Opinião
A esquina do Rio
É uma terrível coincidência que, dias depois de o Governo tentar fazer esquecer e subalternizar o relatório sobre o incêndio de Pedrógão Grande, uma nova catástrofe tenha colocado ainda mais a nu o que então tinha corrido mal, e que agora se repetiu.
Back to basics
O Estado é o mais frio de todos os monstros. Ele mente friamente. Da sua boca sai esta mentira: "Eu, o Estado, sou o povo."
Nietzsche
Os incendiários da história
É uma terrível coincidência que, dias depois de o Governo tentar fazer esquecer e subalternizar o relatório sobre o incêndio de Pedrógão Grande, uma nova catástrofe tenha colocado ainda mais a nu o que então tinha corrido mal, e que agora se repetiu. Os "spin doctors", que na semana passada andaram a tentar colocar o relatório debaixo de resmas de assuntos, saíram-se agora com uma teoria de conspiração terrorista que atribui à direita a autoria dos incêndios, como estratégia para enfraquecer o Governo da esquerda. Da Roma antiga à ascensão nazi na Alemanha, a História está cheia de manobras destas e sabe-se o que elas provocaram. A conspiração que existiu foi a que mudou em Abril a maioria da estrutura de comando da Protecção Civil, trocando quadros experientes por "boys" inexperientes, da direcção nacional aos comandantes distritais, como o relatório que se queria esquecer diz claramente, a conspiração que existiu foi a de quem, contra as previsões meteorológicas e conselhos de especialistas, desmobilizou a 1 de Outubro o dispositivo de combate a incêndios, retirando operacionais e meios pesados, reduzindo praticamente a metade a capacidade antes existente. Nesta matéria, Centeno e Costa têm responsabilidades - o primeiro porque, com a sua austeridade camuflada, apertou os ministérios e forçou poupanças perigosas, e o segundo porque não resistiu ao apelo de umas nomeações de favor, que uma governante incapaz executou com mais desvelo do que a sua missão principal, que é a de proteger os cidadãos. Os erros do passado, de várias décadas, contam a nível estratégico (florestas, ordenamento, etc.), mas os erros tácticos e conjunturais contam muito - e este ano foram múltiplos, com o desgraçado resultado que se conhece. Há o nível do ordenamento florestal, há o nível do combate aos incêndios e há o nível da protecção das vidas humanas. O Estado falhou em todos os níveis. O único terrorismo que aqui vislumbro é o terrorismo de Estado. Não podemos mudar o passado, mas podemos melhorar o futuro.
Semanada
Este ano já morreram mais pessoas em incêndios florestais do que no conjunto dos últimos 15 anos • no Orçamento do Estado de 2017, em vigor, o Governo fez um corte de 12% nas verbas para meios de prevenção e combate a fogos florestais, em relação ao que estava no Orçamento de 2016 • a Rede Nacional dos 236 Postos de Vigia à floresta foi desactivada a 1 de Outubro pelo fim do contrato a prazo dos elementos que os integravam • na mesma data, o Governo reduziu para metade os meios de combate a incêndios, apesar das previsões meteorológicas desfavoráveis • os gastos de gabinetes governamentais estimados no Orçamento para 2018 estão acima dos verificados nos governos de Sócrates, que eram superiores aos verificados no governo de Passos Coelho • as novas despesas do Estado somam quase 500 milhões de euros em 2018 • o corte no défice de 1% é todo feito pela via da receita, ou seja, mais impostos, taxas e taxinhas • o Orçamento prevê um aumento de 2,6% nas receitas com taxas e multas, que atingirão 3 mil milhões de euros • aumento do orçamento do Ministério do Ambiente: 75,8% • aumento do orçamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros: 10,9% • aumento do orçamento do Ministério das Finanças: 18,7% • aumento do orçamento do Ministério do Planeamento: 20,1% • aumento do orçamento do Ministério da Cultura: 11,3% • aumento do orçamento do Ministério da Administração Interna: 5,9% • aumento do orçamento do Ministério da Saúde: 2,4% • diminuição do orçamento do Ministério da Educação: 2,9%.
Ver
Na Culturgest, estão duas exposições notáveis, ambas com curadoria de Delfim Sardo, ambas exemplos da diversidade criativa norte-americana do final da década de 1960 e década de 1970 do século passado. Começo por "Splitting, cutting, writing, drawing, eating... Gordon Matta-Clark", que mostra o percurso de um dos mais marcantes artistas norte-americanos da sua geração - morreu em 1978 com 35 anos. Arquitecto de formação, Matta-Clark fez desenho, escultura, interveio em edifícios devolutos desconstruindo a sua estrutura e fez performance em espaços públicos - de que é bom exemplo o restaurante Food, um ponto de encontro de artistas, aqui recordado num filme de Matta-Clark e de Robert Frank (o fotógrafo da obra The Americans). A outra exposição, "Time Capsule", é dedicada à revista Aspen, um projecto fascinante criado em 1965 e que durou até 1971, publicando dez números, na época disponíveis apenas por assinatura. A publicação foi concebida como uma caixa dentro da qual vinham diversos materiais, uns impressos, outros gravados, como discos, e até filme em bobine. Cada número tinha um editor e designer diferente e a Aspen tornou-se um espelho de novas tendências. A exposição mostra todos os números da revista a partir da colecção de António Neto Alves, que demorou cerca de uma dezena de anos a conseguir obter todas as edições. Além dos exemplares da Aspen, a exposição contextualiza cada número com o auxílio de diverso material complementar. É sobretudo empolgante pensar como a Aspen foi criada a partir de um suporte tradicional em papel, que em diversas ocasiões juntou registos de som e de imagem, quase de forma premonitória em relação ao que hoje é possível fazer em publicações de suporte digital e distribuição na internet. Imperdível, até 7 de Janeiro.
Arco da velha
Segundo o Tribunal de Contas, a Administração Central do Sistema de Saúde falseou tempos de espera para consultas e cirurgias nos hospitais e, entre 2014 e 2016, mais de 27 mil doentes ficaram em lista de espera por uma cirurgia, dos quais 2.600 morreram antes de serem operados.
Folhear
Em Portugal, como em muitos países com História e tradições, há variações idiomáticas regionais, que vão da pronúncia até à existência de palavras e expressões que só se usam localmente - é o que acontece, por exemplo, em Trás-os-Montes onde uma capilota é uma sova, um farsolento é um vaidoso, uma novilheira é uma pessoa que tem sempre novidades ou unguento pode querer dizer dinheiro. Por isso mesmo, Cidália Martins, José Pires e Mário Sacramento compilaram o "Dicionário de Palavras Soltas do Povo Transmontano". Com mais de 10.200 palavras e expressões típicas de Trás-os-Montes, desde o vocabulário em vias de extinção, passando pelo calão, pela gíria, até às palavras e expressões castiças reinventadas pela nova gente transmontana, este dicionário surge como um valioso instrumento para dar a conhecer o vasto património da língua portuguesa, cuja grande riqueza reside na sua diversidade. No prefácio, o Professor Adriano Moreira classifica este dicionário como "uma obra prática, leve e lúdica" e recorda que "a língua é uma essencial expressão da identidade dos povos", sublinhando que "o nosso idioma global também vive e renasce no singular, no que é específico de determinadas localidades, regiões, aldeias". Edição Guerra & Paz.
Gosto
Da frontalidade da comunicação ao país de Marcelo Rebelo de Sousa na noite de terça-feira.
Não gosto
Do cinismo da comunicação ao país de António Costa na noite de segunda-feira.
Ouvir
Miles Davis começou a gravar para a etiqueta Prestige em 1951 e, em 1955, depois do êxito obtido no Festival de Newport, foi para estúdio com o seu quinteto e gravou, em três extensas sessões, realizadas no final de 1955 e em 1956, uma série de discos hoje considerados o ponto de viragem decisivo da sua música. "The Legendary Prestige Quintet Sessions" é uma caixa de quatro CD, originalmente editada em 2006, agora reeditada e disponível no mercado nacional. O disco 1 recolhe gravações editadas no LP "The New Miles Davis Quintet", que incluía John Coltrane no saxofone, Red Garland no piano, Paul Chambers no baixo e Philly Joe Jones na bateria, além de Miles no trompete. O disco 2 recolhe temas gravados nos LP "Relaxin' With The Miles Davis Quintet" e "Steamin' With The Miles Davis Quartet". O disco 3 recolhe gravações dos LP "Miles Davis and the Modern Jazz Giants", "Workin' with the Miles Davis Quintet" e "Cookin' With The Miles Davis Quintet". O disco 4 recolhe gravações feitas em programas de rádio e televisão, que aqui tiveram a sua primeira edição em disco e também alguns solos de Davis registados durante as sessões de estúdio. As gravações foram remasterizadas a partir das fitas originais e a caixa inclui um livro de 52 páginas com um texto de Bob Blumenthal, que permite enquadrar a forma como tudo se passou. Disponível na FNAC e El Corte Inglés.
Dixit
Como se estão a criar muitos compromissos futuros assentes numa economia de redistribuição, e não numa economia de investimento, temo que no futuro fiquemos na maré vazia e sem calções, como já sucedeu.
João Duque
Professor do ISEG, sobre o Orçamento do Estado.
Provar
A chef Luísa Fernandes ganhou fama em Nova Iorque, para onde foi aos 49 anos, depois de ter sido pára-quedista e enfermeira. Começou como pasteleira num restaurante português, o Alfama, e depois de ter estado no Galitos, Park Blue e Nomad, terminou como chef num dos mais prestigiados restaurantes nova-iorquinos, o Robert. Há menos de um ano regressou a Portugal e, há poucos meses, abriu junto à Avenida da Liberdade o seu próprio restaurante, Peixe na Avenida. Focado no tema do mar, tem uma decoração sóbria e confortável. Ao almoço, há uma proposta de menu executivo por 14 euros (entrada, prato à escolha entre três propostas, sobremesa, bebida e café). À noite, há uma carta com boa diversidade de propostas, que contempla incursões em, ceviche, sushi e sashimi, todos com um toque português. Numa recente visita, a mesa provou atum braseado com escabeche de uvas e cebola roxa, ceviche de atum rabilho dos açores, sushi de atum com tempura de batata doce, pargo selvagem com batata vitelote e peixinhos da horta, bacalhau asiático com couve bok choy e arroz de bambu selvagem e ainda um bacalhau mais português, escalfado em azeite com esmagada de batata e nabiças. O destaque vai para o ceviche, o atum braseado e para o bacalhau asiático. A sobremesa foi uma tarte tatin de maçã servida com um surpreendente gelado de violeta. O vinho da casa é Quinta da Pacheca e revelou-se boa companhia. O Peixe na Avenida fica ao fundo da Rua Conceição da Glória, no número 2, na esquina com a Av. Liberdade. Encerra à segunda, sábado e domingo. Aberto ao jantar. Telefone 309 765 939.
O Estado é o mais frio de todos os monstros. Ele mente friamente. Da sua boca sai esta mentira: "Eu, o Estado, sou o povo."
Nietzsche
Os incendiários da história
É uma terrível coincidência que, dias depois de o Governo tentar fazer esquecer e subalternizar o relatório sobre o incêndio de Pedrógão Grande, uma nova catástrofe tenha colocado ainda mais a nu o que então tinha corrido mal, e que agora se repetiu. Os "spin doctors", que na semana passada andaram a tentar colocar o relatório debaixo de resmas de assuntos, saíram-se agora com uma teoria de conspiração terrorista que atribui à direita a autoria dos incêndios, como estratégia para enfraquecer o Governo da esquerda. Da Roma antiga à ascensão nazi na Alemanha, a História está cheia de manobras destas e sabe-se o que elas provocaram. A conspiração que existiu foi a que mudou em Abril a maioria da estrutura de comando da Protecção Civil, trocando quadros experientes por "boys" inexperientes, da direcção nacional aos comandantes distritais, como o relatório que se queria esquecer diz claramente, a conspiração que existiu foi a de quem, contra as previsões meteorológicas e conselhos de especialistas, desmobilizou a 1 de Outubro o dispositivo de combate a incêndios, retirando operacionais e meios pesados, reduzindo praticamente a metade a capacidade antes existente. Nesta matéria, Centeno e Costa têm responsabilidades - o primeiro porque, com a sua austeridade camuflada, apertou os ministérios e forçou poupanças perigosas, e o segundo porque não resistiu ao apelo de umas nomeações de favor, que uma governante incapaz executou com mais desvelo do que a sua missão principal, que é a de proteger os cidadãos. Os erros do passado, de várias décadas, contam a nível estratégico (florestas, ordenamento, etc.), mas os erros tácticos e conjunturais contam muito - e este ano foram múltiplos, com o desgraçado resultado que se conhece. Há o nível do ordenamento florestal, há o nível do combate aos incêndios e há o nível da protecção das vidas humanas. O Estado falhou em todos os níveis. O único terrorismo que aqui vislumbro é o terrorismo de Estado. Não podemos mudar o passado, mas podemos melhorar o futuro.
Este ano já morreram mais pessoas em incêndios florestais do que no conjunto dos últimos 15 anos • no Orçamento do Estado de 2017, em vigor, o Governo fez um corte de 12% nas verbas para meios de prevenção e combate a fogos florestais, em relação ao que estava no Orçamento de 2016 • a Rede Nacional dos 236 Postos de Vigia à floresta foi desactivada a 1 de Outubro pelo fim do contrato a prazo dos elementos que os integravam • na mesma data, o Governo reduziu para metade os meios de combate a incêndios, apesar das previsões meteorológicas desfavoráveis • os gastos de gabinetes governamentais estimados no Orçamento para 2018 estão acima dos verificados nos governos de Sócrates, que eram superiores aos verificados no governo de Passos Coelho • as novas despesas do Estado somam quase 500 milhões de euros em 2018 • o corte no défice de 1% é todo feito pela via da receita, ou seja, mais impostos, taxas e taxinhas • o Orçamento prevê um aumento de 2,6% nas receitas com taxas e multas, que atingirão 3 mil milhões de euros • aumento do orçamento do Ministério do Ambiente: 75,8% • aumento do orçamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros: 10,9% • aumento do orçamento do Ministério das Finanças: 18,7% • aumento do orçamento do Ministério do Planeamento: 20,1% • aumento do orçamento do Ministério da Cultura: 11,3% • aumento do orçamento do Ministério da Administração Interna: 5,9% • aumento do orçamento do Ministério da Saúde: 2,4% • diminuição do orçamento do Ministério da Educação: 2,9%.
Ver
Na Culturgest, estão duas exposições notáveis, ambas com curadoria de Delfim Sardo, ambas exemplos da diversidade criativa norte-americana do final da década de 1960 e década de 1970 do século passado. Começo por "Splitting, cutting, writing, drawing, eating... Gordon Matta-Clark", que mostra o percurso de um dos mais marcantes artistas norte-americanos da sua geração - morreu em 1978 com 35 anos. Arquitecto de formação, Matta-Clark fez desenho, escultura, interveio em edifícios devolutos desconstruindo a sua estrutura e fez performance em espaços públicos - de que é bom exemplo o restaurante Food, um ponto de encontro de artistas, aqui recordado num filme de Matta-Clark e de Robert Frank (o fotógrafo da obra The Americans). A outra exposição, "Time Capsule", é dedicada à revista Aspen, um projecto fascinante criado em 1965 e que durou até 1971, publicando dez números, na época disponíveis apenas por assinatura. A publicação foi concebida como uma caixa dentro da qual vinham diversos materiais, uns impressos, outros gravados, como discos, e até filme em bobine. Cada número tinha um editor e designer diferente e a Aspen tornou-se um espelho de novas tendências. A exposição mostra todos os números da revista a partir da colecção de António Neto Alves, que demorou cerca de uma dezena de anos a conseguir obter todas as edições. Além dos exemplares da Aspen, a exposição contextualiza cada número com o auxílio de diverso material complementar. É sobretudo empolgante pensar como a Aspen foi criada a partir de um suporte tradicional em papel, que em diversas ocasiões juntou registos de som e de imagem, quase de forma premonitória em relação ao que hoje é possível fazer em publicações de suporte digital e distribuição na internet. Imperdível, até 7 de Janeiro.
Arco da velha
Segundo o Tribunal de Contas, a Administração Central do Sistema de Saúde falseou tempos de espera para consultas e cirurgias nos hospitais e, entre 2014 e 2016, mais de 27 mil doentes ficaram em lista de espera por uma cirurgia, dos quais 2.600 morreram antes de serem operados.
Folhear
Em Portugal, como em muitos países com História e tradições, há variações idiomáticas regionais, que vão da pronúncia até à existência de palavras e expressões que só se usam localmente - é o que acontece, por exemplo, em Trás-os-Montes onde uma capilota é uma sova, um farsolento é um vaidoso, uma novilheira é uma pessoa que tem sempre novidades ou unguento pode querer dizer dinheiro. Por isso mesmo, Cidália Martins, José Pires e Mário Sacramento compilaram o "Dicionário de Palavras Soltas do Povo Transmontano". Com mais de 10.200 palavras e expressões típicas de Trás-os-Montes, desde o vocabulário em vias de extinção, passando pelo calão, pela gíria, até às palavras e expressões castiças reinventadas pela nova gente transmontana, este dicionário surge como um valioso instrumento para dar a conhecer o vasto património da língua portuguesa, cuja grande riqueza reside na sua diversidade. No prefácio, o Professor Adriano Moreira classifica este dicionário como "uma obra prática, leve e lúdica" e recorda que "a língua é uma essencial expressão da identidade dos povos", sublinhando que "o nosso idioma global também vive e renasce no singular, no que é específico de determinadas localidades, regiões, aldeias". Edição Guerra & Paz.
Gosto
Da frontalidade da comunicação ao país de Marcelo Rebelo de Sousa na noite de terça-feira.
Não gosto
Do cinismo da comunicação ao país de António Costa na noite de segunda-feira.
Ouvir
Miles Davis começou a gravar para a etiqueta Prestige em 1951 e, em 1955, depois do êxito obtido no Festival de Newport, foi para estúdio com o seu quinteto e gravou, em três extensas sessões, realizadas no final de 1955 e em 1956, uma série de discos hoje considerados o ponto de viragem decisivo da sua música. "The Legendary Prestige Quintet Sessions" é uma caixa de quatro CD, originalmente editada em 2006, agora reeditada e disponível no mercado nacional. O disco 1 recolhe gravações editadas no LP "The New Miles Davis Quintet", que incluía John Coltrane no saxofone, Red Garland no piano, Paul Chambers no baixo e Philly Joe Jones na bateria, além de Miles no trompete. O disco 2 recolhe temas gravados nos LP "Relaxin' With The Miles Davis Quintet" e "Steamin' With The Miles Davis Quartet". O disco 3 recolhe gravações dos LP "Miles Davis and the Modern Jazz Giants", "Workin' with the Miles Davis Quintet" e "Cookin' With The Miles Davis Quintet". O disco 4 recolhe gravações feitas em programas de rádio e televisão, que aqui tiveram a sua primeira edição em disco e também alguns solos de Davis registados durante as sessões de estúdio. As gravações foram remasterizadas a partir das fitas originais e a caixa inclui um livro de 52 páginas com um texto de Bob Blumenthal, que permite enquadrar a forma como tudo se passou. Disponível na FNAC e El Corte Inglés.
Dixit
Como se estão a criar muitos compromissos futuros assentes numa economia de redistribuição, e não numa economia de investimento, temo que no futuro fiquemos na maré vazia e sem calções, como já sucedeu.
João Duque
Professor do ISEG, sobre o Orçamento do Estado.
Provar
A chef Luísa Fernandes ganhou fama em Nova Iorque, para onde foi aos 49 anos, depois de ter sido pára-quedista e enfermeira. Começou como pasteleira num restaurante português, o Alfama, e depois de ter estado no Galitos, Park Blue e Nomad, terminou como chef num dos mais prestigiados restaurantes nova-iorquinos, o Robert. Há menos de um ano regressou a Portugal e, há poucos meses, abriu junto à Avenida da Liberdade o seu próprio restaurante, Peixe na Avenida. Focado no tema do mar, tem uma decoração sóbria e confortável. Ao almoço, há uma proposta de menu executivo por 14 euros (entrada, prato à escolha entre três propostas, sobremesa, bebida e café). À noite, há uma carta com boa diversidade de propostas, que contempla incursões em, ceviche, sushi e sashimi, todos com um toque português. Numa recente visita, a mesa provou atum braseado com escabeche de uvas e cebola roxa, ceviche de atum rabilho dos açores, sushi de atum com tempura de batata doce, pargo selvagem com batata vitelote e peixinhos da horta, bacalhau asiático com couve bok choy e arroz de bambu selvagem e ainda um bacalhau mais português, escalfado em azeite com esmagada de batata e nabiças. O destaque vai para o ceviche, o atum braseado e para o bacalhau asiático. A sobremesa foi uma tarte tatin de maçã servida com um surpreendente gelado de violeta. O vinho da casa é Quinta da Pacheca e revelou-se boa companhia. O Peixe na Avenida fica ao fundo da Rua Conceição da Glória, no número 2, na esquina com a Av. Liberdade. Encerra à segunda, sábado e domingo. Aberto ao jantar. Telefone 309 765 939.
Mais artigos de Opinião
O poder da Imprensa
22.12.2024
O poder da voz
15.12.2024
Tendências de mídia
08.12.2024
Onde está o Wally?
01.12.2024
Coisas do manicómio
24.11.2024
A publicidade na campanha americana
17.11.2024