Opinião
A Europa debate o futuro de Merkel. E o seu destino
De um momento para o outro a Europa descobriu que pode ficar sem a figura tutelar que a marcou na última década, Angela Merkel. E agora?
No Nepszava, da Hungria, Tamás Rónay escreve: "Merkel merece crédito por a União Europeia ter ultrapassado a crise económica e financeira. Foi ela que manteve junta a Zona Euro, apesar da miséria dos países mediterrânicos. Isto para já não falar da sua corajosa solução para a crise dos refugiados há dois anos. A chanceler alemã é a única líder europeia que está receptiva às ideias de Emmanuel Macron, e mais, ela é a única líder ocidental capaz de pôr em sentido os países refractários da Europa do Leste. Sem Merkel não conseguimos imaginar uma Europa unida."
Já no suíço Le Temps, Sylvain Besson argumenta: "Uma mudança de chanceler não seria necessariamente uma má notícia para a Europa. Angela Merkel também contribuiu para uma certa imobilidade da Europa: ela insistiu, muitas vezes veementemente, na disciplina orçamental, resistiu a novos projectos políticos e sempre tentou não chatear outros. Apesar de todas as coisas que conseguiu em muitas frentes - que devem merecer crédito - a chanceler foi incapaz de dar nova vitalidade à Europa. Também aqui um novo governo alemão poderá abrir novas perspectivas. Tendo-se tornado a mais importante nação do Velho Continente, o seu país parece preparado para uma liderança mais determinada, mais inspiradora e menos poderosa." E, no eldiario.es, Carlos Elordi acrescenta: "Enquanto continuamos obcecados pela crise da Catalunha, algo aconteceu na Europa que pode determinar o futuro da UE: Angela Merkel falhou a formação de um governo. A Alemanha entrou numa fase de instabilidade política de onde não há saídas fáceis. Porque, gostemos ou não das políticas de Merkel, ela tem sido o pilar da estabilidade política de todo o continente. (...) Esta segunda-feira pela primeira vez na sua carreira a chanceler falhou. O que provavelmente marca o início do seu declínio."
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