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Riscos

Se, como as sondagens indicam, o PS perder as eleições europeias, António José Seguro deverá ser rapidamente contestado e corre-se o risco de passarmos a ter um PS ainda mais longe do actual executivo, agravando as actuais condições de falta de consenso político e de dificuldades de financiamento.

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Este início de 2014 tem sido especialmente favorável, quer na frente externa, quer interna, o que poderá estar a criar um optimismo pouco justificado.

 

As taxas de juro de longo prazo na zona do euro têm vindo a cair sucessivamente, sugerindo um ambiente favorável, mas a verdade é que nenhuma reforma estrutural do euro foi, até agora, aprovada e as que o foram são manifestamente insuficientes, como é o caso da união bancária. Há vários riscos para os próximos meses, que poderão desfazer o optimismo actual.

 

O Tribunal Constitucional alemão pode decidir contra o programa do BCE que tem acalmado os mercados obrigacionistas, destruindo todo o efeito deste. As eleições europeias de Maio deverão produzir o maior grupo parlamentar anti-UE e anti-euro, que poderão forçar os partidos do centro a apoderarem-se de certas agendas mais radicais, insuflando receios sobre o futuro do euro. Mais para o final do ano, esperam-se os testes de stress da banca, que poderão conduzir a mais ajudas públicas, reforçando os riscos de contágio entre a banca e a dívida pública.

 

Em data mais incerta, poderá ocorrer o segundo perdão à dívida grega, envolvendo necessariamente os credores oficiais, que corresponderá a passar a linha vermelha entre empréstimos e ajuda, podendo fomentar o pânico da muito detestada, sobretudo na Alemanha, união de transferências. Ultrapassar esta linha também pode fazer recrudescer as suspeitas sobre a sustentabilidade do euro.

 

No plano interno, a boa execução orçamental de 2013, os sinais crescentes de retoma económica e de queda do desemprego justificam algum optimismo, mas é de evitar qualquer euforia sobre a não necessidade de um programa externo cautelar.

 

Com uma dívida pública de quase 130% do PIB e uma dívida externa de mais de 110% do PIB estamos e continuaremos a estar fortemente dependentes dos investidores externos, num grau muitíssimo superior à Irlanda, pelo que seria uma imprudência tentar prosseguir a consolidação orçamental sem uma rede de segurança.

 

Além disso, sem programa cautelar há o risco de o Estado ficar muito dependente do financiamento da banca portuguesa que, assim, poderá ser forçada a cortar o financiamento à economia, travando a própria recuperação em curso.

 

Além disso, temos ainda os riscos políticos. Um dos obstáculos ao financiamento público português prende-se com a falta de um consenso político alargado sobre o programa de ajustamento que terá de se prolongar ainda por muitos anos. O governo desperdiçou, de forma absurda, o facto de ter sido o PS a assinar o memorando com a troika e tem mostrado uma grande dificuldade em emendar a mão.

 

Se, como as sondagens indicam, o PS perder as eleições europeias, António José Seguro deverá ser rapidamente contestado e corre-se o risco de passarmos a ter um PS ainda mais longe do actual executivo, agravando as actuais condições de falta de consenso político e de dificuldades de financiamento.

 

Nota: As opiniões expressas no texto são da exclusiva responsabilidade do autor

Investigador do Nova Finance Center, Nova School of Business and Economics

pbteixeira3@gmail.com

http://pbteixeira.blogspot.com/

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