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“Boards” devem ter mais administradores independentes

O presidente do Instituto Português de Corporate Governance considera que Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer para tornar mais eficiente a governação das empresas e do setor público.

Sónia Santos Pereira 02 de Fevereiro de 2024 às 15:00
Pedro Ferreira
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Os conselhos de administração das organizações portuguesas deveriam ter mais administradores independentes, maior diversidade e um rigor mais apertado na aplicação de códigos de ética e conduta, defendeu João Moreira Rato, presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), na conferência da iniciativa Negócios Sustentabilidade 20|30 dedicada ao pilar da governação.

A ética praticada nas empresas é uma das preocupações do presidente do Instituto Português de Corporate Governance, potenciada, por vezes, pela elevada burocracia de processos a que estão sujeitas.

Por isso, defende que "o código de conduta não pode ser abstrato e deve emanar do conselho de administração", acrescentando que "o espírito do próprio tem de estar em todos os processos, na cultura e na maneira como funciona a empresa". Em conversa com a diretora do Jornal de Negócios, Diana Ramos, o presidente do IPCG sustentou ainda que a diversidade deve figurar na cúpula de uma organização. Algo que foi impulsionado pela legislação nas cotadas, no que toca à igualdade de género, não esquecendo, porém, que algumas quotas são usadas por cargos não executivos. Porém, relativamente a grandes companhias, João Moreira Rato sublinhou que os acionistas internacionais "têm um maior grau de exigência". Isto porque "são empresas que agem no mercado global e têm preocupações muito maiores na definição do conselho de administração. Ou seja, de trazer pessoas de outras geografias, ter um equilíbrio de género, trazer outras culturas, porque de alguma maneira a diversidade permite aumentar a qualidade das decisões".

Além de que "a própria sociedade vai pedir cada vez mais que as empresas tomem decisões de diversidade e as novas gerações de investidores dão importância a outras características que não só ao lucro".

No que toca à governação no setor público, o presidente do IPCG considera que o "Estado tem um deficit enorme". A este respeito, referiu que não vê o Estado "a evoluir positivamente e isso foi ilustrado nos vários casos que tivemos agora". Recomenda, por isso, aos partidos políticos preocupação em melhorar a governance do Estado.

"A começar por uma questão de transparência e de divulgação do que se está a passar nas empresas. Depois, tentar introduzir ao máximo profissionais independentes vindos de fora do Estado nos conselhos de administração."
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