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Fernando Sobral - Jornalista fsobral@negocios.pt 17 de Outubro de 2011 às 12:04

A grande aliança

A lista do sr. Fernando Gomes para a FPF é a santa aliança do futebol português.

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A lista do sr. Fernando Gomes para a FPF é a santa aliança do futebol português. Todos estão dentro. Ninguém está fora. O trunfo com que o sr. Pinto da Costa destroçou as ambições autonómicas do sr. Luís Filipe Vieira e do sr. Godinho Lopes, socorrendo-se inclusive da candidatura fantasma do sr. Filipe Soares Franco como lebre para criar confusão, chega a bom porto. Isto é: no futebol português tudo muda para que tudo fique igual. Ninguém procura, no fundo, revolucionar o estado patético em que vive o futebol indígena e que a actual situação da selecção nacional de futebol ilustra claramente. Quando se tenta colocar todas as forças do futebol no mesmo saco, em vez de se alterar o "status quo" ou o "sistema", acaba por se criar uma sopa da pedra de onde todos tentam tirar calorias. O grande equívoco desta lista começa aqui, como demonstrou com a sua débil ingenuidade o sr. Godinho Lopes, quando referia que o sr. Hermínio Loureiro era o representante do Sporting. A próxima FPF vai ser incapaz de efectuar as reformas de que o futebol português carece porque os grandes clubes que nela estão coligados estão apenas interessados em dividir interesses e competências.

Quando se olha para a selecção nacional (e também para as "sub") percebe-se melhor o que está a acontecer: estão cheias de craques, mas deixaram de ter espinhas dorsais. Hoje o Benfica joga sem jogadores portugueses e o FC Porto e o Sporting com muito poucos. A selecção é um acampamento da legião estrangeira. As selecções de "sub" estão cheias de jovens craques emigrados ou que não têm lugar nas equipas principais dos seus clubes. Olhe-se para o desperdício de jogadores como o sr. Nelson Oliveira. E depois andamos à procura de um ponta-de-lança. Sem uma profunda reforma do futebol português e da lógica de utilização de jogadores nacionais nos principais clubes, a FPF deixa de cumprir a sua principal função: valorizar o futebol português.

A catastrófica gestão do sr. Gilberto Madaíl (onde apenas se salvou a clarividente escolha do sr. Scolari para seleccionador) acabou por tornar a FPF um monstro gordo. Demolir esse edifício sem ideias e sem força é uma tarefa urgente. Mas a forma como foi elaborada a lista do sr. Fernando Gomes, constituída por delegados de cada "lobby" clubista, faz duvidar que o edifício podre em que se decide o futebol português possa mudar. Esta santa aliança patrocinada pelo mais inteligente dirigente do futebol português, o sr. Pinto da Costa, mostra a irrelevância do Benfica e do Sporting como forças de eventual mudança. O que querem é um quinhão do poder. E da arbitragem.
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