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Viagens mais longas e turismo mais tecnológico

O turismo tem a capacidade de ser um tsunami que destrói tudo, mas também tem uma capacidade de requalificar, de vender o que é autêntico, o património, a cultura, defende Rodrigo Machaz.

Filipe S. Fernandes 09 de Junho de 2020 às 12:00
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Para Chitra Stern uma das tendências que veio para ficar é o takeaway e o home delivery. "Vai ter um papel importante porque muitas das pessoas dos resorts preferem comer em casa, apesar de as pessoas estarem a frequentar os nossos restaurantes e não ficam apenas nas esplanadas". Mas para José Avillez nunca vai ser um serviço muito rentável por causa da densidade populacional e da área de entrega, que não é comparável com Londres, Nova Iorque, Hong Kong, em que podem existir marcas com as dark kitchen somente para isso. "Em Portugal é sempre um acrescento ao negócio da restauração", conclui.

Mas para este chef e empresário, que tem duas estrelas Michelin no Belcanto, a médio e longo prazo haverá poucas mudanças. "Há esta fase de transição com medidas de segurança em que as esplanadas vão ser importantes. Acho que 95% das coisas vão voltar a ser exatamente o que eram porque não vamos ter capacidade de melhorar algumas coisas que deviam ser melhoradas e, por outro lado, porque vamos poder voltar a estar juntos socialmente."

Turismo sustentável

Rodrigo Machaz assinala como principais mudanças para a retoma assinala o reforço do turismo sustentável. As viagens serão mais longas num regresso à ideia de viajar menos vezes mas por mais tempo. Sublinha o temporary living em que as pessoas que têm teletrabalho vivem por períodos de tempo em determinadas cidades e regiões.

"As pessoas vão começar a escolher mais, a viagem que querem mesmo fazer, o restaurante que querem mesmo ir, o conteúdo vai ter cada vez mais importância, vão-se agarrar a marcas de confiança e a coisas que gostam mesmo", reforça José Avillez.

Mas não lhe falem em colocar acrílicos nos seus restaurantes. "Sou contra divisões com acrílicos, prefiro que as pessoas tenham espaço. Estamos a falar de uma experiência de entretenimento e não num simples ato de alimentação. Com a colocação de barreiras, parece que estamos a comer nas finanças. Não é essa a experiência que queremos dar ao cliente e, se assim for, as pessoas vão preferir ficar em casa", sublinha José Avillez.

O mundo contacless

Na opinião de Rodrigo Machaz, os clientes vão passar a escolher empresas com propósito, que não se preocupem apenas com o lucro. "A economia tem de ter impacto positivo porque ninguém vai querer viajar para um sítio e ter um sentimento de culpa porque o turismo não está a preservar a comunidade local, está a destruí-la. O turismo tem essa capacidade de ser um tsunami que destrói tudo mas também tem uma capacidade de requalificar, de vender o que é autêntico, o património, a cultura."

A sustentabilidade será uma trave-mestra do futuro para Sérgio Guerreiro. Refere ainda a penetração capilar da tecnologia, que era uma mudança anunciada mas sempre protelada. Uma das tendências é disseminação do contactless, que os bancos praticam e incentivam, à hotelaria nos check in e check out automáticos, e na digitalização dos menus e dos pagamentos nos restaurantes, em que fica tempo para o mais importante, "o sorriso do funcionário".

A segurança e a tecnologia, que já eram utilizadas no controlo dos aeroportos, sobretudo à entrada, serão transpostas para a saída. Por outro lado, a forma como se usufrui uma cidade e um monumento vai passar pela tecnologia para evitar aglomerações e filas e ter a garantia de que não vai ficar exposto.

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