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Acabou o espectáculo

Hoje em dia há quem, nos chamados clubes profissionais, pugne por tornar o futebol uma soma de vários dos sete pecados mortais. A gula, a luxúria, a inveja e a soberba correm livres pelo mundo do futebol nacional.

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Terminou o espectáculo, empolgante dentro do relvado, deprimente fora dele, a que se assistiu durante quase um ano. O FC Porto, com justiça (porque foi a equipa que ousou lutar para vencer), venceu a Liga portuguesa. Sporting e Benfica, quais meninos traquinas, dedicam-se agora a apanhar as canas. Que podem ter algum açúcar (se um deles chegar ao quadro principal da Liga dos Campeões) ou nenhum.

 

Para Luís filipe Vieira e Bruno de Carvalho esta temporada foi um desastre. No futebol não há contemplações: ou existe o êxito ou há apenas lugar para o drama. Este campeonato, nesse aspecto, foi uma peça de teatro coreografada e interpretada dentro dos melhores princípios da comédia portuguesa. Provou-se também, que o futebol indígena, é uma versão gastronómica da célebre "fast food": não se desfruta, não se digere, não se saboreia com prazer. Tudo tem um sabor amargo, que qualquer pessoa com bom senso quer esquecer rapidamente. O futebol, por aqui, não é encarado como uma indústria. Não é por acaso que, mesmo tendo em consideração a diferença de meios financeiros, um dia destes até o campeão nacional terá de ir a uma pré-eliminatória para aceder à Liga dos Campeões. A UEFA não precisa de fazer nada: os dirigentes portugueses entretêm-se a destruir o seu próprio negócio.

 

Numa das grandes obras da literatura brasileira, "Macunaíma", Mário de Andrade coloca o herói do livro a inventar o futebol e adjectiva-o, de forma bondosa, como uma "praga", da mesma família do bicho-do-café e da lagarta rosada. Hoje em dia há quem, nos chamados clubes profissionais, pugne por tornar o futebol uma soma de vários dos sete pecados mortais. A gula, a luxúria, a inveja e a soberba correm livres pelo mundo do futebol nacional. Chegados ao fim da época, o FC Porto tem razão em ter orgulho na sua estratégia. Bruno de Carvalho ficou com a fama e não o proveito. E Luís Filipe Vieira, ao considerar que assessores são mais valiosos do que jogadores, destruiu tudo o que parecia ter criado. Agora chore-se a falta dos milhões.

 

Grande repórter

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