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Empresas juntam-se à luta contra o vírus

A confeção que faz cógulas, a empresa de embalagens personalizadas que faz viseiras, e quem fazia produtos para pontos de venda e agora produz guichés de segurança e viseiras.

30 de Março de 2020 às 13:00
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Na Covilhã, a empresa WD Retail trabalha na produção de soluções de "merchandising" e sinalética para os pontos de venda, concebendo e fabricando materiais de maior duração, feitos sobretudo em acrílico, tendo como principais clientes as redes de distribuição e as grandes marcas. Com o início da pandemia de covid-19, ao mesmo tempo que se suspendiam as ações de merchandising, surgiam os pedidos de vários clientes para a produção de guichés de proteção, que permitissem criar uma barreira protetora entre o cliente e os operadores nos supermercados. 

Entretanto, o leque de clientes "foi-se alargando a outras empresas, nomeadamente as que tinham de estar abertas, como farmácias e espaços de atendimento ao público", explicou Hugo Nobre, um dos três sócios da empresa fundada há cinco anos. A certa altura surgiu a possibilidade de redirecionar a produção também para as viseiras de proteção para os profissionais de saúde. Com a equipa de conceção, e em articulação com a empresa holandesa Black Sheep Retail Products, criaram um modelo de viseira de que estão a ser feitos os moldes para iniciar a produção, tendo contado ainda com a colaboração do Centro Hospitalar e Universitário da Cova da Beira, e a Faculdade de Ciências da Saúde.

Crowdfunding e cógulas

A AAUBI, Associação Académica da Universidade da Beira Interior, em colaboração com várias entidades, lançou um fundo de apoio (crowdfunding), que tem como objetivo a aquisição de máscaras para os Centros Hospitalares da Região Centro. Com esta iniciativa "pode garantir-se uma maior produção, embora não faltem contactos de administrações hospitalares a tentar garantir viseiras", refere Hugo Nobre.

Muitas empresas reconverteram a atividade para ajudarem no combate à covid-19 que colocou o país em estado de emergência.

Com instalações no Parque Industrial de Tortosendo, conta com uma equipa de 17 pessoas e faturou cerca de um milhão de euros em 2019. Está a funcionar com um plano de contingência, com horário reduzido de 6 horas, com duas equipas separadas, para "poder haver menos pessoas nas instalações e terem um maior distanciamento social", explica Hugo Borges.

"Temos esses pedidos, mas também recebemos cancelamentos e adiamentos de produtos para eventos. Esperamos que não seja tudo definitivo, porque tem consequências graves para a empresa. Estamos a perder mais negócio do que a ganhar", disse Hugo Nobre. Mas tem de se aproveitar estas "janelas de oportunidade", sublinhou.

A TMR Fashion Clothing foi fundada em 1997 por Margarida Máximo como confeção de vestuário e é uma das empresas que em Portugal se tem mantido a funcionar. Agora dedicou linhas de produção ao apoio ao sistema de saúde no combate à pandemia de covid-19. "Queríamos ajudar mas de uma forma estruturada, por isso contactamos a ATP e o Citeve, mas entretanto surgiu o contacto da Guimarães Marca que estava a articular-se com o Hospital de Guimarães sobre as suas necessidades mais imediatas", conta Miguel Máximo, um dos responsáveis da empresa.

Inicialmente tinham pensado dedicar-se às máscaras mas a matéria-prima que tem origem na Ásia estava esgotada, estava a ser difícil ter uma fonte de abastecimento e, portanto, a "eficácia das máscaras ficava comprometida", explica Miguel Máximo. Como havia necessidade de fazer cógulas, que são as proteções que os médicos usam na cabeça, a TMR Fashion Clothing começou a sua produção depois de o modelo e a matéria-prima terem sido aprovados pelo Hospital de Guimarães, que depois faz a distribuição pelo sistema de saúde.

Com uma faturação de 1,2 milhões de euros, tem 22 funcionários e, todos os dias, dedicam 2 horas à produção de 300 cógulas, parte em horário laboral, parte à hora de almoço. Pretendem continuar enquanto "houver matéria-prima e for de utilidade para o combate à covid-19".

Das embalagens às viseiras

No início desta semana, a Embalcut, produtora de embalagens personalizadas, recebeu um e-mail da Câmara Municipal de Guimarães com um alerta sobre a falta de equipamento de proteção hospitalar e sugerindo a produção de viseiras de proteção. Às 13 horas desse dia, com a colaboração de dois alunos da Universidade do Minho, tinham conseguido fazer o protótipo de uma viseira, explica Augusto Salgado, sócio-gerente da Embalcut, cuja gestão partilha com o irmão Carlos. Depois de aprovado pelo Hospital de Guimarães, produziram de imediato 100 viseiras em apenas três horas

Desde então, a parceria sem fins lucrativos com a equipa da Universidade do Minho tem feito evoluir o produto, e têm ajudado à sua montagem. Em três dias produziram seis mil máscaras, mas "os pedidos dos bombeiros, das forças de segurança e dos lares de idosos não têm parado", refere Augusto Salgado.

A Embalcut surgiu no mercado em 2001, como uma extensão de outra empresa do grupo, a Cartonagem Salgado, tem 75 funcionários, fatura 4,5 milhões de euros e exporta 50% da sua produção de embalagens para vinhos, cutelaria, porcelanas e cristais, cosmética e gourmet.

PME no radar

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