O BCSD Portugal revelou recentemente os resultados de um estudo sobre o grau de maturidade em sustentabilidade das empresas em Portugal. Das empresas inquiridas, 55% já desenvolve, aprova e monitoriza uma estratégia de sustentabilidade, 54% já produz um relatório de sustentabilidade e 55% já capacita os seus colaboradores para a sustentabilidade.
O estudo, que teve por base um inquérito realizado a 67 empresas portuguesas, das quais 30 grandes empresas, 31 PME e seis microempresas, revela que as empresas já reconhecem a importância da sustentabilidade, incluindo compromissos de sustentabilidade na sua missão (93%) e definindo responsáveis operacionais pela área (73%). Adicionalmente, 48% das empresas já tem um administrador responsável pela sustentabilidade.
O inquérito serviu para avaliar os procedimentos e as práticas de gestão da sustentabilidade já implementados pelas empresas, os temas Ambientais, Sociais e de Governança (ESG, na sigla inglesa) que as empresas estão a trabalhar e o posicionamento das empresas na Jornada 2030, a agenda comum das empresas pela sustentabilidade em Portugal.
Oportunidades de melhoria
João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal, associação sem fins lucrativos que agrega e representa mais de 140 empresas de referência em Portugal, destaca que "o estudo permitiu identificar oportunidades de melhoria na jornada de sustentabilidade das empresas, desde logo ao nível do planeamento estratégico e da informação de base considerada, assim como ao nível da implementação, integrando o longo prazo e a cadeia de valor nesta jornada de transformação do setor empresarial português". No entanto, este responsável sublinha que "um caminho muito positivo já foi feito, mas há ainda muito por desenvolver e os resultados obtidos na primeira edição deste estudo, são o ponto de partida para uma análise continuada e evolutiva que permita às empresas portuguesas perceber, de forma clara e sistematizada, o seu percurso e o seu desempenho na Jornada 2030".
A Jornada 2030, base do estudo desenvolvido pelo BCSD Portugal, desenvolve-se ao longo de cinco etapas (5C: Conhecer, Construir, Comunicar, Consolidar e Coliderar) incluindo um estágio prévio (Despertar). Segundo a BCSD, "o retrato mostra que as empresas portuguesas já compreendem a relevância da sustentabilidade e já implementam ações e iniciativas nesta área, no entanto ainda apresentam pouca maturidade em termos de sustentabilidade. De facto, 21% das empresas inquiridas ainda se encontra num estágio prévio da jornada da sustentabilidade – Despertar – no qual começam a compreender a necessidade e as oportunidades da sustentabilidade como estratégia corporativa".
Maioria nas etapas iniciais da jornada
Dentro das cinco etapas da jornada de sustentabilidade, mais de metade (68%) das empresas posiciona-se nas etapas iniciais – Conhecer e Construir. São as etapas em que as empresas reconhecem a necessidade e as oportunidades da sustentabilidade e começam a diagnosticar e a estabelecer prioridades estratégicas, objetivos e metas e a definir planos de ação. Das empresas que responderam ao inquérito, apenas 11% já construiu uma base sólida para se posicionar nos patamares de maior maturidade – Comunicar, Consolidar e Coliderar. Nestas etapas, as empresas comunicam e envolvem os seus stakeholders nas matérias ESG, reavaliam a sua trajetória, reforçando medidas para garantir o alcançar dos objetivos para 2030, e começam a definir as metas para 2050.
Segundo o relatório agora apresentado, "nas etapas iniciais da jornada de sustentabilidade encontram-se maioritariamente microempresas e PME, e as empresas posicionadas em etapas mais maduras da jornada de sustentabilidade são grandes empresas. Ainda que os temas ambientais sejam os mais trabalhados pelas empresas, seguidos dos temas sociais, os temas de governança são os que mais evoluem ao longo das etapas, encontrando-se a par dos temas ambientais nos patamares Comunicar, Consolidar e Coliderar."
Refira-se que este estudo surge no âmbito da iniciativa Carta de Princípios e Jornada 2030 do BCSD Portugal, que conta até à data com 185 empresas signatárias. A Carta de Princípios estabelece os princípios que constituem as linhas orientadoras para uma boa gestão empresarial e pretende criar um referencial voluntário adaptado a empresas de várias dimensões e setores. O seu objetivo é o reforço de práticas de gestão sustentável baseadas em seis princípios: Conformidade Legal & Conduta Ética; Direitos Humanos; Direitos Laborais; Prevenção, Saúde e Segurança; Ambiente; e Gestão.