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Cave Messias, uma memória viva

A tradição e a herança familiar são uma componente muito forte na história do vinho. A Caves Messias comemora agora 90 anos de existência e o seu centro de gravidade continua a ser a família. O seu coração tanto bate na Bairrada como no Dão, no Douro ou nas Beiras. E continua a renovar-se.

07 de Janeiro de 2017 às 15:00
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A história do vinho faz-se de memórias. São elas que sustentam a novidade e a modernidade. E que garantem a herança de uma marca ou de uma empresa. Nove décadas depois de ter sido criada (em 1926), a Caves Messias continua a ser uma empresa vinícola familiar. O seu coração bate forte na região da Bairrada, embora a sua produção se dissemine por outras regiões demarcadas de Portugal, como o Dão, o Douro, as Beiras ou o Porto. O seu horizonte também é vasto. Não se fica por Portugal e aposta em grande na exportação, para onde vai cerca de 70% da produção. E, aí, o Brasil é uma espécie de jóia da Coroa. No meio de toda esta herança, a Caves Messias surge muitas vezes com produtos bastante inovadores, como sucedeu este ano com um vinho destinado aos meses mais quentes, o Porto Messias Rosé, de estilo Ruby, que aposta na leveza e na frescura para conquistar novas fronteiras. É apenas uma das facetas desta aposta diversificada que tem permitido manter a tradição. E onde o vinho do Porto é um baluarte, correspondendo a perto de metade da produção anual da empresa e a cerca de 60% das suas vendas. O pulmão da Caves Messias.


Não é por acaso que no mundo misterioso e maravilhoso dos vinhos, a marca Caves Messias invista na diversificação. Por isso, a empresa tem apostado recentemente no enoturismo. Na Mealhada, está a ser construído um centro de visitas e, a seguir, a aposta estender-se-á ao Douro, hoje um pólo turístico de excelência. É, afinal, a continuação de uma longa história começada em 1926 pelo seu fundador, Messias Baptista, um comerciante da região da Bairrada. Um par de anos depois, começou a exportar para diferentes mercados da Europa vinho a granel. Mas se a Bairrada é historicamente uma região muito afamada de vinhos (e não só), Messias Baptista tinha também uma paixão enorme pelo Douro, onde vinhos poderosos nascem nas margens de um rio veloz que busca o seu destino entre escarpas e no meio de um clima único. Assim criou um entreposto em Vila Nova de Gaia, epicentro do vinho do Porto. Foi acumulando vinhos velhos e, a partir de 1934, começou também a exportar vinho do Porto a granel.


O mundo Messias foi crescendo com o tempo. Em 1956, a empresa compra a Quinta do Cachão, no vale do Douro, e em 1958, uma outra que estava na sua fronteira, a Quinta do Rei. Estava dado um passo gigantesco para garantir a produção própria de vinhos de qualidade superior. A empresa continuou familiar e hoje é gerida pelas terceiras e quartas gerações Messias, sendo o CEO, José Vigário, neto do fundador. Hoje, a Messias tem 300 hectares de vinhas distribuídas pelas Quintas do Penedo, no Dão, do Cachão, no Douro e do Valdoeiro, na Bairrada. Fontes das cerca de 4,5 milhões de garrafas produzidas anualmente pela marca, das quais dois milhões correspondem ao vinho do Porto, que ainda assim continua sem conseguir conquistar o público mais jovem, ao contrário do que sucede, por exemplo, pelos chamados vinhos de mesa. Em 2015, o volume de negócios da empresa atingiu os 8,5 milhões de euros, apesar da crise dos mercados do Brasil e de Angola.

A Messias tem também uma outra forma de garantir a sua memória. Tem "stocks" muito interessantes de vinhos antigos (entre a década de 1950 e a de 1970), que lhe permite apostar agora em vinhos especiais. A capacidade de produção da marca também reflecte a compra de vinho noutras regiões do país (Setúbal e zona dos Verdes, nomeadamente), que se aliam à sua produção no Douro, Dão e Bairrada. É isso que lhe permite ter um portefólio de propostas muito interessantes em diferentes segmentos da produção vinícola, algo que está em consonância com nove décadas de existência da Caves Messias. Do Messias Tinto Superior do Douro ao Quinta do Valdoeiro Reserva Branco, do Quinta do Penedo Encruzado do Dão, aos Portos Colheita ou LBV. É um catálogo muito vasto de propostas para quem procura vinhos de qualidade com o peso da tradição. 




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