Opinião
A esquina do Rio
No espaço de um mês, azedou a relação entre Belém e São Bento, o PCP entupiu um dos motores da geringonça, Francisco Louçã voltou à actividade política, oferecendo-se para mecânico da avaria registada
Back to basics
A utopia está sempre dois passos à minha frente. Eu dou dois passos e ela afasta-se. Então, serve para quê? Para eu continuar a andar.
Eduardo Galeano
Mudanças
No espaço de um mês, azedou a relação entre Belém e São Bento, o PCP entupiu um dos motores da geringonça, Francisco Louçã voltou à actividade política, oferecendo-se para mecânico da avaria registada e, no PSD, aquilo que prometia ser uma passeata cómoda para Rui Rio está a transformar-se numa sucessão de gafes, que lhe têm saltado da boca mal teve oposição pela frente e que vão mostrando a verdadeira natureza deste Rio - um caudal que não é agradável à vista nem ao ouvido. No final do primeiro semestre deste ano, nada indicava que se chegaria a uma situação destas e há muitas razões para isso: as catástrofes ocorridas nos incêndios florestais, a forma como o Governo não encarou a gravidade do problema, a insensibilidade de António Costa e a sua recusa da realidade, os descalabros nas eleições autárquicas - que fizeram despertar o PCP e o PSD do estado em que andavam. O que se vai sabendo do Orçamento (e do seu anexo incontornável que são as cativações) mostra que o estado de austeridade continua e se agravou, embora mascarado, como se isto fosse um Halloween permanente. Mário Centeno é o aprendiz de ilusionista de falinhas mansas - desloca moedas de um bolso para o outro e, no percurso, perdem-se umas e surripiam-se outras: perdem-se as das cativações e surripiam-se as que estão em taxas e taxinhas. Se a oposição ficar séria e eficaz, Costa vai ter um 2018 menos tranquilo do que esperaria.
Semanada
• Na lista do material roubado de Tancos e que apareceu na Chamusca, figura uma caixa de petardos que não estava na relação inicial de itens furtados • os Açores e a Madeira são as regiões com números mais elevados de violência doméstica • entre Janeiro e Agosto, foram vendidos menos 34.488 jornais e revistas por dia nas bancas • a taxa de desemprego de jovens abaixo dos 24 anos subiu para 25,7% - a média na Zona Euro é de 20,3% • o próprio Estado não cumpre uma lei de 2010 que estabelece uma quota de emprego para deficientes na administração central e local • foi agora revelado que a Força Aérea tem equipamento que permite detectar incêndios e reacendimentos na sua fase inicial, mas não foi utilizado nos períodos em que ocorreram os incêndios mais graves • a Protecção Civil dispensou militares de patrulhas nocturnas de vigilância, precisamente na altura em que surgiam mais fogos • o PCP acusou o Governo de ter subestimado os perigos reais dos fogos • os bombeiros do Seixal estão à beira da falência • por cada cem euros de rendimento, as famílias portuguesas só amealham cinco e a poupança está em mínimos históricos • a DECO recebeu pedidos de ajuda de 26.080 famílias sobreendividadas até 25 de Outubro, mais de oitenta pedidos por dia • em 2016, foram registados em Portugal mais de nove mil crimes informáticos • dirigindo-se aos deputados do PSD, Rui Rio afirmou que, em matéria de política financeira, "faria igual a Maria Luís, ou pior".
Ver
Há 15 anos, João Esteves de Oliveira fundou a sua Galeria, no Chiado, depois de uma carreira na banca. Posicionou-a como um espaço de exposição para obras em papel, uma declaração de princípio a favor da rigorosa arte do desenho. O papel, o seu suporte de escolha na arte que apresentou e na sua relação com artistas, fez a sua diferença enquanto galerista. Foi uma opção que manteve ao longo dos anos e que lhe permitiu apoiar o trabalho de jovens artistas, como tem feito anualmente, mas também das mais de seis dezenas de nomes incontornáveis da arte contemporânea portuguesa que lá expuseram. Há um lado de mercado nesta opção - para quem quer uma boa obra de arte, o suporte em papel é mais acessível. Ocasionalmente, expôs esculturas, pintura que invadiu o papel e, uma vez ou outra, suportes diferentes. Assinalando década e meia da sua galeria, João Esteves de Oliveira chamou pela segunda vez para o seu espaço trabalhos de Manuel Caldeira, neste caso guaches sobre papel, com o nome genérico de "Spettacolo". João Esteves de Oliveira, Galeria de Arte Moderna e Contemporânea, Rua Ivens 38. Outras sugestões: No Atelier Museu Júlio Pomar (Rua do Vale 7, Bairro Alto), e integrado no programa "O Passado e o Presente" no âmbito de Lisboa Capital Ibero Americana da Cultura 2017, abriu a colectiva TAWAPAYERA, com curadoria de Alexandre Melo, que inclui trabalhos de Júlio Pomar, Tiago Alexandre, Igor Jesus e Dealmeida Esilva. Por fim, a iniciativa British Bar, organizada por Pedro Cabrita Reis, inaugurou a sua sétima apresentação e, nas montras, estão até ao final do mês obras de Diogo Seixas Lopes, João Pedro Vale e Júlio Pomar.
Gosto
Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da Cultura de Guterres, foi condenado a quatro anos e meio de prisão por crime de violência doméstica contra Bárbara Guimarães.
Não gosto
Mário Centeno bloqueou a utilização da verba, dada em 2015 pelo então ministro da Saúde, necessária para ampliar a capacidade do bloco operatório
do Instituto Português de Oncologia, em Lisboa.
Folhear
Jonathan Swift foi um escritor anglo-irlandês, nascido na segunda metade do século XVII, e que se tornou conhecido pela sua prosa repleta de ironia, pelos panfletos políticos que escreveu para trabalhistas e conservadores e, sobretudo, pelo seu clássico "As Viagens de Gulliver" - que, em muitos pontos, tem abundante sátira política. A obra relata as aventuras de um viajante destemido, um médico inglês, que depois de um naufrágio descobre civilizações fantásticas onde a excentricidade existe aliada à cupidez e a inveja naturalmente à intriga. Mas este livro extraordinário é também povoado de utopias, desde ilhas voadoras habitadas por intelectuais, gente que nunca morre, marinheiros, piratas e até um capitão de origem portuguesa. Editado originalmente em 1726, sem ser assinado pelo autor, "As Viagens de Gulliver" rapidamente se tornaram num êxito. George Orwell disse que "se tivesse de fazer uma lista de seis livros a serem preservados, quando os demais fossem destruídos, poria certamente 'As Viagens de Gulliver' nessa lista." E Jorge de Sena escreveu que por esta obra perpassava "o espírito da medonha sátira contra a humanidade e a vida". O título original do livro era "Viagens a Diversas Nações Remotas do Mundo, em Quatro Partes, Por Lemuel Gulliver, primeiro como cirurgião, depois como capitão de vários navios". Assim Gulliver visita Lilliput, onde é um gigante, Brobdingnag, onde parece um anão, até aos territórios da terceira viagem que desemboca no Japão e na quarta viagem que o leva a um mundo onde há cavalos dotados de razão. Editado pela Guerra & Paz na colecção Clássicos.
Ouvir
No ano de 1982, Manchester era uma cidade assolada pelo encerramento de muitas indústrias que a tinham tornado uma das mais prósperas zonas de Inglaterra. A cidade estava em crise, mas da crise nascia um importante pólo criativo, em torno da universidade local, do clube The Haçienda e da ousadia criativa de Tony Wilson, que havia fundado a Factory Records ( a casa dos Joy Division, Durutti Column ou A Certain Ratio, entre tantos outros). Foi em 1982 que quatro rapazes, Steven Morrissey, Johnny Marr, Andy Rourke e Mike Joyce fundaram The Smiths, recusados pela Factory Records, mas que rapidamente se tornaram notados - graças ao génio de Morrissey e Marr e a uma outra editora independente, a Rough Trade. O primeiro álbum foi editado em 1984, chamava-se simplesmente "The Smiths" e incluía temas como "Reel Around the Fountain" e "The Hand That Rocks the Cradle". Quatro anos depois, saiu o seu terceiro disco, por muitos considerado a sua obra-prima, "The Queen is Dead", gravado no final de 1985 e editado em 1986. Na realidade, The Smiths eram mais uma ideia, um estado de espírito musical, do que uma banda - e, a esse nível, a sua influência na música britânica estendeu-se ao longo das décadas seguintes. The Smiths era um estilo, uma maneira de escolher palavras (escritas e cantadas por Morrissey), sobre ideias musicais muitas vezes surpreendentes de Marr."The Queen Is Dead" é talvez o disco que mais mostra essa faceta do seu trabalho. Agora, 30 anos depois, sai esta edição especial, que recupera o alinhamento original do álbum, numa nova masterização, junta-os a versões alternativas, gravações demo, lados B de singles, além da gravação de um concerto realizado em Boston em Agosto desse ano e ainda um DVD com um filme realizado por Derek Jarman e que é uma evocação de "The Queen Is Dead". Caixa The Queen Is Dead, edição Warner, disponível na FNAC e El Corte Inglés.
Arco da velha
O líder catalão Carles Puigdemont proclamou a república em Barcelona e, no dia seguinte, fugiu para uma monarquia na Bélgica.
Provar
Gosto de fruta da época e esta é a altura do ano em que os sabores explodem - das castanhas aos dióspiros, passando pelos marmelos, essa matéria-prima excelente de tantos prazeres. Sem brejeirice, gosto de marmelos de quase qualquer maneira - como acompanhamento, cortados ou em puré, como sobremesa, cozidos em calda ou assados no forno. Mas, sobretudo, esta é a altura ideal para se confeccionar e comer as várias variadas de doçaria marmeleira. A geleia de marmelo, por exemplo, só é boa fresca. Se for com nozes, outro fruto da época, melhor ainda. Umas panquecas com geleia de marmelo fresca por cima batem aos pontos qualquer outra combinação possível. Mas o melhor de tudo é comer marmelada fresca, sozinha, no pão ou, melhor que tudo, a acompanhar um queijo - pode ser um flamengo açoriano de boa qualidade, um queijo de S. Jorge (ainda melhor) ou um queijo de Serpa bem curado. O marmelo é um fruto duro e trabalhoso, demora horas a preparar e a cozinhar. Se não tiver paciência para isso, há uma solução em Lisboa no que toca a marmelada e geleia - a Confeitaria Cistér, na Rua da Escola Politécnica 101, frente à faculdade de Ciências e que foi fundada em 1838 sob o nome Confeitaria Portuguesa. Aí encontra aquela que os seus produtores dizem ser a melhor marmelada do mundo e uma geleia de marmelo que não lhe fica atrás. Divirtam-se com o Outono, ele está cheio de coisas boas.
A utopia está sempre dois passos à minha frente. Eu dou dois passos e ela afasta-se. Então, serve para quê? Para eu continuar a andar.
Eduardo Galeano
Mudanças
No espaço de um mês, azedou a relação entre Belém e São Bento, o PCP entupiu um dos motores da geringonça, Francisco Louçã voltou à actividade política, oferecendo-se para mecânico da avaria registada e, no PSD, aquilo que prometia ser uma passeata cómoda para Rui Rio está a transformar-se numa sucessão de gafes, que lhe têm saltado da boca mal teve oposição pela frente e que vão mostrando a verdadeira natureza deste Rio - um caudal que não é agradável à vista nem ao ouvido. No final do primeiro semestre deste ano, nada indicava que se chegaria a uma situação destas e há muitas razões para isso: as catástrofes ocorridas nos incêndios florestais, a forma como o Governo não encarou a gravidade do problema, a insensibilidade de António Costa e a sua recusa da realidade, os descalabros nas eleições autárquicas - que fizeram despertar o PCP e o PSD do estado em que andavam. O que se vai sabendo do Orçamento (e do seu anexo incontornável que são as cativações) mostra que o estado de austeridade continua e se agravou, embora mascarado, como se isto fosse um Halloween permanente. Mário Centeno é o aprendiz de ilusionista de falinhas mansas - desloca moedas de um bolso para o outro e, no percurso, perdem-se umas e surripiam-se outras: perdem-se as das cativações e surripiam-se as que estão em taxas e taxinhas. Se a oposição ficar séria e eficaz, Costa vai ter um 2018 menos tranquilo do que esperaria.
• Na lista do material roubado de Tancos e que apareceu na Chamusca, figura uma caixa de petardos que não estava na relação inicial de itens furtados • os Açores e a Madeira são as regiões com números mais elevados de violência doméstica • entre Janeiro e Agosto, foram vendidos menos 34.488 jornais e revistas por dia nas bancas • a taxa de desemprego de jovens abaixo dos 24 anos subiu para 25,7% - a média na Zona Euro é de 20,3% • o próprio Estado não cumpre uma lei de 2010 que estabelece uma quota de emprego para deficientes na administração central e local • foi agora revelado que a Força Aérea tem equipamento que permite detectar incêndios e reacendimentos na sua fase inicial, mas não foi utilizado nos períodos em que ocorreram os incêndios mais graves • a Protecção Civil dispensou militares de patrulhas nocturnas de vigilância, precisamente na altura em que surgiam mais fogos • o PCP acusou o Governo de ter subestimado os perigos reais dos fogos • os bombeiros do Seixal estão à beira da falência • por cada cem euros de rendimento, as famílias portuguesas só amealham cinco e a poupança está em mínimos históricos • a DECO recebeu pedidos de ajuda de 26.080 famílias sobreendividadas até 25 de Outubro, mais de oitenta pedidos por dia • em 2016, foram registados em Portugal mais de nove mil crimes informáticos • dirigindo-se aos deputados do PSD, Rui Rio afirmou que, em matéria de política financeira, "faria igual a Maria Luís, ou pior".
Ver
Há 15 anos, João Esteves de Oliveira fundou a sua Galeria, no Chiado, depois de uma carreira na banca. Posicionou-a como um espaço de exposição para obras em papel, uma declaração de princípio a favor da rigorosa arte do desenho. O papel, o seu suporte de escolha na arte que apresentou e na sua relação com artistas, fez a sua diferença enquanto galerista. Foi uma opção que manteve ao longo dos anos e que lhe permitiu apoiar o trabalho de jovens artistas, como tem feito anualmente, mas também das mais de seis dezenas de nomes incontornáveis da arte contemporânea portuguesa que lá expuseram. Há um lado de mercado nesta opção - para quem quer uma boa obra de arte, o suporte em papel é mais acessível. Ocasionalmente, expôs esculturas, pintura que invadiu o papel e, uma vez ou outra, suportes diferentes. Assinalando década e meia da sua galeria, João Esteves de Oliveira chamou pela segunda vez para o seu espaço trabalhos de Manuel Caldeira, neste caso guaches sobre papel, com o nome genérico de "Spettacolo". João Esteves de Oliveira, Galeria de Arte Moderna e Contemporânea, Rua Ivens 38. Outras sugestões: No Atelier Museu Júlio Pomar (Rua do Vale 7, Bairro Alto), e integrado no programa "O Passado e o Presente" no âmbito de Lisboa Capital Ibero Americana da Cultura 2017, abriu a colectiva TAWAPAYERA, com curadoria de Alexandre Melo, que inclui trabalhos de Júlio Pomar, Tiago Alexandre, Igor Jesus e Dealmeida Esilva. Por fim, a iniciativa British Bar, organizada por Pedro Cabrita Reis, inaugurou a sua sétima apresentação e, nas montras, estão até ao final do mês obras de Diogo Seixas Lopes, João Pedro Vale e Júlio Pomar.
Gosto
Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da Cultura de Guterres, foi condenado a quatro anos e meio de prisão por crime de violência doméstica contra Bárbara Guimarães.
Não gosto
Mário Centeno bloqueou a utilização da verba, dada em 2015 pelo então ministro da Saúde, necessária para ampliar a capacidade do bloco operatório
do Instituto Português de Oncologia, em Lisboa.
Folhear
Jonathan Swift foi um escritor anglo-irlandês, nascido na segunda metade do século XVII, e que se tornou conhecido pela sua prosa repleta de ironia, pelos panfletos políticos que escreveu para trabalhistas e conservadores e, sobretudo, pelo seu clássico "As Viagens de Gulliver" - que, em muitos pontos, tem abundante sátira política. A obra relata as aventuras de um viajante destemido, um médico inglês, que depois de um naufrágio descobre civilizações fantásticas onde a excentricidade existe aliada à cupidez e a inveja naturalmente à intriga. Mas este livro extraordinário é também povoado de utopias, desde ilhas voadoras habitadas por intelectuais, gente que nunca morre, marinheiros, piratas e até um capitão de origem portuguesa. Editado originalmente em 1726, sem ser assinado pelo autor, "As Viagens de Gulliver" rapidamente se tornaram num êxito. George Orwell disse que "se tivesse de fazer uma lista de seis livros a serem preservados, quando os demais fossem destruídos, poria certamente 'As Viagens de Gulliver' nessa lista." E Jorge de Sena escreveu que por esta obra perpassava "o espírito da medonha sátira contra a humanidade e a vida". O título original do livro era "Viagens a Diversas Nações Remotas do Mundo, em Quatro Partes, Por Lemuel Gulliver, primeiro como cirurgião, depois como capitão de vários navios". Assim Gulliver visita Lilliput, onde é um gigante, Brobdingnag, onde parece um anão, até aos territórios da terceira viagem que desemboca no Japão e na quarta viagem que o leva a um mundo onde há cavalos dotados de razão. Editado pela Guerra & Paz na colecção Clássicos.
Ouvir
No ano de 1982, Manchester era uma cidade assolada pelo encerramento de muitas indústrias que a tinham tornado uma das mais prósperas zonas de Inglaterra. A cidade estava em crise, mas da crise nascia um importante pólo criativo, em torno da universidade local, do clube The Haçienda e da ousadia criativa de Tony Wilson, que havia fundado a Factory Records ( a casa dos Joy Division, Durutti Column ou A Certain Ratio, entre tantos outros). Foi em 1982 que quatro rapazes, Steven Morrissey, Johnny Marr, Andy Rourke e Mike Joyce fundaram The Smiths, recusados pela Factory Records, mas que rapidamente se tornaram notados - graças ao génio de Morrissey e Marr e a uma outra editora independente, a Rough Trade. O primeiro álbum foi editado em 1984, chamava-se simplesmente "The Smiths" e incluía temas como "Reel Around the Fountain" e "The Hand That Rocks the Cradle". Quatro anos depois, saiu o seu terceiro disco, por muitos considerado a sua obra-prima, "The Queen is Dead", gravado no final de 1985 e editado em 1986. Na realidade, The Smiths eram mais uma ideia, um estado de espírito musical, do que uma banda - e, a esse nível, a sua influência na música britânica estendeu-se ao longo das décadas seguintes. The Smiths era um estilo, uma maneira de escolher palavras (escritas e cantadas por Morrissey), sobre ideias musicais muitas vezes surpreendentes de Marr."The Queen Is Dead" é talvez o disco que mais mostra essa faceta do seu trabalho. Agora, 30 anos depois, sai esta edição especial, que recupera o alinhamento original do álbum, numa nova masterização, junta-os a versões alternativas, gravações demo, lados B de singles, além da gravação de um concerto realizado em Boston em Agosto desse ano e ainda um DVD com um filme realizado por Derek Jarman e que é uma evocação de "The Queen Is Dead". Caixa The Queen Is Dead, edição Warner, disponível na FNAC e El Corte Inglés.
Arco da velha
O líder catalão Carles Puigdemont proclamou a república em Barcelona e, no dia seguinte, fugiu para uma monarquia na Bélgica.
Provar
Gosto de fruta da época e esta é a altura do ano em que os sabores explodem - das castanhas aos dióspiros, passando pelos marmelos, essa matéria-prima excelente de tantos prazeres. Sem brejeirice, gosto de marmelos de quase qualquer maneira - como acompanhamento, cortados ou em puré, como sobremesa, cozidos em calda ou assados no forno. Mas, sobretudo, esta é a altura ideal para se confeccionar e comer as várias variadas de doçaria marmeleira. A geleia de marmelo, por exemplo, só é boa fresca. Se for com nozes, outro fruto da época, melhor ainda. Umas panquecas com geleia de marmelo fresca por cima batem aos pontos qualquer outra combinação possível. Mas o melhor de tudo é comer marmelada fresca, sozinha, no pão ou, melhor que tudo, a acompanhar um queijo - pode ser um flamengo açoriano de boa qualidade, um queijo de S. Jorge (ainda melhor) ou um queijo de Serpa bem curado. O marmelo é um fruto duro e trabalhoso, demora horas a preparar e a cozinhar. Se não tiver paciência para isso, há uma solução em Lisboa no que toca a marmelada e geleia - a Confeitaria Cistér, na Rua da Escola Politécnica 101, frente à faculdade de Ciências e que foi fundada em 1838 sob o nome Confeitaria Portuguesa. Aí encontra aquela que os seus produtores dizem ser a melhor marmelada do mundo e uma geleia de marmelo que não lhe fica atrás. Divirtam-se com o Outono, ele está cheio de coisas boas.
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