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Portugal capta 27,7 milhões de Bruxelas para financiar projetos "verdes" e inovadores

Ao todo, foram aprovados 66 projetos com selo português. Quase um quinto das entidades vencedoras captaram pela primeira vez financiamento europeu. Ao Negócios, a presidente da ANI diz que taxa de sucesso dos projetos portugueses "está em linha e é muitas vezes superior à média europeia".

23 de Fevereiro de 2022 às 18:51
A população global de peixes é uma das que estão a diminuir devido a atividades      humanas desde 1970.
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A Comissão Europeia atribuiu 27,7 milhões de euros a 100 instituições portuguesas para financiar projetos inovadores em áreas como o ambiente, bioeconomia e cultura. Ao todo, foram aprovados 66 projetos com selo português e quase um quinto das entidades vencedoras captaram pela primeira vez financiamento europeu.

Em causa estão candidaturas a dois concursos lançados pelo programa europeu Horizonte Europa, que financia projetos de investigação e da inovação a nível europeu. Os concursos em causa eram subordinados a dois grandes temas: "alimentação, bioeconomia, recursos naturais, agricultura e ambiente" e "cultura, criatividade e sociedade inclusiva".

Na área da alimentação, bioeconomia, recursos naturais, agricultura e ambiente, foram apresentadas 199 propostas por parte de 84 entidades nacionais (várias delas em consórcio), tendo 38% sido apresentadas por empresas. Dessas 84, 57 candidaturas foram aprovadas e 15 dos vencedores candidataram-se pela primeira vez a fundos europeus.

Sobre cultura, criatividade e sociedade inclusiva, foram apresentados nove projetos inovadores, que contaram com a participação de 16 entidades nacionais. No total, foram submetidas 152 propostas com participação nacional, das quais 16 foram selecionadas para financiamento, o que corresponde a cerca de 2,4 % do financiamento global disponível.

Ambiente e bioeconomia são principais áreas financiadas
Com estes projetos, Portugal conseguiu captar 2,4% do financiamento disponível em ambos os concursos. Do total de 27,7 milhões de euros conseguidos, quase 90% são destinados a projetos na área do ambiente e bioeconomia.

Ao Negócios, a presidente da Agência Nacional de Inovação (ANI), Joana Mendonça, diz que "estes resultados mostram que as empresas portuguesas desenvolvem inovação reconhecida internacionalmente e que encaram os instrumentos financeiros como uma rede que lhes permite fortalecer parcerias, diminuir o risco da inovação, tornando-se assim mais competitivos".

Joana Mendonça sublinha que, só na área do Ambiente e da Bioeconomia, "as empresas a conseguirem captar cerca de 40% do financiamento nacional neste primeiro concurso do Horizonte Europa".

"Estamos, por isso, confiantes de que Portugal está no bom caminho para alcançar os objetivos estratégicos a que se propôs no arranque do novo Programa-Quadro de Investigação e Inovação da União Europeia, o Horizonte Europa: duplicar a participação nacional para dois mil milhões de euros e triplicar a participação das empresas" face a 2020, diz.

Três dos 66 projetos vencedores são coordenados por Portugal
Dos 66 projetos vencedores, apenas três foram coordenados por instituições portuguesas. É o caso do projeto "BioValue", que é liderado pela Associação do Instituto Superior Técnico para a Investigação e Desenvolvimento (IST-ID) e que "visa proteger e aumentar a biodiversidade através de ferramentas de ordenamento do território, de avaliação de impacto ambiental e ainda instrumentos financeiros e económicos".

O mesmo acontece com o REALM liderado pela NECTON - Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas, que pretende "aproveitar as águas de drenagem ricas em nutrientes de explorações sem solo para a produção de microalgas, tratamento da água e ainda a captação de dióxido de carbono", e com o In Situ, que é coordenado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e "irá estudar as práticas, capacidades e potencial inovador das indústrias culturais e criativas em zonas não urbanas". 

A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), as Universidades do Porto, Lisboa e Évora, bem como o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), são outros dos premiados por desenvolverem projetos inovadores. Essas iniciativas não são, no entanto, coordenadas por Portugal, sendo feitas na maior parte dos casos em consórcio com empresas ou institutos internacionais. 

Joana Mendonça nota que a taxa de sucesso dos projetos portugueses "está em linha e é muitas vezes superior à média europeia".

"Esta performance nacional consolida o posicionamento e a credibilidade no plano internacional, permitindo uma crescente participação nas redes internacionais. As entidades nacionais são reconhecidas pelas suas propostas, mas também reconhecem a participação nos programas europeus de I&I como um fator distintivo que lhes confere prestígio e competitividade", destaca.
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