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Capitalismo à portuguesa

Desde 1989 os sucessivos governos facilitaram a aquisição de empresas públicas por grupos portugueses. A estratégia, por excluir estrangeiros, sacrificou o «encaixe» das operações.

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Em nome de um princípio muito nobre: manter centros de decisão em Portugal.

O que se passou a seguir é conhecido: na maioria dos casos as empresas mudaram de mãos. E nem sempre de portugueses para portugueses. Conclusão: o encaixe que o Estado não realizou, e que deveria ter beneficiado todos os portugueses (reduzindo dívida pública), ficou na conta bancária de alguns.

Quase 17 anos depois, a prática de reivindicar «preços políticos» renasceu. Como se vê com a Portucel, onde o Estado quer vender os 25,7% que ainda lá tem. A Semapa, que controla 66,7%, quer que o Estado venda... mas por negociação directa. Em vez de OPV (que maximizaria o encaixe). E mais: quer pagar 1,45 euros por acção (valor da anterior fase de privatização), quando cada título vale agora 2,3 euros!

Como Teixeira dos Santos não esteve pelos ajustes, a Portucel fez birra: não divulgou informação necessária para a operação em Bolsa e exigiu uma auditoria externa... paga pelo Estado. O ministro recorreu à CMVM e esta deu-lhe razão. O cidadão comum, até hoje o principal prejudicado com a falácia dos «centros de decisão», agradece.

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