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Cultura: e se as marcas ocupassem os lugares desocupados pela pandemia?
Tem uma empresa? Alguma vez pensou apoiar o setor da cultura, reconhecendo o trabalho de milhares de profissionais? Agora é o tempo ideal para entrar em ação. Com a pandemia, haverá muitos lugares vazios nas salas, por questões de segurança. É possível preenchê-los, de forma simbólica.
Com as novas distâncias de segurança, muitos lugares das salas de espetáculo ficarão vazios. E se fosse possível preenchê-los, mesmo que de uma forma simbólica? Foi essa a pergunta que fez Raquel Pinhão ao perceber o impacto que a pandemia iria ter na ocupação das salas e, consequentemente, nas verbas disponíveis para pagar a artistas, técnicos e todos os profissionais que permitem que a cultura aconteça.
Em prazo recorde, de duas semanas, a ideia deu frutos: #garanteolugar, um projeto que irá fazer a ponte entre salas de espetáculos e marcas dispostas a apoiar a criação artística neste momento tão difícil. A base é muito simples: as marcas compram os lugares que não são vendidos, em troca de visibilidade. Como é que essa visibilidade depois se materializa? Tudo depende do diálogo e do acordo fechado com a sala de espetáculos.
"É uma oportunidade de entrarem no mundo da cultura e experimentarem algo que traz retorno", resume Raquel Pinhão, habituada a fazer esta ponte entre empresas e salas. O projeto #garanteolugar está, agora, numa fase de recolha de interessados, em ambos os lados. O único tamanho que importa é mesmo a vontade de ajudar e ser ajudado. Sejam pequenas ou grandes, desde que haja essa disponibilidade, a garantia dada às empresas é de que encontrarão um espaço cultural que se encaixe na perfeição com as suas intenções.
O projeto representa assim "uma luz, uma esperança" numa altura em que inúmeras salas e companhias, um pouco por todo o país, vivem em asfixia financeira perante o fecho forçado e a crónica falta de apoios estatais. "Também faz muito sentido o apoio de proximidade. Acreditamos que as marcas mais locais vão ganhar muito neste apoio", aponta Raquel Pinhão. A grande meta do projeto é cobrir todo o país, para que a cultura possa existir, sobretudo nos territórios onde ela tem menor frequência e maior significado para quem a frequenta.
Raquel Pinhão e Teresa Pinheiro, ambas a trabalhar neste projeto numa lógica de voluntariado, já começaram a receber as primeiras demonstrações de interesse por parte de marcas - e esperam que muitas mais se possam juntar. "Isto não é apenas um projeto para as marcas que, tradicionalmente, já se encontram na cultura", reforça Raquel Pinhão. E dá mesmo um exemplo: uma pequena empresa de serviços de enfermagem ao domicílio que, apesar do reduzido orçamento, está disposta a cobrir os custos dos lugares não ocupados devido à pandemia numa sala de espetáculos.
Após a mediação do projeto #garanteolugar, cabe depois às empresas e às salas a definição concreta do acordo e das contrapartidas, como valores e prazos. "Precisávamos agora, no retorno, de lotações esgotadas em tudo. Depende de nós, enquanto consumidores de cultura, uma parte desse retorno". Na outra parte, as empresas têm agora uma oportunidade para fazer algo diferente. E, assim, construir relações para o futuro. Porque a única separação que precisamos nestes dias é física, jamais cultural.
Mais informação sobre o projeto #garanteolugar pode ser encontrada aqui.