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Pedro Faustino: “O palco por excelência da economia digital em Portugal”

O Portugal Digital Awards pode ser a homenagem a outros heróis, além dos profissionais de saúde, que diariamente se expõem ao vírus: os profissionais dos sistemas de informação e comunicação, diz Pedro Faustino, para quem o atual momento é uma oportunidade flagrante para acelerar o crescimento económico.

Negócios 02 de Julho de 2020 às 11:30
Pedro Faustino, managing director na Axians Portugal Pau Storch
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"O Portugal Digital Awards é um programa que deu já origem a uma comunidade digital em Portugal da qual nos orgulhamos muito", diz Pedro Faustino, managing director na Axians Portugal. É uma iniciativa conjunta da Axians e do IDC Portugal, que " junta à mesa durante o ano um grande número de organizações e personalidades. Este programa é desta comunidade e é a ela que se deve o sucesso que tem tido", conclui Pedro Faustino. Licenciou-se em Economia pelo ISEG e passou pela General Eletric e pela Novabase IMS.

Qual foi o papel da digitalização no combate à pandemia global e qual pode ser a sua função na recuperação económica em Portugal?
Há duas revoluções a acontecer no mundo, meio abafadas na espuma das ondas deste mar da pandemia. A revolução digital e a revolução da sustentabilidade. Em relação à última descansamos sobre a falsa sensação de que o "lock down" resolveu o problema, ou que pelo menos nos deu uma grande folga. A revolução digital, pelo contrário, mostrou ter hoje um papel crítico no mundo e ser um instrumento capaz de acelerar e transformar radicalmente as organizações, as relações sociais, a economia e a organização social.

O acesso massivo e instantâneo à informação (e à desinformação), a "remotização" relâmpago do trabalho e das relações sociais, o papel das tecnologias, designadamente da inteligência artificial, na procura de uma vacina ou de terapêuticas eficazes, o desaparecimento de algumas organizações e o surgimento de outras tantas mais bem adaptadas, a transformação das relações laborais. Tudo isto são exemplos de uma revolução em curso que só é possível porque a digitalização está democratizada, madura e universal.

Portugal não deve e não pode desperdiçar a oportunidade desta crise para reforçar de forma estruturada e muito afirmativa o seu cluster de empresas da economia digital. Isso começa na atenção dada à educação e à qualificação digital do país e passa pelas opções de investimento do Estado e das empresas. Porque a economia digital tem valor, gera valor e é rápida. E não me lembro de uma oportunidade tão flagrante e tão disruptiva para acelerar o crescimento económico e o papel de Portugal quanto esta.

Na sua opinião quais foram os principais impactos que esta pandemia teve e quais são os seus principais efeitos em Portugal, em termos de transformação digital?
O mundo mudou e está a mudar a uma velocidade vertiginosa. E os manuais de história do futuro dirão, provavelmente, que o mundo nunca mudou tanto em tão pouco tempo.

A maior taxa de mortalidade que trouxe o SARS-CoV-2 é a taxa de mortalidade dos impossíveis. Era "impossível" dar aulas online. Era "impossível" levar a cabo atos médicos online. Era "impossível" fazer reuniões e apresentações corporativas numerosas online. Era "impossível" tomar decisões com tanta incerteza. Era "impossível" ter o país (e o mundo) em shutdown. Em menos de um mês, com uma curva de aprendizagem vertiginosa, mudámos hábitos de gerações, transformámos radicalmente cadeias de valor completas, reconvertemos fábricas, transformámos serviços, alterámos os nossos referenciais de gestão e liderança, mudámos os nossos padrões de consumo…

Por outro lado, a pandemia trouxe-nos também o medo. E que bem que o medo se dá com a crise económica, com o populismo, com os nacionalismos e com a exploração da ignorância…!

A tecnologia digital, que nos permitiu reagir ao choque da mudança de uma forma tão eficaz tem assim um duplo papel. Porque nos permite também combater os aspetos negativos da transição que está a acontecer.

Que influência é que estes eventos podem ter nos projetos apresentados a concurso no Portugal Digital Awards? Ou pelo menos qual é a expectativa que tem em relação aos Portugal Digital Awards?
O Portugal Digital Awards é o palco por excelência da economia digital em Portugal. É uma iniciativa aberta a toda a economia, junta os atores desta indústria em Portugal com todos os setores de atividade como empresas, organismos públicos, universidades, fornecedores de tecnologia, consultores, providers de infraestruturas.

Num ano particularmente difícil em que tanto e tão justamente se fala do heroísmo dos profissionais de saúde, pouco se tem falado de outros heróis, anónimos, que também travam uma luta diária expondo-se ao vírus, arriscando a sua saúde e a das suas famílias. São os profissionais dos sistemas de informação e comunicação que continuam a ir trabalhar onde for preciso para que o mundo digital não pare, e com ele não parem os serviços críticos, a economia e o país. Concorrer ao Portugal Digital Awards é prestar uma justíssima homenagem a estes profissionais. Trazer as suas histórias e os seus rostos a este palco é uma enorme responsabilidade de todos.

Por todas estas razões, a minha expectativa é que a edição deste ano seja a mais concorrida e a mais rica de experiências e exemplos. E com isso daremos certamente um contributo muito relevante para o relançamento da economia e do país.

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