Notícia
David Lopes: Para entender os números
Michael Sandel, professor em Harvard, é considerado por muitos um dos mais influentes filósofos contemporâneos.
O pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, encheu-se em 2019 para o ouvir falar sobre os limites morais do mercado. Numa época em que, como nunca, os valores e a ética são questionados, o livro "O que o dinheiro não pode comprar" devolve-nos a lucidez e o "sentido do norte".
Porque muitas bússolas parecem andar perdidas, entender que estamos, infelizmente, a trazer para o mundo não transacional assuntos do mundo transacional, económico e financeiro, pode ajudar-nos muito neste momento de inquietação.
Um momento de inquietação que torna hoje, mais do que nunca, necessário entender os números e o que eles escondem ou revelam. Por isso, recomendo também a leitura do livro "Que número é este?", da autoria de Maria João Valente Rosa, Luísa Barbosa e do jornalista Ricardo Garcia. Acredito que devemos colaborar no esforço de literacia estatística num momento da nossa vida em que as "fake news" e a pseudociência são mais perigosas do que nunca.
As pessoas não são números. Quantas vezes lemos e ouvimos esta frase, a propósito de uma qualquer decisão política que parecia ignorar que por trás dos números existem pessoas que vivem, amam, sofrem, sorriem, sonham? A expressão banalizada é, no entanto, verdadeira no sentido em que não aceitamos que a vida de alguém possa ou deva ser reduzida a um número. Um número não individualiza, não personaliza, não parece transportar afeto. Um mesmo número pode assumir miríades de possibilidades representativas do que nos rodeia: horários, temperaturas, médias, distâncias, idades, pesos, páginas, preços, impostos. Mas se aceitarmos o desafio de dar significado aos números, tudo muda de figura. Os números associam, explicam, dão sentido aos factos e são inclusivos. Nesse momento a álgebra e a matemática encontram-se com as ciências sociais, com o jornalismo, com a arte.
Conjugar os números com as histórias que estes representam, dando-lhes vida, foi um desafio que nos apaixonou na Fundação Francisco Manuel dos Santos e que nos levou a editar, no âmbito da Pordata, o livro "Que número é este?", um manual de literacia estatística. Nunca como hoje precisamos de estar atentos e "equipados" para identificar não só as falsas notícias como as outras, que torturam, com criatividade ou maldade, os números que contam a nossa história .
Porque muitas bússolas parecem andar perdidas, entender que estamos, infelizmente, a trazer para o mundo não transacional assuntos do mundo transacional, económico e financeiro, pode ajudar-nos muito neste momento de inquietação.
As pessoas não são números. Quantas vezes lemos e ouvimos esta frase, a propósito de uma qualquer decisão política que parecia ignorar que por trás dos números existem pessoas que vivem, amam, sofrem, sorriem, sonham? A expressão banalizada é, no entanto, verdadeira no sentido em que não aceitamos que a vida de alguém possa ou deva ser reduzida a um número. Um número não individualiza, não personaliza, não parece transportar afeto. Um mesmo número pode assumir miríades de possibilidades representativas do que nos rodeia: horários, temperaturas, médias, distâncias, idades, pesos, páginas, preços, impostos. Mas se aceitarmos o desafio de dar significado aos números, tudo muda de figura. Os números associam, explicam, dão sentido aos factos e são inclusivos. Nesse momento a álgebra e a matemática encontram-se com as ciências sociais, com o jornalismo, com a arte.
Conjugar os números com as histórias que estes representam, dando-lhes vida, foi um desafio que nos apaixonou na Fundação Francisco Manuel dos Santos e que nos levou a editar, no âmbito da Pordata, o livro "Que número é este?", um manual de literacia estatística. Nunca como hoje precisamos de estar atentos e "equipados" para identificar não só as falsas notícias como as outras, que torturam, com criatividade ou maldade, os números que contam a nossa história .