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O automóvel ainda é essencial nas nossas vidas?

Há cada vez mais alternativas ao uso de viatura própria para se deslocar nas cidades. Contudo, muitos dos novos serviços, como é o caso do "carsharing", ainda existem apenas em Lisboa. Assim, decidir não ter um automóvel é bastante mais difícil para quem não reside na capital. Mas mesmo para quem decide pelo veículo próprio há ofertas com custos muito distintos.

Pedro Curvelo pedrocurvelo@negocios.pt 31 de Outubro de 2018 às 17:00
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Ter automóvel
Os custos da maior liberdade

Apesar das muitas soluções de mobilidade disponíveis nos grandes centros urbanos, a opção por ter uma viatura própria continua a ser a preferida de muitos utilizadores. O investimento necessário, os gastos com seguros, imposto único de circulação (IUC), manutenção e estacionamento, por exemplo, são factores a considerar na altura de escolher a viatura a adquirir. O Negócios indica-lhe algumas formas de reduzir os encargos.

O primeiro passo é a identificação de qual é o seu perfil de utilização do veículo e, depois, analisar os modelos disponíveis no mercado tendo em conta o uso que pretende.

Gasolina, gasóleo ou eléctrico?

Os automóveis a gasolina são habitualmente mais baratos do que os veículos comparáveis a diesel. No entanto, em termos de custo dos combustíveis os automóveis a gasóleo revelam-se mais económicos. Por norma, a opção por um veículo a gasóleo justifica-se quando se percorre maiores distâncias. Os automóveis a gasóleo são também mais penalizados em termos fiscais, existindo um adicional do IUC para estes veículos.

Os automóveis eléctricos, por seu turno, são mais caros do que os veículos a combustíveis fósseis. Contudo, apresentam vantagens no médio prazo: menores custos de manutenção, gastos inferiores em consumo (neste momento, aliás, os carregamentos nos postos normais da rede Mobi.e são gratuitos, enquanto nos postos rápidos começam a ser pagos a 1 de Novembro) e permitem o estacionamento gratuito em Lisboa (pagando o utilizador uma anualidade de 12 euros à EMEL), Beja, Guimarães, Mirandela, Oeiras, Funchal, Loures e Setúbal. No Porto, estes veículos beneficiam de um desconto de 15% no estacionamento. Adicionalmente, os veículos 100% eléctricos estão isentos do pagamento quer do IUC quer do Imposto sobre Veículos (ISV).

À partida, também os custos de energia eléctrica são mais estáveis do que os dos combustíveis como a gasolina ou gasóleo, o que permite prever mais facilmente as despesas.

Os veículos eléctricos ainda apresentam um problema de autonomia, que é mais notório quando a sua utilização diária é mais intensiva, ou seja, percorrem maiores distâncias.

Entre os factores a considerar estão também aspectos diversos que vão desde a disponibilidade ou não de lugares de estacionamento gratuitos junto, por exemplo, do local de emprego.

Quanto a outras despesas associadas à utilização de viatura própria, que são comuns a todos os veículos, a melhor forma de poupar é comparar as ofertas existentes no mercado. É o caso, por exemplo, dos seguros obrigatórios.

A opção por possuir um automóvel obriga também a despesas de manutenção e, a partir dos quatro anos de matrícula, a inspecções periódicas.


6.300
Custos anuais
Ter automóvel a gasolina representava em 2016 um custo de 6.300 euros, segundo um estudo da LeasePlan.


Tome nota

Ainda vale a pena ter um automóvel?

Ter viatura própria sai caro. Mas pode compensar, até pelo conforto e liberdade de circulação.

Maior liberdade de movimentos
A maior liberdade de movimentos é o aspecto mais positivo da utilização de viatura própria. O automóvel permite ao utilizador total liberdade em termos de percursos e horários, bem como um maior conforto nas deslocações.

Custos mais elevados
A opção por viatura própria implica, desde logo, um investimento inicial considerável. A este somam-se despesas de manutenção, seguro, "selo do carro", estacionamento e combustíveis.

Falta de alternativas
Com excepção de Lisboa, quase não existem alternativas ao uso de viatura própria para além dos transportes públicos, táxis e plataformas electrónicas como a Uber, Taxify, Cabify ou Chauffeur Privé. Nas plataformas, a Uber e a Cabify operam em várias cidades, a Taxify opera em Lisboa e Porto, e a Chauffeur Privé só em Lisboa. 



Não ter automóvel
Opções variadas só em Lisboa

Nos últimos anos têm surgido novas alternativas para a mobilidade urbana que permitem a cada vez mais pessoas optar por não ter uma viatura própria e continuar a deslocar-se no seu dia-a-dia. O Negócios analisa alguma das opções disponíveis.

O primeiro aspecto que deve considerar é se as suas necessidades quotidianas se adequam à opção por não ter viatura própria. De seguida, olhando para as alternativas ao dispor, identificar a que melhor responde às necessidades.

Transportes públicos

A utilização da rede de transportes públicos pode ser a escolha mais indicada, principalmente se nos seus trajectos habituais se encontra bem servido pela rede existente.

Não exige um investimento inicial como na aquisição de viatura, nem despesas com consumos ou estacionamento. Existem desvantagens, quer ao nível do conforto quer ao nível de disponibilidade de aceder a outros locais. E há sempre a questão das avarias, atrasos e de possíveis greves.

A favor desta opção está a medida prevista na proposta de Orçamento do Estado para 2019 que prevê uma redução no preço dos passes sociais.

"Carsharing"

Nos últimos anos surgiram as primeiras ofertas de "carsharing" em Lisboa. Trata-se de um serviço de aluguer de viaturas por períodos curtos. Actualmente, apenas a capital portuguesa conta com este tipo de serviços.

O serviço funciona através de uma aplicação (app), com a qual o utilizador reserva uma viatura, desloca-se até onde esta se encontra e desbloqueia-a. Após utilizar o veículo, o condutor deixa o automóvel nas zonas delimitadas para o efeito e volta a bloquear o veículo.

Em Lisboa existem a DriveNow e a eMov, esta última com veículos 100% eléctricos. Os preços por minuto oscilam entre os 14 e os 27 cêntimos.

Para outros perfis de utilizadores estão ainda disponíveis as scooters eléctricas da eCooltra e as bicicletas tradicionais e eléctricas da Gira, que funcionam em moldes semelhantes. Estes serviços apenas existem em Lisboa, havendo, no entanto, em outras localidades, ofertas semelhantes com bicicletas.

Táxis e plataformas electrónicas

Outra alternativa, embora não esteja direccionada para a utilização diária, é o recurso aos táxis ou às plataformas electrónicas como a Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé. Destas, a Uber tem a rede mais vasta, operando em Lisboa, Porto, Braga, Guimarães e Algarve.

No entanto, estes serviços apresentam custos significativamente superiores aos dos transportes públicos e do "carsharing", não constituindo uma alternativa eficaz para os utilizadores que necessitam de realizar deslocações diárias, por exemplo, para o emprego.


4,2
"carsharing"
O custo de utilizar o serviço mais barato de "carsharing" por 20 minutos é de 4,20 euros.


Tome nota

Os prós e contras de não ter automóvel

A opção de não possuir viatura própria permite poupar. Mas a falta de alternativas dificulta o dia-a-dia.

Sem necessidade de investimento inicial
A opção por formas de mobilidade alternativas ao uso de veículo próprio apresenta uma grande vantagem imediata: a dispensa de realizar um investimento inicial avultado. Também permite pagar apenas pela utilização efectiva, sem grandes custos associados.

Oferta insuficiente e condicionamentos
Quer a nível de transportes públicos quer a nível de opções como o "carsharing", a oferta é, muitas vezes, insuficiente ou pouco adequada às necessidades. Nos centros urbanos, existem limitações nos transportes públicos ao nível de percursos, horários e fiabilidade. Pontualmente, estes problemas podem ser solucionados com o recurso ao táxi ou às plataformas electrónicas, mas estas são soluções mais caras. Já o "carsharing" apenas está disponível em Lisboa e em zonas limitadas, pelo que não constituem alternativas para os residentes noutras regiões do país.

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