Notícia
São Petersburgo: Tanta história numa só cidade
Uma catedral que parece a casa feita de doces do conto Hansel e Gretel, palácios majestosos com jardins de perder de vista, além do maior museu da Europa, são alguns dos motivos que fazem com que a segunda cidade da Rússia seja paragem obrigatória
29 de Janeiro de 2017 às 10:00
Os edifícios imponentes, de valor histórico, costumam ser os cartões-de-visita das grandes metrópoles. São Petersburgo não é excepção. Apesar de os russos não manifestarem interesse em que o seu país seja explorado turisticamente, a segunda maior cidade da Rússia - quarta mais povoada da Europa -, com 5 milhões de habitantes, é património da UNESCO e visitada por muitos estrangeiros. Isto acontece sobretudo porque revela, em cada recanto, magníficos exemplares de arquitectura barroca e neoclássica, erguidos há muitos anos, mas muito bem preservados. Contudo, o seu monumento mais emblemático, a Catedral do Sangue Derramado, tem um design tão próprio que foge aos estilos convencionais, podendo ser considerado de "estilo russo".
É precisamente aqui que começa a nossa visita, porque não queremos perder a oportunidade de tirar "aquela" fotografia. Uma caminhada ao longo da Nevsky Prospekt, a principal avenida da cidade, repleta de lojas, hotéis e restaurantes, leva-nos facilmente ao encontro do ex-líbris tantas vezes fotografado. Também conhecida como Igreja da Ressurreição, esta catedral ortodoxa situa-se junto a um canal - por esta altura gelado -, o que lhe confere uma aparência ainda mais espectacular, embora o que salte imediatamente à vista sejam as cúpulas de cores garridas que parecem coberturas de bolos. Uma visita ao interior vale também a pena, uma vez que as paredes são ornamentadas com pedras coloridas, um trabalho de uma minúcia inacreditável.
Ao lado da catedral, o parque do Museu Russo permite-nos desfrutar de um passeio sem carros e o edifício do Palácio Mikhailovsky apresenta-nos uma importante colecção de arte. Mas se um dos objectivos da visita a São Petersburgo for apreciar obras de arte, então, como é sabido, não podemos deixar de visitar um dos maiores museus do mundo, o Hermitage. Localizado nas margens do rio Neva, o seu acervo de mais de três milhões de peças abrange quase todas as épocas, estilos e culturas. Da arte russa aos grandes mestres europeus, de África ao Oriente, variedade não falta, difícil é mesmo conseguir tempo para tudo. Distribuída em dez prédios, a colecção do Hermitage levaria 11 anos a ver, se demorássemos um minuto com cada obra!
Ainda no centro histórico de São Petersburgo, as catedrais de Santo Isaac e de Kazan são locais de passagem com interesse. Da cúpula mais alta da primeira igreja, é possível ter uma fantástica vista sobre a cidade. Já do outro lado do rio, localiza-se a Fortaleza de São Pedro e São Paulo, de onde se tem uma perspectiva diferente. Ao atravessar a ponte é, no mínimo, surpreendente ver um homem a pescar, junto à margem do lado da fortificação, através de um buraco feito no gelo que cobre a superfície daquela zona do rio. No Verão, é neste mesmo rio que se fazem agradáveis passeios de barco.
Nas margens de um outro rio, o Moika, fica um luxuoso palácio, o Yusupov, conhecido por ter sido palco de uma tragédia ainda hoje repleta de mistério: o assassinato do místico Grigori Rasputin, figura controversa e amigo do czar Nicolau II, em 1916. O interior do palácio é muito bonito e a visita permite fazer exactamente o caminho que Rasputin fez quando foi convidado para o jantar que terminaria na sua morte.
Palácios e mais palácios
Mas a nossa visita não fica completa sem uma deslocação à periferia. Dois dos mais belos palácios situam-se a cerca de uma hora de distância, ambos facilmente acessíveis de autocarro. O Palácio de Catarina, localizado na cidade de Tsarskoye Selo, a 25 quilómetros de São Petersburgo, é de estilo rococó russo e serviu de residência de Verão aos czares. Pintado de azul-celeste, com delicados apontamentos dourados, o complexo de edifícios está junto a um lago, rodeado de jardins e fontes. Nesta altura do Inverno, as flores coloridas dão lugar a um manto branco que cobre o chão. Um cenário simplesmente deslumbrante. No interior, salões imponentes, decorados no típico estilo barroco para interiores, permitem uma autêntica viagem ao antigo mundo da realeza, bem como voltar a sentir as mãos, depois do frio que faz lá fora. É aqui que se pode visitar uma réplica da famosa Sala de Âmbar que foi roubada pelos nazis em 1944.
O outro palácio que merece ser explorado fica a 30 quilómetros de São Petersburgo. Chama-se Peterhof e é conhecido como o "Versalhes Russo", tendo servido de habitação ao fundador da cidade, o czar Pedro, "O Grande". Concluído em 1725, hoje Património Mundial da UNESCO, o parque do Peterhof tem um quilómetro quadrado e é composto por vários edifícios em tons de amarelo, com interiores luxuosos, e cento e vinte fontes, todas elas impressionantes, além dos jardins cuidadosamente tratados. A maior das fontes, a "Grande Cascata", prolonga-se por um canal que desagua no mar Báltico. Durante a 2.ª Guerra Mundial, Peterhof sofreu graves danos. Antes da chegada dos alemães, os empregados conseguiram salvar uma parte dos tesouros dos palácios e fontes; mas a ocupação nazi provocou muitos estragos. Felizmente, depois do conflito, um minucioso trabalho de restauro devolveu ao complexo o aspecto inicial.
É aqui que termina a nossa visita a São Petersburgo, que chegou a ser capital do Império Russo, devido à sua localização estratégica à entrada do Golfo da Finlândia. Hoje é considerada a metrópole mais ocidentalizada da Rússia, bem como a capital cultural do país. Não menos impressionante do que a imperial Moscovo, faltar-lhe-á talvez apenas a imponência das estações de metro. De resto, São Petersburgo é um porto comercial, um centro financeiro e industrial da Rússia, sede de muitas empresas e tão visitada como a capital do país, apesar da pouca simpatia dos seus habitantes.
Como ir
Infelizmente, não há voos directos de Portugal para São Petersburgo. Para esta altura do Inverno, quando o clima é mais rigoroso, podem conseguir-se preços a rondar os 220 a 250 euros, ou até menos, marcando com alguma antecedência. Do aeroporto de Pulkovo, localizado a cerca de 20 quilómetros da cidade, há várias formas de chegar ao centro: desde logo de autocarro até à estação Moskovskaya, e daí de metro, por cerca de 70 rublos (1,10 euros), podendo demorar-se cerca de 90 minutos. Um táxi demora entre 30 minutos e uma hora (dependendo da altura do dia) e pode custar cerca de mil rublos (uns 15 a 16 euros). Sendo o clima pouco convidativo, os passeios a pé são menos aconselháveis, e por isso pode dar jeito utilizar o metro, cujas viagens custam 45 rublos (70 cêntimos de euro).
Moeda
Na Rússia, utiliza-se apenas o rublo, a moeda local. Cada euro vale 64 rublos. Há caixas multibanco disponíveis por toda a cidade, mas é muito fácil trocar dinheiro em casas de câmbio ou hotéis.
Visto
É obrigatório visto para entrar na Rússia, custando 35 euros para uma entrada simples no país. O documento pode ser obtido no Centro de Vistos da Rússia em Portugal (www.vhs-portugal.com), que funciona em Lisboa. Mas também na embaixada de Lisboa e nos consulados do Porto e de Faro. É obrigatório fazer a marcação para obter o visto e depois também para levantar o documento. As autoridades russas obrigam ainda a fazer um seguro válido para o período da viagem. É ainda necessária uma fotografia tipo passe.
Língua
A língua oficial é o russo e ajuda muito saber pelo menos algumas palavras. É que os russos não gostam muito de falar inglês e muitos até não sabem nenhuma língua estrangeira. Isto dificulta bastante a tarefa dos turistas, uma vez que mesmo alguns hotéis e restaurantes não têm funcionários que falem outra língua que não russo. Ainda assim, encontra-se sempre alguém que diga algumas palavras de inglês.
Onde dormir
Há hotéis para todos os gostos (e preços) espalhados pelo centro da cidade. Destaca-se o Four Seasons, com preços a rondar os 300 a 350 euros por noite; mas há também muitos pequenos hotéis e apartamentos disponíveis, com preços variados a partir de 30 euros por quarto duplo. Sendo uma altura de menor procura turística, é muito fácil encontrar descontos nas reservas.
É precisamente aqui que começa a nossa visita, porque não queremos perder a oportunidade de tirar "aquela" fotografia. Uma caminhada ao longo da Nevsky Prospekt, a principal avenida da cidade, repleta de lojas, hotéis e restaurantes, leva-nos facilmente ao encontro do ex-líbris tantas vezes fotografado. Também conhecida como Igreja da Ressurreição, esta catedral ortodoxa situa-se junto a um canal - por esta altura gelado -, o que lhe confere uma aparência ainda mais espectacular, embora o que salte imediatamente à vista sejam as cúpulas de cores garridas que parecem coberturas de bolos. Uma visita ao interior vale também a pena, uma vez que as paredes são ornamentadas com pedras coloridas, um trabalho de uma minúcia inacreditável.
Ainda no centro histórico de São Petersburgo, as catedrais de Santo Isaac e de Kazan são locais de passagem com interesse. Da cúpula mais alta da primeira igreja, é possível ter uma fantástica vista sobre a cidade. Já do outro lado do rio, localiza-se a Fortaleza de São Pedro e São Paulo, de onde se tem uma perspectiva diferente. Ao atravessar a ponte é, no mínimo, surpreendente ver um homem a pescar, junto à margem do lado da fortificação, através de um buraco feito no gelo que cobre a superfície daquela zona do rio. No Verão, é neste mesmo rio que se fazem agradáveis passeios de barco.
Nas margens de um outro rio, o Moika, fica um luxuoso palácio, o Yusupov, conhecido por ter sido palco de uma tragédia ainda hoje repleta de mistério: o assassinato do místico Grigori Rasputin, figura controversa e amigo do czar Nicolau II, em 1916. O interior do palácio é muito bonito e a visita permite fazer exactamente o caminho que Rasputin fez quando foi convidado para o jantar que terminaria na sua morte.
Palácios e mais palácios
Mas a nossa visita não fica completa sem uma deslocação à periferia. Dois dos mais belos palácios situam-se a cerca de uma hora de distância, ambos facilmente acessíveis de autocarro. O Palácio de Catarina, localizado na cidade de Tsarskoye Selo, a 25 quilómetros de São Petersburgo, é de estilo rococó russo e serviu de residência de Verão aos czares. Pintado de azul-celeste, com delicados apontamentos dourados, o complexo de edifícios está junto a um lago, rodeado de jardins e fontes. Nesta altura do Inverno, as flores coloridas dão lugar a um manto branco que cobre o chão. Um cenário simplesmente deslumbrante. No interior, salões imponentes, decorados no típico estilo barroco para interiores, permitem uma autêntica viagem ao antigo mundo da realeza, bem como voltar a sentir as mãos, depois do frio que faz lá fora. É aqui que se pode visitar uma réplica da famosa Sala de Âmbar que foi roubada pelos nazis em 1944.
O outro palácio que merece ser explorado fica a 30 quilómetros de São Petersburgo. Chama-se Peterhof e é conhecido como o "Versalhes Russo", tendo servido de habitação ao fundador da cidade, o czar Pedro, "O Grande". Concluído em 1725, hoje Património Mundial da UNESCO, o parque do Peterhof tem um quilómetro quadrado e é composto por vários edifícios em tons de amarelo, com interiores luxuosos, e cento e vinte fontes, todas elas impressionantes, além dos jardins cuidadosamente tratados. A maior das fontes, a "Grande Cascata", prolonga-se por um canal que desagua no mar Báltico. Durante a 2.ª Guerra Mundial, Peterhof sofreu graves danos. Antes da chegada dos alemães, os empregados conseguiram salvar uma parte dos tesouros dos palácios e fontes; mas a ocupação nazi provocou muitos estragos. Felizmente, depois do conflito, um minucioso trabalho de restauro devolveu ao complexo o aspecto inicial.
É aqui que termina a nossa visita a São Petersburgo, que chegou a ser capital do Império Russo, devido à sua localização estratégica à entrada do Golfo da Finlândia. Hoje é considerada a metrópole mais ocidentalizada da Rússia, bem como a capital cultural do país. Não menos impressionante do que a imperial Moscovo, faltar-lhe-á talvez apenas a imponência das estações de metro. De resto, São Petersburgo é um porto comercial, um centro financeiro e industrial da Rússia, sede de muitas empresas e tão visitada como a capital do país, apesar da pouca simpatia dos seus habitantes.
Como ir
Infelizmente, não há voos directos de Portugal para São Petersburgo. Para esta altura do Inverno, quando o clima é mais rigoroso, podem conseguir-se preços a rondar os 220 a 250 euros, ou até menos, marcando com alguma antecedência. Do aeroporto de Pulkovo, localizado a cerca de 20 quilómetros da cidade, há várias formas de chegar ao centro: desde logo de autocarro até à estação Moskovskaya, e daí de metro, por cerca de 70 rublos (1,10 euros), podendo demorar-se cerca de 90 minutos. Um táxi demora entre 30 minutos e uma hora (dependendo da altura do dia) e pode custar cerca de mil rublos (uns 15 a 16 euros). Sendo o clima pouco convidativo, os passeios a pé são menos aconselháveis, e por isso pode dar jeito utilizar o metro, cujas viagens custam 45 rublos (70 cêntimos de euro).
Moeda
Na Rússia, utiliza-se apenas o rublo, a moeda local. Cada euro vale 64 rublos. Há caixas multibanco disponíveis por toda a cidade, mas é muito fácil trocar dinheiro em casas de câmbio ou hotéis.
Visto
É obrigatório visto para entrar na Rússia, custando 35 euros para uma entrada simples no país. O documento pode ser obtido no Centro de Vistos da Rússia em Portugal (www.vhs-portugal.com), que funciona em Lisboa. Mas também na embaixada de Lisboa e nos consulados do Porto e de Faro. É obrigatório fazer a marcação para obter o visto e depois também para levantar o documento. As autoridades russas obrigam ainda a fazer um seguro válido para o período da viagem. É ainda necessária uma fotografia tipo passe.
Língua
A língua oficial é o russo e ajuda muito saber pelo menos algumas palavras. É que os russos não gostam muito de falar inglês e muitos até não sabem nenhuma língua estrangeira. Isto dificulta bastante a tarefa dos turistas, uma vez que mesmo alguns hotéis e restaurantes não têm funcionários que falem outra língua que não russo. Ainda assim, encontra-se sempre alguém que diga algumas palavras de inglês.
Onde dormir
Há hotéis para todos os gostos (e preços) espalhados pelo centro da cidade. Destaca-se o Four Seasons, com preços a rondar os 300 a 350 euros por noite; mas há também muitos pequenos hotéis e apartamentos disponíveis, com preços variados a partir de 30 euros por quarto duplo. Sendo uma altura de menor procura turística, é muito fácil encontrar descontos nas reservas.