento de novos postos de carregamento é, por vezes e dependendo dos locais, algo complexo e moroso. "A manutenção e a confiabilidade dos pontos de carregamento são essenciais para garantir a confiança dos utilizadores, requerendo sistemas que permitam acompanhar o estado da rede e rápida resposta a qualquer falha", recorda este responsável.
