Nos últimos anos, o mercado de formação para executivos em Portugal tem registado um crescimento significativo, refletindo uma procura crescente por programas que satisfaçam as necessidades específicas de empresas e profissionais. Marta Ferreira, coordenadora executiva da Portucalense Business School, destaca que "tanto as empresas como os profissionais têm procurado soluções de formação cada vez mais personalizadas e alinhadas com os seus objetivos e desafios individuais". Este crescimento é acompanhado pela necessidade de programas que antecipem tendências e ofereçam respostas rápidas às constantes mudanças no mercado.
José Crespo de Carvalho, presidente do ISCTE Executive Education, confirma esta evolução ao referir que há uma crescente consciencialização sobre a importância da formação contínua. Segundo o professor, "as empresas e os indivíduos reconhecem cada vez mais o valor da formação executiva, tanto para a capacitação dos líderes e gestores como para o desenvolvimento pessoal e ganho de competências". Este reconhecimento reflete a importância crescente da formação executiva para o sucesso e crescimento profissional.
Por sua vez, Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, acrescenta que a evolução do mercado de formação executiva tem sido positiva e dinâmica. Óscar Afonso aponta que a valorização da especialização tem sido impulsionada pela digitalização e transformação dos modelos de negócios, bem como pelas novas exigências do mercado global. "As empresas portuguesas, conscientes da importância de dotar os seus líderes com competências atualizadas e de promover uma cultura de aprendizagem contínua, têm investido significativamente em programas de formação executiva", afirma. O responsável da Faculdade de Economia da Universidade do Porto também destaca a diversificação das áreas de formação e a crescente oferta de formatos flexíveis, como o híbrido, que têm contribuído para o crescimento e sofisticação deste mercado.
Formação contínua num mercado dinâmico
A interligação destas perspetivas revela um panorama da formação executiva em Portugal que está não só a evoluir, mas também a adaptar-se rapidamente às novas necessidades e desafios do mercado. Enquanto Marta Ferreira destaca a necessidade de programas que estimulem o pensamento crítico e antecipem soluções, José Crespo de Carvalho e Óscar Afonso complementam esta visão ao sublinharem a importância da formação contínua e da atualização das competências para a competitividade e inovação das empresas.
Neste contexto, a decisão de investir em formação executiva pode variar conforme a fase da carreira de um profissional. Óscar Afonso observa que "o momento ideal para um executivo investir numa formação executiva depende dos seus objetivos específicos". Normalmente, estes cursos são recomendados quando o profissional já possui uma base sólida de experiência e pretende evoluir para funções de maior responsabilidade, como liderança ou gestão de topo. O responsável da Faculdade de Economia da Universidade do Porto sublinha também que a aprendizagem contínua é uma vantagem estratégica aplicável a qualquer fase da carreira.
Marta Ferreira complementa essa visão ao destacar a importância de selecionar a formação adequada à fase profissional do indivíduo. "Os programas são desenhados para profissionais em diferentes patamares da sua carreira ou em situação de mudança profissional", explica a responsável.
Características de um bom programa
A qualidade de um programa de formação executiva é essencial para garantir que os profissionais obtenham o máximo benefício. José Crespo de Carvalho define um bom programa como aquele que é "relevante, prático e adaptado às necessidades do mercado e do participante". O responsável do ISCTE Executive Education destaca a importância de uma combinação equilibrada entre teoria e prática, com casos reais e a troca de experiências entre participantes e formadores. Além disso, um bom programa deve contar com um corpo docente experiente e focado no desenvolvimento de competências de liderança e gestão.
João Pinto, dean da Católica Porto Business School, reforça a necessidade de programas que acompanhem as transformações tecnológicas e as mudanças operacionais. O dean destaca que a formação deve preparar os profissionais para o desenvolvimento de competências de gestão internacional, refletindo as mudanças globais e tecnológicas. Também sublinha que a formação deve proporcionar oportunidades de networking e experiências práticas, alinhadas com as tendências emergentes do mercado.
Experiências construtivas
A duração dos cursos de formação executiva pode variar muito. Óscar Afonso explica que a flexibilidade é crucial para que os profissionais possam conciliar a formação com as suas atividades profissionais, sem comprometer a profundidade dos conteúdos. Por outro lado, a experiência prévia desempenha um papel fundamental no aproveitamento da formação executiva. Óscar Afonso afirma que "a experiência profissional prévia é crucial para maximizar o benefício de uma formação executiva", permitindo que os participantes contextualizem melhor os conteúdos e tragam desafios reais para a sala de aula. José Crespo de Carvalho também destaca a importância da experiência prévia, afirmando que a formação é desenhada para profissionais com experiência e que "quanto maior for essa bagagem, maior será o proveito da formação". No entanto, salienta que profissionais mais jovens, quando bem integrados em grupos diversos, também trazem uma riqueza fundamental para o processo de aprendizagem.