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Estima-se que o valor do património natural corresponda a 50% do valor do PIB mundial. Valorizar estes ativos é um passo importante para valorizar o capital natural e estabelecer, desta forma, estratégias que sirvam o desenvolvimento e ao mesmo tempo a proteção da natureza.
O tema foi debatido na talk ‘Preservação do Capital Natural – Preservar a Biodiversidade’, que teve lugar a 23 de setembro, naquele que é o segundo ciclo de talks sobre sustentabilidade organizado pelo Jornal de Negócios, e que contou com a participação de diferentes personalidades: João Paulo Marçal Lopes Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território; Maria de Jesus Fernandes, bastonária da Ordem dos Biólogos; Francisco Ferreira, presidente da Associação ZERO; Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente; Rita Alcazar, coordenadora dos projetos de Castro Verde da LPN; Sandra Sarmento, diretora regional da Conservação da Natureza e Florestas do Norte; e Pedro Serafim, responsável de Certificação Florestal & Biodiversidade da Altri Florestal.
Para Francisco Ferreira, integrar o capital natural na contabilidade de um país, município ou empresa é incontornável: "É um passo importante. Não é um passo possível agora, mas estamos a caminhar para lá. Precisamos de metodologias, de conhecimento científico e de técnicas que permitam ter critérios claros à escala do país, de uma empresa ou de um município para se poder fazer essa contabilização. O que falta acima de tudo é métrica para quantificar muitas das variáveis e de traduzir essas variáveis monetariamente".
Sobre o mesmo tema, o presidente da APA considera que "era importante que os biólogos soubessem de economia e os economistas soubessem de biologia, e a verdade é que isso não acontece. Portanto, é difícil podermos na prática atribuir um valor monetário ao capital natural para depois em função do valor podermos determinar a sua escassez, pois nós só valorizamos aquilo a que conseguimos atribuir um valor. As contas nacionais não estão preparadas para isto. Por exemplo, se eu cortar árvores numa floresta, nas minhas contas nacionais é lucro. Mas o facto de eu perder aquele capital natural ao longo de 30 ou 40 anos, até que volte a crescer, não é tido em conta. Portanto, não estamos minimamente preparados para escalas de tempo para podermos dar o preço certo à natureza". Contudo, para os diferentes oradores, este é um trabalho a desenvolver como um importante instrumento de valorização e defesa do capital natural.