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Diversificação é chave para manter cá os turistas

Portugal conquistou um lugar ao sol no turismo mundial. Os agentes garantem que não é um factor de moda. Mas sugerem iniciativas para consolidar esta dinâmica no sector do turismo.

Alexandra Machado amachado@negocios.pt 08 de Novembro de 2016 às 15:19
Inês Lourenço
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"Não se tem 17 milhões de turistas por moda, nem por desvio de tráfegos de outros destinos. É porque é bom." A convicção de quem trabalha no sector do turismo e que antecipa que o crescimento que se tem conseguido vai continuar e não é um mero factor de moda. "Há muita gente a fazer muita coisa bem feita há muito tempo", garante Francisco Calheiros, presidente da Confederação de Turismo Português. Ajuda Portugal aparecer num dos destinos mais seguros do mundo. Mas os agentes do sector lembram que não se pode atribuir este crescimento ao mero desvio de destinos menos seguros, como a Turquia ou a Tunísia. Há uns anos, lembram, havia fenómenos de insegurança em Espanha, por causa da ETA, e Portugal também beneficiou de alguma forma com isso. Evoluiu. E hoje Portugal não é só sol e praia. Claro que este continua a ser o pólo de atracção nomeadamente no Algarve, mas mesmo nessa região já existem outros atractivos, como, por exemplo, o golfe e os congressos e incentivos que vão ocupando alguma capacidade nos restantes meses do ano. Mas sazonalidade haverá sempre.

Numa coisa, por isso, o sector está de acordo. Há que criar mais diversificação e novos motivos de interesse para que chame mais turistas e diferentes. "O maior receio é que a Av. Liberdade seja igual a todas as outras Av. Liberdade nos outros países", diz Kiko Martins, para quem é necessário que Portugal faça um "esforço de especialização, qualidade e diferenciação". Para poder ser único na oferta internacional. É que se o turista hoje está em Portugal, amanhã poderá optar por outro destino, se não vir um factor distintivo na oferta nacional. "Temos coisas fantásticas. Foi-nos dado tudo", diz Kiko Martins. As paisagens, o vinho, a gastronomia, a costa, o golfe, a História. E mais um elemento importante é acrescentado à lista: hospitalidade.

Portugal tem, também à conta das redes sociais e das novas formas de comunicação, conseguido posicionar-se internacionalmente. E aderiu a novas formas de receber, como o Airbnb que, segundo o seu responsável em Portugal, trouxe no ano passado 900 mil viajantes a Portugal. E só no Verão deste ano foram 700 mil. O Airbnb tem 15 mil anfitriões, cinco mil estão em Lisboa. Os agentes acreditam que o alojamento local e a hotelaria são complementares. Há espaço, dizem, para todos. E reforçam com a necessidade de qualidade e diversificação.

Mas há que pensar no futuro, de "modo a capitalizar toda esta energia propulsora e criativa e segure [o turismo] e faça resistir às trepidações que o futuro não deixará de trazer", avança António Filipe Pimentel, director do Museu Nacional de Arte Antiga, para quem Portugal tem de apostar mais na sua distinção cultural, salientando o que temos de único, como o património cultural.

Legislação laboral adequada O sector do turismo fala da necessidade de ter legislação laboral flexível para adequar a sua estrutura de trabalhadores às variações da procura. No Verão, precisa de mais gente e não gosta de ter tantos "extras". Falam de algumas possibilidades, mas que a lei não permite. E, por isso, também teme o que diz ser a diabolização do contrato a termo que está a haver em Portugal. "O turismo é sazonal, por isso acabar com a contratação a termo ou com o banco de horas não pode acontecer."

Ainda assim reconhece-se no sector a elevada precariedade que existe, assim como a falta de perspectivas de carreira que os trabalhadores neste sector acabam por ter. E há ainda quem fale da qualificação. É necessário mais e em alguns casos melhor formação. Devia-se, sugere-se, aproveitar o Verão para dar mais formação. Por fim, há quem lembre que é uma área de cansaço físico elevado, muito exigente. 



Protagonistas

Quem esteve no "think tank" sobre turismo

Desde a cultura ao alojamento local, até à gastronomia. Uma mesa recheada no "think tank" do turismo.

António Filipe Pimentel
Director do Museu Nacional de Arte Antiga
Carlos Álvares
Presidente do Banco Popular Portugal
Francisco Calheiros
Presidente da Confederação do Turismo Português
Jorge Rebelo de Almeida
Presidente do Vila Galé
Kiko Martins
Chef
Manuel Carrasqueira Baptista
Presidente da Parques de Sintra - Monte da Lua
Ricardo Macieira
Country lead da Airbnb


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