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As cinco "bíblias" do investimento

Das obras para principiantes às mais financeiras, passando pelos relatos e experiências dos grandes investidores em bolsa, há todo um manancial literário à sua espera.

31 de Outubro de 2012 às 09:56
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"Nos negócios só existem duas regras: Regra número 1: nunca perder dinheiro. Regra número 2: nunca esquecer a regra número 1". O conselho é de um dos mais bem sucedidos investidores do mundo, Warren Buffett, nascido em 1930 e dono do império Berkshire Hathaway. Mas até Buffett fez escolhas menos acertadas durante o seu processo de aprendizagem. O que, na sua opinião, é saudável: "Se não cometer erros, não conseguirá tomar decisões".

Que deve fazer, então, quem pretende iniciar-se como investidor? Antes de mais, ter em mente uma velha máxima sueca: "nunca remes mais do que aquilo que podes nadar de volta". Ser um investidor é saber aproveitar todo um mundo de oportunidades à espreita, mas um dos princípios de base é não apostar mais do que aquilo que pode perder. O resto… o resto surge com a experiência, com a intuição e a capacidade de análise. Para começar, há que aprender como funcionam os mercados e reter algumas regras fundamentais. Sobre eles e sobre si mesmo. Assim, os livros de investimento tornam-se imprescindíveis nesta fase. Das obras para principiantes às mais financeiras, passando pelos relatos e experiências dos grandes investidores em bolsa. Por entre o manancial literário dedicado ao assunto, podemos dizer que existem actualmente cinco clássicos do investimento. E quais são?


Diz uma velha máxima sueca: "nunca remes mais do que aquilo
que podes nadar de volta".



O mais indicado para se iniciar chama-se "One Up on Wall Street" e foi escrito por Peter Lynch. O autor defende que qualquer investidor, mesmo que leigo na matéria, pode tornar-se um perito tão bom como os profissionais de Wall Street. Basta fazer alguma investigação. Em seguida, nada como ler "The Essays of Warren Buffet". Estes ensaios funcionam como uma plataforma por onde pode começar a sua carreira de investimento.

Como terceira obra, escolha "Common Stocks and Uncommon Profits", de Philip Fisher, que lhe ensinará quais os 15 aspectos essenciais associados à qualidade de uma empresa. Como quarta opção, e ainda na mesma linha, tem "Stocks for the Long Run", de Jeremy J. Siegel. O autor defende que quem pretende investir o seu dinheiro por um longo período de tempo, deve fazê-lo em acções. E explica porquê.

Por esta altura já estará preparado para pegar no quinto clássico: "The Intelligent Investor", de Benjamin Graham, que lhe dá uma perspectiva histórica dos ciclos do investimento.

O sexto clássico não tem ainda título, pois é o seu. Prepare-se. É hora de começar a investir.



Os cinco clássicos do investimento



"One Up on Wall Street"

Autor Peter Lynch
Editora Simon & Schuster
Ano 2000 (reedição)
Preço 13,98 dólares

Depois de ler este livro, "One up on Wall Street" estará em posição de identificar as empresas de rápido crescimento e de crescimento cíclicos.

E saberá que números realmente contam quando olha para os resultados financeiros de uma empresa.

Com efeito, Peter Lynch, célebre gestor do Fundo Magellan, da Fidelity, promete que se você ignorar os altos e baixos do mercado e as intermináveis especulações em torno das taxas de juro, no longo prazo (entre cinco e quinze anos) a sua carteira de investimento irá recompensá-lo. O autor defende que qualquer investidor, mesmo que leigo na matéria, pode tornar-se um perito tão bom como os profissionais de Wall Street. Basta fazer alguma investigação.

Ao observar a evolução dos negócios e ao estar atento ao seu "mundo mais próximo" - desde o centro comercial até ao local de trabalho -, você pode descobrir, mesmo antes dos analisas profissionais, empresas com potencial de sucesso. Esteja atento.








"The Intelligent Investor"

Autor Benjamin Graham
Editora HarperCollins Publishers
Ano 1949 (1ª edição)
Preço 14,07 dólares (edição revista)

Guia prático para os investidores "defensivos" e "agressivos", onde é abordada a questão da composição das carteiras, os princípios elementares das acções, a selecção de títulos e a ideia de "margem de segurança".

Trata-se de um livro que dá uma perspectiva histórica dos ciclos do investimento. A filosofia de Benjamin Graham, do "investimento em valor" - que protege os investidores de erros crassos e os ensina a desenvolver estratégias de longo prazo - tornou este livro uma "bíblia do mercado accionista" desde a sua publicação original, em 1949. Para Graham, o importante é encontrar o valor intrínseco de uma empresa.

Quando esse valor é acuradamente calculado, basta esperar que as acções da empresa estejam a ser negociadas abaixo desse nível para então comprar. Segundo o autor, o lucro estará assim garantido. Benjamim Graham é conhecido como o pai do "value investment" e foi um dos grandes inspiradores de Warren Buffett. Buffett leu "The Intelligent Investor" com 19 anos e diz que o livro mudou a sua vida.






"The Essays of Warren Buffet"


Autor Warren Buffett, Lawrence Cunningham
Editora Carolina Academic PR
Ano 1998 (1ª edição)
Preço 36,85 dólares

Neste livro abordam-se temas bastante abrangentes, desde as fusões e aquisições até à governação das empresas.

Trata-se de uma compilação - elaborada pelo professor Lawrence Cunningham - das suas famosas cartas aos accionistas da Berkshire Hathaway, que oferece uma perspectiva dos mais de 40 anos de carreira de Warren Buffett como investidor.

Estes ensaios funcionam como uma plataforma por onde pode começar a sua carreira de investimento. "Se cálculo ou álgebra fossem necessários para se ser um grande investidor, eu teria de voltar a distribuir jornais", disse um dia este investidor.

Segundo Buffett, as competências matemáticas necessárias para se ser um grande investidor são a soma, a subtracção, a multiplicação, a divisão e a capacidade de calcular rapidamente percentagens e probabilidades.

Tido como o mais bem sucedido investidor de bolsa do mundo, Warren Buffet tem uma legião de seguidores, conhecidos como "Buffetologistas". Não é à toa que lhe chamam o "Oráculo de Omaha", localidade onde tem sede a empresa a que preside.

Em dia de assembleia-geral da Berkshire Hathaway, são milhares os accionistas que se reúnem para o ouvir. O evento é já conhecido como "Woodstock dos Capitalistas".




"Common Stocks and Uncommon Profits"

Autor Philip A. Fisher
Editora Wiley, John & Sons
Ano 2003 (reedição)
Preço 13,23 dólares

Philip A. Fisher iniciou a sua carreira como analista de acções em 1928 e fundou a Fisher & Company, uma empresa de consultoria em investimento, em 1931. É conhecido como um dos pioneiros da moderna teoria de investimento. O autor estimula o investidor a ter em consideração 15 aspectos associados à qualidade de uma empresa e à sua capacidade de gerar lucros, em vez de se focar no preço das acções ou em outras considerações de mercado. Estes 15 aspectos disponibilizam critérios que permitem ao leitor avaliar qualquer empresa, como é o caso da integridade e honestidade da equipa de gestão. O livro aborda também as razões para investir em acções em vez de obrigações; como descobrir um grande título; quando vender uma acção; e também as 10 coisas que um investidor não deve fazer.

Fisher utilizava o chamado método "scuttlebutt" para analisar uma empresa: procurava as opiniões de um alargado leque de pessoas sobre essa mesma empresa. "A maioria das pessoas adora falar sobre os seus concorrentes. Vá ter com gestores-chave de cinco empresas diferentes de um determinado sector e faça perguntas, a cada um deles, sobre as outras quatro. Vai ficar com uma ideia muito detalhada e exacta das cinco empresas", dizia Fisher.

Mas também aconselhava a que se procurassem outras opiniões, já que os concorrentes da empresa-alvo são apenas uma das fontes a ter em conta. Outras fontes são os fornecedores, clientes, ex-trabalhadores, etc.




"Stocks for the Long Run"

Autor Jeremy J. Siegel
Editora McGraw-Hill
Ano 2007 (4ª edição)
Preço 21,25 dólares

Jeremy J. Siegel aconselha o investimento em acções para quem pretende aplicar o seu dinheiro durante um longo período de tempo e defende, de forma persuasiva, que o investimento de longo prazo em acções pode ser mais seguro do que poupar dinheiro no banco.

O autor demonstra de que forma é que as acções tiveram melhor desempenho do que as obrigações ao longo de muitos períodos temporais. Por exemplo, entre 1946 e 1997, as acções tiveram um retorno de 12,2% e as obrigações de 5,4%.

"A fraca estratégia de investimento, seja pela ausência de diversificação, pela procura de acções que estão na 'berra' ou pela tentativa de acompanhar o mercado, deriva frequentemente da convicção do investidor de que é necessário bater o mercado para ter êxito no mercado. Nada está mais longe da verdade. O princípio deste livro é o de que, ao longo do tempo, os retornos (já com a inflação descontada) de uma carteira bem diversificada de acções ordinárias não só excederam os retornos das obrigações como também provaram ter menos risco implícito.

Determinar quais são as acções que deve ter em mãos é um aspecto secundário face ao facto de deter acções, especialmente se mantiver uma carteira equilibrada", segundo o autor.





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