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Investimento sustentável: antecipar o futuro ou uma inevitabilidade?

Investidores estão sensibilizados para o potencial impacto das alterações climáticas, mas ainda há muito para fazer.

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Na semana em que se realizou a cimeira de ação climática, em Nova Iorque, ficámos a saber que o número de pessoas que investe em sustentabilidade é substancialmente inferior ao das que estão interessadas em fazê-lo. Falamos de uma diferença de 16% para 32%, o que demonstra claramente a existência de uma diferença entre as intenções dos investidores e as suas ações reais. Esta foi uma das principais conclusões do Global Investor Study da Schroders, revelado esta semana, que inquiriu 25.000 investidores, de 32 países.

A cimeira convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas teve o mérito de conseguir colocar o mundo a discutir novamente o tema das alterações climáticas, reunindo os líderes mundiais na tentativa de alcançar novos acordos que coloquem o planeta mais próximo das metas estabelecidas no Acordo de Paris.

O Global Investor Study ajuda-nos a perceber como é que a realidade do clima é interpretada pelos investidores e diz-nos que a maioria (63%) acredita que as mudanças climáticas vão ter, pelo menos, algum impacto nos investimentos. Mas apesar de todas as evidências, 33% acreditam que estas terão um pequeno ou nenhum impacto. Estes números consolidam a ideia de que a generalidade dos investidores está sensível ao tema das alterações climáticas, mas que uma boa parte não está ainda consciente do risco que as alterações climáticas compreendem. Mais ainda se pensarmos no impacto que podem ter nas nossas vidas e na das gerações futuras. Um sentimento que pode estar relacionado com o nível de conhecimento dos investidores, pois o mesmo estudo revela que aqueles que consideram ter um conhecimento avançado investem mais em sustentabilidade.

De uma forma geral, o investimento sustentável é apenas a 5.ª prioridade das pessoas na hora de investir, sendo relegado a favor de soluções que evitem a perda de dinheiro, que proporcionem o retorno desejado ou que ofereçam o rendimento esperado. Até as comissões de serviço são mais valorizadas do que a sustentabilidade. Portugal diverge um pouco desta tendência global, pois a sustentabilidade surge como quarta prioridade, o que quer dizer que o tema está mais consolidado no país.

Curiosamente, é nos mercados emergentes que os investidores se mostram mais interessados nos fatores de sustentabilidade na hora de investir - Índia (87%), China (80%), Tailândia (77%) e Indonésia (76%). Algo que contrasta com os investidores de países onde tradicionalmente existe mais foco na sustentabilidade - Holanda (41%), Canadá e Dinamarca (40%), um indicador que nos diz que a sustentabilidade já está implícita nos investimentos realizados nestas geografias.

Apesar de os últimos tempos terem sido marcados pela multiplicação de manifestações internacionais, organizadas por jovens, reivindicando medidas que contrariem as alterações climáticas, são os investidores da ‘Geração X’ (dos 38 aos 50 anos) quem está mais motivado para investir em sustentabilidade, a nível global. Algo que contraria a ideia de que são os "millennials" (dos 18 aos 37 anos) quem lidera o investimento sustentável. Em Portugal, curiosamente, são os "baby boomers" (dos 51 aos 71 anos) quem tem mais em conta os fatores de sustentabilidade na hora de investir.

O que falta então fazer para se investir mais em sustentabilidade?

De acordo com o mesmo estudo, 60% dos investidores globais aponta dois fatores que podem conduzir a mais investimentos em sustentabilidade: a realização de mudanças na regulação e a existência de avaliações independentes, que confirmem a abordagem sustentável das soluções de investimento.

Em conclusão, podemos afirmar que os investidores já estão bastante sensibilizados para o potencial impacto das alterações climáticas, mas também fica claro que há ainda muito para fazer, tanto do ponto de vista da regulação, como da comunicação, para dar a conhecer as reais oportunidades que esta circunstância oferece aos investidores.

É evidente que estamos a transitar para um futuro elétrico, que vai abraçar a produção de energia através de fontes renováveis e uma mobilidade à base de soluções elétricas, coletivas ou partilhadas. A somar a isto, assistimos à multiplicação de dietas alimentares, que defendem um planeta mais equilibrado e que exige à sociedade novas soluções de consumo. São, portanto, múltiplas as oportunidades que residem na construção de um novo mundo, mais sustentável, e que, conjugadas, oferecem boas oportunidades para os que estão interessados em antecipar o futuro.

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