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É a partir da eleição dos 230 deputados que compõem o Parlamento que se define o Governo que decidirá as políticas a seguir a partir de Outubro do próximo ano. Neste momento, o PS de António Costa lidera todas as sondagens. A última a ser publicada (Eurosondagem) dá ao ainda presidente da Câmara de Lisboa 37,5% das intenções de voto, uma vantagem de 12 pontos face ao PSD.
Se António Costa ganhar, a estratégia governativa já assumida deverá passar por uma recuperação dos rendimentos e da competitividade, algo que será feito "com trabalho e esforço, apostando naquilo que é preciso apostar, na valorização dos recursos, na cultura, ciência, e no reforço da coesão social", prometeu no último congresso do partido, no final de Novembro. Uma estratégia que será oposta à de "empobrecimento" do actual Governo, que tem aumentado a pobreza e gerado angústia e incerteza, acusa. Por outro lado, Costa acredita que o Estado deve estar na economia, mostrando-se menos receptivo a privatizações.
Uma nova vitória de Pedro Passos Coelho deverá significar a manutenção de um rumo de "rigor" nas contas públicas, sendo previsível que a margem para descer impostos aumente. O Governo inicia já em 2015 um ligeiro desagravamento da austeridade, com a devolução de 20% dos salários aos funcionários públicos e da sobretaxa de IRS em 2016 conforme evolua a execução desse imposto no próximo ano. Razões suficientes para preocupar as instituições internacionais, que não acreditam que o défice fique abaixo de 3%. Mas que podem ajudar o PSD nas urnas, tal como a evolução da economia em 2015.
Restam dúvidas quanto a possíveis coligações: ainda não é certo que PSD e CDS se apresentem às eleições coligados. António Costa verá a vida dificultada caso não tenha maioria absoluta, pois terá de conversar com os partidos à sua esquerda – que habitualmente não querem dialogar, acusa, ou à sua direita. O Livre poderá resolver essa questão, consoante o resultado que obtenha. O partido de Marinho e Pinto também poderá causar surpresa.
A data das eleições ainda é uma incógnita. Legalmente, o acto poderá ser marcado para 20 ou 27 de Setembro, ou 4 ou 11 de Outubro. A decisão cabe ao Presidente da República, depois de ouvir os partidos.
As primeiras reacções foram de choque, com alguma indignação à mistura. No entanto, a primeira intervenção de António Costa veio enquadrar a posição dos restantes dirigentes. O secretário-geral pediu que se separasse a situação concreta do amigo e camarada José Sócrates do partido.
E aparentemente foi bem sucedido. As sondagens publicadas, entretanto, revelam que o PS não foi afectado, de forma significativa pela prisão do seu ex-líder e antigo primeiro-ministro.
No entanto, a ameaça está lá. O grande risco é que o processo de Sócrates acabe por envolver outros dirigentes do PS. Manuel Esteves