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Grande parte das medidas tem que ver com dívida

“O grande problema que existe e vai continuar a existir é que as receitas que estavam programadas não vão acontecer, mas a dívida tem de ser paga”, diz Miguel Pina Martins, CEO da Science4you.

23 de Abril de 2020 às 13:45
Miguel Pina Martins, CEO da Science4you
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"O lay-off simplificado é a medida que, em termos de cash, tem um efeito maior porque as empresas que têm tido quebra de produção podem recorrer a mais cash e que não é mais dívida", considera Miguel Pina Martins, CEO Science4you numa análise às medidas de apoio às empresas e ao emprego tomadas pelo Governo.

"Grande parte das medidas tem a ver com dívida, recebemos agora mas vamos ter de pagar mais tarde. O grande problema que existe e vai continuar a existir é que as receitas que estavam programadas não vão entrar nas contas das empresas mas a dívida tem de ser paga".

"Deve haver um foco para se conseguir manter os postos de trabalho, como estas medidas do lay-off. Mas acho que vão ser necessárias outras iniciativas. O feeling que tenho é que ainda só estamos no início da crise e no princípio das medidas de combate em termos económicos", advertiu Miguel Pina Martins.

A Science4you também está a participar no movimento de apoio e "a contribuir para que a crise passe um pouco mais depressa e que o número de infetados seja o menor possível", afirmou Miguel Pina Martins.

A Science4you já produzia cerca de dois milhões de óculos de proteção em Portugal, pois o molde é produzido em Leiria. "Em vez de os pôr nos brinquedos, até porque não se estão a vender tantos brinquedos, acabamos a produção e começamos a colocá-los no SNS, câmaras municipais, bombeiros, lares de idosos", explicou Miguel Pina Martins. Na sua opinião, a indústria do brinquedo, que já vinha numa trajetória descendente, vai sofrer bastante com esta crise. "Estamos a tentar não vergar ao vírus."

Crise muito dura

Outro grande objetivo foi "garantir dentro do possível a continuidade da empresa e que os postos de trabalho fossem mantidos, porque esta crise ainda só agora começou e vamos sofrer muito, porque vai ser muito duro", diz o empreendedor.

Nesta gestão da crise feita dia a dia, Miguel Pina Martins ficou assustado com o facto de terem anunciado que as creches e as escolas só voltam em Setembro. "Enquanto as escolas não estiverem a funcionar é difícil que a economia volte a funcionar, porque quem tem filhos em idade escolar, e é uma parte relevante, não vai produzir da mesma maneira."

O mais importante é a saúde, mas "temos de fazer o equilíbrio porque é a chave do sucesso para conseguirmos passar esta crise económica". Considera que os próximos 4 a 6 meses vão ser um desafio muito grande porque vai uma quebra muito acentuada do PIB e vamos ter um problema em Portugal, tal como no Sul da Europa, que se baseava no turismo, que vai ser muito fraco este verão", analisou Miguel Pina Martins.

Se as receitas do turismo caírem 50 a 60% em 2020, será muito duro para o Sul da Europa porque se vai adensar a crise, ao contrário dos países do Norte da Europa, que vão conseguir recuperar mais depressa pois não dependem do turismo.

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