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“A economia circular em Portugal não se encontra mal”

Apesar de ter muitos desafios pela frente, o país está a fazer o seu caminho para implementar a circularidade na sociedade, defende António Nogueira Leite, o economista e presidente do júri da categoria “Economia Circular” do Prémio Nacional de Sustentabilidade.

23 de Setembro de 2022 às 16:00
António Nogueira Leite | Economia Circular | PNS 20-30
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Foto em cima: António Nogueira Leite, economista, presidente do conselho de administração da Sociedade Ponto Verde e presidente do júri da categoria Economia Circular, da 3ª edição do Prémio Nacional de Sustentabilidade


"A economia circular em Portugal, de acordo com algumas avaliações produzidas por organismos internacionais e inclusivamente pelas Nações Unidas, não se encontra mal. Pelo contrário, num ranking de 163 países, Portugal está em 20º lugar, o que acaba por comparar até melhor do que nalgumas outras dimensões em que se avaliam Portugal e a economia portuguesa", refere António Nogueira Leite, economista, presidente do conselho de administração da Sociedade Ponto Verde e presidente do júri da categoria "Economia Circular" do Prémio Nacional de Sustentabilidade.

A situação atual "é o resultado do esforço que tem sido feito e que é bastante razoável", diz o economista, que destaca a aposta nas energias renováveis como ponto forte do país na migração para uma sociedade mais sustentável. Porém, tal não invalida que o país não trace metas mais ambiciosas, tendo muitos desafios pela frente. "Existe a preocupação de não deixar uma pegada demasiado grande da nossa atividade produtiva", destaca. Além disso, "tem havido alguma pressão, porque temos vindo a consumir cada vez mais materiais e a produzir para esse consumo, o que tem uma pegada ecológica que é diretamente proporcional à intensidade do que temos vindo a registar cada vez mais. Portanto, somos uma sociedade de consumo e isso obviamente tem impacto negativo e é um desafio por isso mesmo", acrescenta.

O mundo tem um desafio enorme, porque temos de atingir níveis de circularidade da economia muito maiores do que aqueles que já conseguimos, apesar do esforço que estamos a fazer e dos progressos que já registámos António Nogueira Leite
Há, portanto, muita margem de manobra para responder a estes desafios, em que a investigação e o desenvolvimento terão um papel fundamental. "Há agora grandes oportunidades para utilizar recursos de inovação, no sentido de melhorar o desenho dos produtos, melhorar os processos produtivos, de modo que eles tenham um impacto ambiental menor", destaca Nogueira Leite. Por outro lado, a reutilização também deve ser fomentada para criar menos desperdício e exigir menor esforço à própria natureza produtora de matéria-prima.

Apesar de reconhecer que "esta circularidade tem de facto avançado", o economista recorda que "o mundo tem um desafio enorme, porque temos de atingir níveis de circularidade da economia muito maiores do que aqueles que já conseguimos, apesar do esforço que estamos a fazer e dos progressos que já registámos".

À procura de projetos circulares

O Jornal de Negócios lançou, em 2020, o Prémio Nacional de Sustentabilidade, a maior iniciativa editorial em Portugal que distingue as empresas e as organizações que se destacam pela sua atuação e boas práticas de sustentabilidade nas diferentes áreas: ambiental, social e governação. As candidaturas para a terceira edição arrancam agora em setembro.

Os projetos a incluir na categoria "Economia Circular" serão, para o presidente do júri desta categoria, aqueles que têm por objetivo "reduzir o impacto negativo da produção, seja na disponibilidade de recursos, seja no desperdício de recursos após a produção e o consumo". Esta é também uma grande oportunidade para as empresas, pois "temos de produzir avanços muito grandes, seja na Europa, seja no resto do mundo", para atingirmos a ambicionada circularidade da sociedade.

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