Opinião
Médio Oriente: o tempo das armas
Os países do Golfo Pérsico têm aumentado substancialmente os seus gastos em armamento nos últimos cinco anos. A Primavera Árabe e os conflitos armados na região são a razão principal.
Sem que se perceba ainda bem qual a política da administração Trump para o Médio Oriente e perante as alianças que se vão forjando na região (as aproximações entre o Egipto, que alberga um terço da população sunita árabe, e o Irão, o grande país de maioria xiita, são visíveis), os conflitos continuam sem terminar. Por isso não admira que, para lá dos países em guerra (Síria, Iraque, Líbia, Iémen), tenha existido nos últimos tempos um reforço do poder militar de outras nações. Nos últimos cinco anos as monarquias do Golfo aumentaram 154% as compras de armas, segundo o Instituto de Investigação para a Paz Internacional (SIPRI), que tem sede em Estocolmo. A Arábia Saudita, país mais gastador, aumentou os seus gastos em 212%, tornando-se o segundo maior importador mundial depois da Índia. Cerca de um sexto das vendas de material militar teve como destino a região do Golfo. O principal exportador foi os Estados Unidos, que forneceu 60% desse material militar. Tudo tem a ver com uma perspectiva de defesa, a começar pelo receio da Arábia Saudita, depois da chamada Primavera Árabe e dos conflitos na Síria e Iémen.
Os Emirados Árabes Unidos são o terceiro maior importador mundial (era o décimo no quinquénio anterior), ao aumentar as compras de armamento em 63%, o que mostra a aposta dos EAU em tornar-se uma potência política e militar na região, que o levou inclusivamente a participar no conflito do Iémen. O Qatar (que surge em 22.º lugar entre os países importadores de armas), e que é o sétimo país exportador de gás a nível mundial, tem vindo também a assumir um papel cada vez mais activo na região. Em cinco anos a sua capacidade militar reforçou-se substancialmente e o Qatar é hoje uma peça fulcral no xadrez do Médio Oriente. Não deixa de ser curioso que uma das monarquias do Golfo que mais tem aumentado a sua força militar tem sido Omã, que costuma ser o interlocutor privilegiado das diferentes forças árabes (sobretudo Arábia Saudita e Irão), surgindo quase sempre como factor de conciliação nos diferendos regionais. Omã multiplicou por sete as importações, embora a sua atitude pareça ser sobretudo defensiva. Omã foi o país que maior percentagem do seu Orçamento de Estado dedicou à defesa (16,2%), seguido da Arábia Saudita (13,7%). É interessante verificar que o investimento dos países do Golfo se situa sobretudo a nível de caças de combate e de sistemas de defesa. No entanto, os EUA não lhes forneceram os modernos F-35, que na região do Médio Oriente foram apenas destinados a Israel e à Turquia.
China: As reformas em marcha
O Presidente Xi Jinping tem uma nova aposta: as estâncias de neve da China, que deseja possam vir a rivalizar com as de outros países. Mas, além disso, outros desafios se colocam neste momento ao Império do Meio. Um deles é o do valor da moeda nacional, o renminbi. O seu fraco valor foi um importante factor pra o crescimento da economia. Neste momento há quem comece a duvidar disso. Muitas das empresas chinesas estão focadas nos mercados externos, e uma moeda fraca dá vantagens competitivas.
Mas há o outro lado da questão: a concorrência interna na China é feroz e, com uma moeda fraca, a pressão para se baixar ainda mais os preços é avassaladora. O que reduz os ganhos. Este é um dos temas em debate na sessão anual do Congresso do Povo que começou no fim-de-semana. Fala-se que o interesse do mercado é que a moeda tenha um valor face ao dólar ainda menor, algo que choca com as acusações de Donald Trump. As autoridades chinesas têm noção disso: por isso têm gasto muitas reservas de moeda estrangeira para suster a queda do renminbi. Ao mesmo tempo defrontam-se com outro desafio: as fugas de dólares da China continental para Hong Kong, feitas porque tem medo de mais perdas cambiais. Isto não ignora outro aspecto: a China está a tentar deixar de ser a fábrica dos preços baratos. Ou seja: as escolhas são variadas.
Também em debate no Congresso do Povo estará a questão dos estímulos fiscais, o que parece ser a aposta do Governo chinês para este ano, em vez de actuar com medidas de política monetária, já que o crescimento da economia se manteve estável. O JP Morgan espera que a moeda volte a depreciar face ao dólar (de 6,87 renminbi para um dólar, para 7.1). O futuro da economia chinesa também depende destas decisões estratégicas.
Macau: receitas aumentam
A receita bruta dos casinos de Macau registou em Fevereiro o crescimento mais elevado dos últimos sete meses, tendo aumentado 17,8% para 22.991 milhões de patacas (2.873 milhões de dólares). A partir de Agosto de 2016, a única taxa de crescimento homóloga que teve dois dígitos tinha ocorrido em Novembro com uma variação positiva de 14,4%. Em 2016, as receitas do jogo em casino em Macau atingiram 223.210 milhões de patacas (27.901 milhões de dólares), montante que representa uma contracção de 3,3% relativamente ao valor contabilizado em 2015, com 230.840 milhões de patacas. No final de 2016, havia em Macau 38 casinos das seis concessionárias. Nos próximos dois anos deverão abrir três novos complexos turísticos com casino no Cotai.
Síria: mais tropas americanas
Os EUA aumentaram o número das suas forças na cidade síria de Manbij, já que têm aumentado os receios de uma escalada de conflitos entre as diferentes milícias e tropas turcas presentes na zona. É evidente a presença de mais militares americanos em veículos Stryker e Humvee, junto de uma das frentes de batalha contra o Daesh. A Turquia tem criticado a presença de forças curdas do YPG na cidade que ajudaram a conquistar e que são treinadas pelos EUA.
Malásia: expulsa diplomata
A situação na península coreana continua tensa, depois de mais um ensaio de mísseis pela Coreia do Norte e também pela expulsão do embaixador do país na Malásia após ter recusado pedir desculpas sobre as suas declarações sobre a forma como as autoridades desta nação estão a conduzir as investigações à morte de Kim Jong-nam, o meio-irmão do líder norte-coreano, que morreu após ter sido exposto a um gás letal chamado "VX". Desde então tem sido visível uma batalha legal entre a Coreia do Norte e a Malásia.