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José Manuel Mendonça: “Este desafio pôs à prova as tecnologias digitais”

“Em pequenas séries, a impressão 3D vai ser uma tecnologia crucial, e foi uma experiência importante na produção de milhares de viseiras em poucos dias para o SNS”, afirma José Manuel Mendonça.

06 de Maio de 2020 às 15:30
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"As tecnologias, sobretudo as digitais, são transformadoras e há décadas que se consideram as tecnologias de comunicação e de informação como tecnologias capacitadoras. E têm de nos ajudar a enfrentar os grandes desafios da sociedade, os grandes problemas e as grandes transformações", afirma José Manuel Mendonça, presidente do INESC-TEC.

O investigador e professor catedrático no Departamento de Engenharia e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto ilustra com a capacidade de inovação dos testes com produtos químicos e componentes que se pudessem encontrar em Portugal, nas iniciativas para fazer máscaras, viseiras, ventiladores, tanto pandémicos como invasivos, surgiu a app.

Acrescenta que as impressões 3D foram uma grande experiência com a fabricação de dezenas de milhares de viseiras entregues ao Serviço Nacional de Saúde. Os protótipos dos ventiladores Atena foram feitos em duas ou três semanas por causa da impressão 3D. "Em pequenas séries, a impressão 3D é uma tecnologia crucial, porque um ventilador pandémico que, em custos de produção, fica em 300 euros, só para fazer moldes custaria meio milhão de euros", refere José Manuel Mendonça. "Este desafio pôs à prova as tecnologias digitais. Esta mudança está em curso e vai ser acelerada", diz José Manuel Mendonça.

Inovação e futuro

José Manuel Mendonça sublinhou ainda que Portugal tem subido do European Innovation Scoreboard e, em 2019, posicionou-se como o país que está à frente do moderator innovators, muito perto da média europeia nos indicadores de inovação. Três das suas regiões, Norte, centro e Lisboa e Vale do Tejo, passaram para o lote de strong innovators.

Esta capacidade científica e de inovação refletem-se na capacidade exportadora, que tem "uma componente tecnológica que não deve ser desprezada". O calçado exporta 2 mil milhões, o têxtil, cinco mil milhões e a metalomecânica chegou aos 18 mil milhões de produtos tangíveis, hardware, software, "exportados no mercado mundial, não estou a dizer serviços nem matérias-primas nem produtos de baixo valor acrescentado. E isto só se conseguiu com incorporação de conhecimento e tecnologia", assinala José Manuel Mendonça.

O investigador e professor catedrático salienta que parte dos fundos de investigação em Portugal é financiado pelos fundos estruturais e "há a convicção de que a ciência e a tecnologia são importantes, mas ciência com impacto social, económico, não a ciência diletante do paper e da citação". José Manuel Mendonça acrescenta que "não há razão para o alarme para 2020, mas o meu medo é 2021 e 2022, quando vamos começar a sentir o impacto financeiro deste impacto económico do que agora está a acontecer".

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