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O digital precisa de um código de ética

Para o futurista Gerd Leonhard o digital implica uma mudança completa no modelo de negócios e de sustentabilidade.

26 de Fevereiro de 2019 às 15:00
Para Gerd Leonhard trata-se de transformação de vida e não apenas uma transformação digital. David C. Santos
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Gerd Leonhard prefere utilizar o conceito de megashift ao de transformação digital, que "é realmente uma palavra difícil, porque é meio como media social. Muitas pessoas dizem que temos que transformar, é muito geral. São dez as megashifts como datafication, virtualização, robotização, automação, cognificação, digitalização, desintermediação, entre outras.

Para Gerd Leonhard "as empresas têm que entender que isso não é apenas digital, é uma mudança completa no modelo de negócios, é uma mudança no modelo de sustentabilidade. É realmente uma transformação de vida, não apenas uma transformação digital". 

Vamos ter de decidir se queremos um sociedade igual ou uma sociedade de máquinas. greg leonhard
Futurista 

Nascido na Alemanha e considerado futurista Gerd Leonhard é consultor de empresas tecnológicas de várias partes do mundo, foi o fundador da The Futures Agency, com sede em Zurique. Foi músico de rock, compositor, ativista dos Verdes e empreendedor. É autor, entre outros, dos livros The Future of Music, Music 2.0 e The Future of Content e, recentemente, a Gradiva publicou Tecnologia versus Humanidade.

Uma das linhas de reflexão é a ética digital, que é sobre o uso da tecnologia da maneira correta para os seres humanos. "Significa que há algumas coisas que não faremos, porque elas não são boas para nós, então temos que limitar a tecnologia no ponto em que isso é ruim para nós. Por exemplo, a media social é boa para nós, mas quando temos muito é muito ruim. Temos manipulação, preconceito. Temos que regular a media social", referiu Gerd Leonhard.  


Uma nova sociedade

Por outro lado considera não se deve exaltar excessivamente a tecnologia. "A tecnologia é uma ferramenta. Acho que temos que ser cuidadosos sobre onde usamos a tecnologia, onde não usamos tecnologia e onde não usamos muita tecnologia, como a análise de recursos humanos, ou se os juízes e os políticos são tecnologia", disse Gerd Leonhard. E admite que não será a tecnologia a "fazer-nos felizes" e porque o "cérebro humano é sobre sentido, pensamento, engagement, relacionamentos, existência".

Na sua reflexão, Gerd Leonhard refere que a tecnologia se usa para tornar as coisas mais rápidas, mais eficientes, mais benéficas. Neste ponto a questão é "o que queremos que a tecnologia faça?' e 'qual é o propósito?'. Agora é principalmente sobre ganhos de negócios e ganhar mais dinheiro, o que é uma boa transformação, mas quando vamos para o próximo nível, temos que fazer a pergunta "o que queremos de nós?" e "o que queremos alcançar?", assinala o futurista. 

Acrescenta que "neste momento estamos a resolver problemas, mas dentro de dez anos temos que decidir o que queremos fazer. E uma da questões é se queremos uma sociedade igual e coletiva e benéfica ou queremos uma sociedade de máquinas?".

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