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Cinco passos para assegurar a sua reforma

A reforma não é, muitas vezes, uma das prioridades imediatas dos portugueses. Mas quanto antes começar a poupar, menor será o esforço que terá de fazer. E maior será a margem para se adaptar a eventuais contratempos. A Segurança Social não vai conseguir garantir uma pensão equivalente ao último salário que vai receber. Por isso, se quer assegurar o mesmo nível de vida quando terminar a vida activa, saiba o que pode fazer o mais depressa possível.

31 de Outubro de 2014 às 11:00
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1. Começar cedo diminui o esforço de poupança

Poucos serão os portugueses que têm dúvidas sobre a necessidade de constituir um complemento de poupança para a reforma. A pensão a que terá direito da Segurança Social pode não ser suficiente para lhe garantir um nível de vida confortável e adequado às suas necessidades. De acordo com as simulações da Optimize, um português que tenha hoje 25 anos e um vencimento bruto de 1.200 euros, considerando um aumento médio anual de 2,5% até à reforma, terá uma pensão que vai representar pouco mais de metade (56,2%) do último salário. Uma conclusão que evidencia a urgência de poupar para a reforma. Quanto mais cedo começar a preparar este complemento de poupança, menor será o esforço que terá de fazer.

 

O ideal é que se comece a pensar nisso logo que se entra na vida activa, ainda que nesta fase, muitas vezes, não haja "a disponibilidade financeira suficiente para começar a constituir uma reserva para a reforma, pois existem despesas muito mais imediatas e outras preocupações", sublinha Marta Frazão, responsável pela área de reformas da Mercer Portugal. Mas vale a pena o esforço já que como "se trata de uma poupança de capitalização, em que o capital e os juros não deverão, à partida, ser resgatados, o efeito temporal pode ser significativo na acumulação de maior poupança", acrescenta Rui Castro Pacheco, responsável pela gestão de activos do Banco Best. Começar atempadamente a pensar neste tema vai também permitir aos consumidores ajustarem a sua estratégia de investimento de modo a proteger a poupança de factores externos que não conseguem controlar.

 

2. Defina os objectivos que quer cumprir

Definir objectivos é um passo essencial para começar a constituir uma poupança. Uma vez que deve começar a poupar para a reforma o quanto antes, provavelmente terá dificuldades em estimar que valores vai precisar quando terminar a sua vida activa. Ainda assim, alguns "sites", como o da Optimize, podem ajudá-lo a prever o montante que deverá aforrar ao longo da vida activa. Por exemplo, considerando o exemplo de um português que tenha hoje 25 anos e um vencimento bruto de 1.200 euros, considerando um aumento médio anual de 2,5% até à reforma, para chegar a uma taxa de substituição de 80% - o mais recomendável - teria de constituir uma poupança superior a 109 mil euros.

 

"O prazo de investimento, no caso da reforma, está relativamente bem definido", sublinha Rui Castro Pacheco. Contudo, é importante definir "as perspectivas de necessidades de liquidez futura, para que o objectivo e o prazo de investimento se possam adequar", conclui o responsável pela gestão de activos do Banco Best. Definir objectivos, de acordo com os rendimentos que for obtendo e as despesas em que incorrer, vai permitir seguir uma estratégia de poupança mais disciplinada e poderá contribuir para que o esforço de poupança seja melhor repartido ao longo da vida activa. Pode também questionar a sua empresa sobre a possibilidade de constituir um plano de pensões, até porque goza de "condições de negociação preferencial junto das entidades financeiras e pode facilitar a questão da poupança, mesmo que não tenha custos envolvidos", recomenda Marta Frazão.

 

3. Adeqúe a estratégia à sua idade

A poupança para a reforma deve ser o mais flexível possível. E deve ir sendo adequada à idade de quem a constitui. Características que também serão facilitadas pelo início da constituição do complemento de poupança para a reforma numa fase etária mais jovem. Deve constituir uma estratégia de poupança adequada ao seu perfil de risco. Contudo, "a distância para a idade da reforma é um factor muito relevante", defende Marta Frazão. "Aumentando o risco também estamos a aumentar o potencial ganho e quando estamos a 20/30 anos da reforma, embora rendibilidades passadas não sejam reflexo de rendibilidades futuras, historicamente tem se verificado que são consideravelmente mais altas do que em outras soluções mais conservadoras", acrescenta a responsável pela área de reformas da Mercer Portugal. Por isso, consumidores mais jovens devem apostar em investimentos mais agressivos mas que proporcionem retornos mais elevados e, assim, diminuam o esforço de poupança.

 

Mas "a partir de determinada idade, devem evitar-se grandes oscilações", sublinha a mesma especialista. A proximidade da idade da reforma diminuiu a capacidade de recuperação de perdas, pelo que nesta fase a opção deve passar por investimentos mais conservadores, que podem representar retornos inferiores, mas que não acarretem o risco de perda de capital. Muito importante é não apostar em activos que não conhece bem ou sobre os quais não recolheu informação suficiente. "Adquirir posições em activos ou instrumentos financeiros que não sejam percebidos pelo investidor, pode conduzir à tomada de decisões erradas, bem como à percepção errada dos riscos a que está sujeito", alerta Rui Castro Pacheco.

 

4. "Não coloque todos os ovos no mesmo cesto"

Este é um dos conselhos mais antigos no mundo dos investimentos. Como em qualquer outro tipo de poupança, diversificar é a palavra de ordem. É essencial que evite concentrar todos os investimentos num único tipo de activo, região ou sector. É fundamental "compor uma carteira com activos diferentes, cujas rendibilidades e riscos não sejam previsivelmente afectados da mesma forma por diferentes eventos, dando ao investidor uma protecção face a depreciações pontuais e extraordinárias que possam ocorrer em algum dos activos em que se investiu", frisa o responsável pela gestão de activos do Banco Best. Ou seja, deve constituir uma carteira de investimentos exposta a várias classes de activos, várias regiões, várias moedas, vários prazos e até várias instituições financeiras de modo a assegurar a estabilidade das suas poupanças e reduzir ao máximo a possibilidade de incorrer em perdas. Só diversificando o investimento consegue mitigar o risco a que está exposto.

 

5. Gerir o património depois da reforma

A esperança média de vida tem vindo a aumentar, o que significa que poderá viver cerca de 15 anos depois de se aposentar. Ou seja, o fim da vida activa não deve significar o fim da gestão da poupança constituída para a reforma. Deve continuar a gerir o seu património de modo a conseguir satisfazer todas as suas necessidades e garantir um nível de vida satisfatório. Deste modo, e se não precisar imediatamente do montante que foi acumulando ao longo da sua vida activa, o mais recomendável é que continue a geri-lo ainda que de forma conservadora, uma vez que à partida terá pouco tempo para recuperar de eventuais perdas.

 

A estratégia a seguir na gestão das suas poupanças deverá ser adequada aos seus objectivos, às suas necessidades e à sua situação financeira. Em alguns produtos, como é o caso dos planos poupança-reforma (PPR), existe a possibilidade de receber a sua poupança sob a forma de prestações periódicas e regulares, ou seja, rendas mensais vitalícias. "A nossa recomendação é que sejam feitas simulações para ver quanto é que se vai receber da Segurança Social, quanto é que se vai receber da empresa se tiver este benefício, qual é o nível de acumulação de poupança e depois fazer uma tentativa de auto-gestão, avaliar quais são os custos esperados e fazer o planeamento", explica Marta Frazão.

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