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A jóia da Churchill’s

Para comemorar os 35 anos de vida, a Churchill’s lançou um Porto Tawny 30 anos. Mais seco, menos madeirizado, mais frutado, aveludado e com grande frescura. Segue o famoso estilo da casa. E que estilo.

15 de Outubro de 2016 às 16:00
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A magia do vinho do Porto resulta, em grande medida, de um conceito conhecido pelos apreciadores exigentes, mas desconhecido pela maioria dos consumidores, e que dá pelo nome de "estilo da casa". Quando a câmara de provadores do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) se pronuncia sobre um lote de vinhos de, por exemplo, Porto Tawny 30 anos, tem em conta aquilo que é o perfil genérico de um vinho com aromas, sabores e cor próprios, que segue, digamos assim, um caderno de encargos específico. Entre todos os vinhos desse lote e de várias marcas, haverá uns mais ou menos doces, mais ou menos marcados pela madeira, com mais ou menos acidez e com tonalidades mais ou menos aloiradas. Mas terão de ter sempre um perfil vincado de Tawny 30 anos.

Agora, tal avaliação rigorosa do IVDP convive muito bem com o estilo de cada firma. E é isso que, agradavelmente, apaixona os amantes do vinho do Porto. Entre os membros deste clube restrito ouvem-se, por vezes, conversas muito engraçadas. Do género, "eu, cá para mim, em vintage gosto da secura dos Dows, mas em Tawnies com indicação de idade prefiro a força dos Taylor's". Ou "eu, em matéria de LBV, só admito aqueles que não são filtrados". Ou, "o meu pai toda a vida bebeu Porto Colheita da Krohn, mas eu prefiro os da Kopke". Aqui, não estamos apenas a falar em categorias, mas em estilos. E estilos que, por tradição, reflectem a personalidade do líder da empresa. Não é uma questão de marketing, até porque que estes estilos foram criados muito anos antes de se ter inventado essa coisa do marketing. É tão somente uma questão pessoal. Uma questão de estilo.

Este soberbo Porto Tawny 30 anos da Churchill's é um excelente exemplo para comprovar a tese. A Churchill's foi a última casa inglesa de referência no universo do Porto a ser criada, precisamente há 35 anos. Em 1981, John Graham e a mulher Caroline Churchill (daí o nome da empresa mas que nada tem a ver com o apelido do famoso político inglês) fundaram uma pequena empresa dedicada à criação de vinhos do Porto de boutique. Produções pequenas, tratadas como jóias e vendidas em canais de distribuição não massificados.

Quando nasceu, foi falada. Quando lançou um Porto branco, cuja média de idade dos vinhos tem 10 anos, idem. Mas durante algum tempo parece que ficou como um Vintage: a evoluir em silêncio. Nos últimos tempos, é uma festa: criou um centro de visitas que é um laboratório de sabores, lançou uma linha de vinhos DOC Douro e, agora, sai-se com este Tawny 30 anos. É para cumprir a tradição numa empresa que nasceu ontem. Quando a Churchill's fez 10 anos, lançou um Tawny 10 anos, quando fez 20, a mesma história com um Porto de 20 anos. E agora temos esta novidade que, na senda dos vinhos anteriores, vem com aquele estilo mais seco do que a maioria dos vinhos da categoria. Não está nada marcado pela madeira e apresenta-se com uma frescura imensa. E por que razão as coisas são assim? "Bom, porque este é o perfil de vinho que eu aprecio," refere-nos John Graham, homem que, durante meia hora ao telefone, é capaz de organizar todo o seu pensamento sobre o vinho do Porto como se estivesse a dar uma "master class". Impressionante.

E, portanto, se o enólogo e criador da casa gosta de tawnies com este estilo seco, com fruta e pouca presença e madeira, assim será. É um 30 Anos com estilo Churchill's. E que grande estilo.


O que começa por encantar é a cor do vinho, mais jovem do que é habitual. Depois, notas de frutos secos (noz) e nada de caramelizações. Complexo. Boca com grande finura e aquela sensação aveludada que só os grandes Portos revelam, com uma acidez impressionante para um vinho com esta idade. Vai dar que falar. Cada garrafa custa €120.
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