Opinião
21 de Julho de 2011 às 20:35
O outro lado do "rating"
Declarações de indignação, ataques informáticos, petições. A decisão da Moody"s de baixar o "rating" de Portugal desencadeou uma onda de protestos que, se for consequente, marcará a fronteira entre o antes e o depois na forma como as agências de notação de crédito são vistas e escrutinadas.
Declarações de indignação, ataques informáticos, petições. A decisão da Moody's de baixar o "rating" de Portugal desencadeou uma onda de protestos que, se for consequente, marcará a fronteira entre o antes e o depois na forma como as agências de notação de crédito são vistas e escrutinadas. Mas há uma forma de se beneficiar com o seu trabalho, independentemente de se gostar ou não daquilo que fazem.
O segredo é idêntico àquele que um investidor pode utilizar para conseguir que a EDP lhe faça um desconto na factura da electricidade. A empresa defende-se e contesta, mas não há família, ou empresa, que em Portugal não se queixe dos valores atingidos pela "conta da luz". Dizem que a energia é cara e gostavam de pagar menos. Uma via para a tornar mais barata é a de investir em acções da própria EDP.
Desde a oferta pública de acções da empresa, os preços em bolsa denunciam uma desvalorização que amputou uma parte do capital a quem apostou nos títulos. Mas a verdade não ficaria completa se à potencial menos-valia não se somasse o valor dos dividendos entretanto distribuídos.
Acrescentados os lucros entregues aos accionistas, verifica-se que as perdas latentes acabam por ser anuladas. E que o desempenho negativo se transforma em positivo. Se aos encargos com a conta da electricidade paga à EDP se subtrair o valor dos dividendos, estará encontrado o valor do "desconto" que o consumidor-accionista terá conseguido arrancar à empresa.
Com as grandes agências de "rating" que, por estes dias, carregam o papel de bodes expiatórios de quase todos os males que ameaçam os países em graves problemas financeiros, a situação não será diferente. Se ganham dinheiro com a emissão de notas sobre o risco de crédito de países e empresas e se contam com as dificuldades actuais para aumentarem a facturação numa altura em que a escassez de crédito bancário força ao recurso crescente a emissões de obrigações, há formas de arrecadar uma fatia dos lucros realizados.
Directa ou indirectamente, é possível investir em empresas como a Standard and Poor's, Moody's ou Fitch e beneficiar do retorno que geram. Nos dias que correm, nem todos os investidores estarão dispostos a fazê-lo por terem uma opinião desfavorável sobre a forma como as agências de "rating" alimentam as suas demonstrações de resultados. Mas quem não comungue deste impedimento tem a oportunidade de explorar a situação a favor da rendibilidade das suas aplicações. E poderá fazê-lo de consciência tranquila se tiver a convicção de que as maldades das agências de "rating" acontecem porque os países mal geridos se colocaram mesmo a jeito.
O segredo é idêntico àquele que um investidor pode utilizar para conseguir que a EDP lhe faça um desconto na factura da electricidade. A empresa defende-se e contesta, mas não há família, ou empresa, que em Portugal não se queixe dos valores atingidos pela "conta da luz". Dizem que a energia é cara e gostavam de pagar menos. Uma via para a tornar mais barata é a de investir em acções da própria EDP.
Acrescentados os lucros entregues aos accionistas, verifica-se que as perdas latentes acabam por ser anuladas. E que o desempenho negativo se transforma em positivo. Se aos encargos com a conta da electricidade paga à EDP se subtrair o valor dos dividendos, estará encontrado o valor do "desconto" que o consumidor-accionista terá conseguido arrancar à empresa.
Com as grandes agências de "rating" que, por estes dias, carregam o papel de bodes expiatórios de quase todos os males que ameaçam os países em graves problemas financeiros, a situação não será diferente. Se ganham dinheiro com a emissão de notas sobre o risco de crédito de países e empresas e se contam com as dificuldades actuais para aumentarem a facturação numa altura em que a escassez de crédito bancário força ao recurso crescente a emissões de obrigações, há formas de arrecadar uma fatia dos lucros realizados.
Directa ou indirectamente, é possível investir em empresas como a Standard and Poor's, Moody's ou Fitch e beneficiar do retorno que geram. Nos dias que correm, nem todos os investidores estarão dispostos a fazê-lo por terem uma opinião desfavorável sobre a forma como as agências de "rating" alimentam as suas demonstrações de resultados. Mas quem não comungue deste impedimento tem a oportunidade de explorar a situação a favor da rendibilidade das suas aplicações. E poderá fazê-lo de consciência tranquila se tiver a convicção de que as maldades das agências de "rating" acontecem porque os países mal geridos se colocaram mesmo a jeito.
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