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O fim das negociações salariais habituais?

Poderemos estar a retirar flexibilidade salarial nas negociações para recrutar pessoas? Os pacotes remuneratórios podem incluir diversos componentes, como carro, telemóvel, laptop, seguro de saúde, entre outros, pelo que se vai apenas divulgar o salário como o único fator a ter em conta?

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Está a avançar a proposta da Comissão Europeia, que o Negócios já tinha noticiado há cerca de três meses, para tentar acabar com a diferença salarial entre homens e mulheres, que se iria basear em maior transparência e também num melhor acesso à justiça para vítimas de discriminação.

Em relação ao combate à diferença de salários para quem tem as mesmas funções, é normal que possam existir pequenas diferenças, explicadas por várias razões, incluindo antiguidade, o valor do salário quando foram inicialmente recrutados, entre outros. O que já não é normal, e por isso deve ser combatido, é que, na quase totalidade dos casos, são os homens os mais favorecidos.

Agora, em relação à imposição de maior transparência, na minha opinião, esta já tem de ser gerida com cautela em certas áreas.

Por um lado, há informação (geralmente apresentada de forma agregada e anónima) que pode ser apresentada pelas empresas (especialmente as maiores empresas), de modo a demonstrar que não discriminam injustamente certos colaboradores por questões como o sexo.

Por outro lado, há informação mais confidencial e que faz parte do “segredo do negócio”. Quando (segundo o que li) se propõe que os empregadores deverão fornecer, no anúncio ou antes da entrevista de emprego, informações sobre o nível do salário inicial, tenho algumas questões que me fazem hesitar. Por exemplo, poderemos estar a obrigar as empresas a abrir mão de informação que lhes pode estar a dar vantagem no mercado? Poderemos estar a retirar flexibilidade salarial nas negociações para recrutar pessoas? Os pacotes remuneratórios podem incluir diversos componentes, como carro, telemóvel, laptop, seguro de saúde, entre outros, pelo que se vai apenas divulgar o salário como o único fator a ter em conta?

E, finalmente, como os recrutadores são obrigados a dizer qual o salário que propõem a todos que entrevistam, será que vamos ver uma “corrida” às entrevistas de recrutamento apenas para as pessoas saberem os salários que os concorrentes andam a oferecer a novos colaboradores, o que pode gerar situações de conflitualidade ou excesso de agressividade no recrutamento e retenção de trabalhadores nas empresas?

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