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"Sempre fui assim. Gosto de ter algum dinheiro de lado para sentir alguma segurança". Joana Silva (nome fictício) tem 43 anos e duas filhas. Está habituada a fazer contas desde sempre. Pensa mais no futuro do que no presente, porque não quer ser apanhada de surpresa. É uma das famílias portuguesas que tem na poupança uma "regra" que não é descurada sob nenhuma condição. Telecomunicações, energia, seguros ou até alimentação são alguns dos hábitos que podem ser ajustados. Poucos cêntimos que, no final do mês, se transformam em alguns euros.
"Ligamos a ignição e começamos a ir nesse sistema de poupança". José Maruta sempre teve a preocupação de poupar, mas redobrou a atenção e a disciplina com a entrada da filha no Ensino Superior. Nos últimos anos, fez várias alterações. Na energia, passou a ter um contador bi-horário. "No início, fazia as leituras diariamente e criei um pequeno gráfico e nota-se diferença no consumo, mas é importante que haja disciplina, que se controlem as despesas", conta.
Mas não ficou por aqui. Passou a usar lâmpadas LED que "têm uma durabilidade muito grande. São mais caras, mas têm um consumo muito reduzido". Tem também atenção aos equipamentos em "stand-by" e regulou o queimador do esquentador de gás.
A energia é uma das despesas fixas em qualquer orçamento familiar. Reduzi-la é difícil, mas é possível. Joana Silva passou a incluir a electricidade e o gás no mesmo fornecedor e, com isso, poupa 5% todos os meses. Mas a assistente social fez outros ajustes às suas despesas, nos últimos meses. Passou a incluir o telemóvel no pacote da televisão. A mensalidade foi agravada em dez euros, mas compensou com a poupança no telemóvel, que já não tem de carregar quando fica sem saldo. "Estou sempre a olhar para o meu salário e do meu marido, vejo as despesas fixas, faço uma média semanal dos gastos e poupo o restante", explica Joana.
Poupança dá segurança
José também diminuiu o número de canais da televisão por cabo. "Quisemos ficar com a mesma operadora, mas optámos por um pacote mais barato e agora pagamos menos seis euros por mês e ainda temos melhor qualidade de imagem e mais velocidade na Internet", sublinha. É precisamente a Internet que José utiliza para fazer as pesquisas e ver onde pode poupar mais, até porque hoje em dia "a informação é muito facilitada".
"Há uns meses, comprei uma viatura nova e queria fazer um seguro de danos próprios, mas antes perdi algum tempo a fazer simulações e consegui um seguro mais barato, na mesma companhia e com as mesmas coberturas", explica o trabalhador da Autoeuropa que também contratou um novo seguro para a casa, mas mais barato. "A poupança está no somatório dos cêntimos...aos poucos dá uns bons euros", defende.
Joana mudou recentemente de casa. Passou a ter um quintal onde planta ervas aromáticas que utiliza nas refeições. Tal como o marido, leva almoço para o trabalho. "Agora já estou a pensar que daqui a uns meses vou apostar nas energias alternativas, tenho sempre objectivos e defino quanto preciso poupar. Não consigo fazer como muitas pessoas que conheço, preciso de saber que tenho sempre alguma margem, uma rede de segurança", conclui a assistente social.
Seja disciplinado na gestão do orçamento familiar. Renegoceie os contratos dos serviços de energia e telecomunicações e liquide as suas dívidas. Defina quanto pode poupar dos seus rendimentos.
Faça um orçamento familiar
Para começar a poupar, nada melhor do que realizar um orçamento mensal do agregado familiar. Para isso, pondere quais são as fontes de rendimento, quais são as despesas fixas e onde pode reduzir. Deve ter em mente que o valor das despesas não deve superar o total dos rendimentos, uma vez que isso trará problemas no futuro.
Antecipe grandes despesas
Quando definir o orçamento mensal do agregado familiar, deve ter o cuido de canalizar parte dos seus rendimentos para fazer face a despesas imprevistas. Além das contas que todos os meses tem que pagar, pode confrontar-se, por vezes, com situações inesperadas. Deve ter alguma margem de manobra para responder a contratemos que fogem ao seu controlo. Daí que seja importante constituir uma poupança para eventuais despesas não ponderadas.
Reduza as dívidas junto do banco
Muitos portugueses têm créditos contraídos junto das instituições financeiras. É importante que dê prioridade ao pagamento destas dívidas. Deve considerá-las como despesas fixas e, sempre que possível, amortizar parte da dívida, tendo em atenção a possibilidade de o banco cobrar comissões por amortização antecipada do empréstimo.
Baixe os custos dos serviços
Estar atento às várias ofertas nos serviços de telecomunicações e energia é importante. A elevada concorrência nestes sectores permite aos consumidores portugueses gozarem de ofertas semelhantes a preços cada vez mais baixos. Muitas vezes fica obrigado a períodos de fidelização mas faça prospecção de mercado e, se estiver em condições de terminar o contrato, procure soluções mais baratas.