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Moldes dependentes da indústria automóvel

Os principais clientes dos moldes portugueses são fornecedores dos construtores automóveis. Os moldes querem diversificar, mas dizem não ser fácil, apesar do reconhecimento internacional.

14 de Julho de 2016 às 12:07
Inês Lourenço
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O sector dos moldes tem uma forte concentração na indústria automóvel. Pesa quase 75% da actividade. Mas o que é uma fraqueza tem sido uma força, já que a especialização é relevante numa indústria como os moldes, que exige perícia. A concentração neste sector é igualmente perigosa. Se houver algum problema na indústria automóvel... é um sector que se arrasta.

Para já não houve esse impacto na crise que o sector automóvel atravessou. Como explicam os protagonistas do sector dos moldes, no "think tank" realizado pelo Negócios e Banco Popular, o impacto para os moldes não é por via da menor venda de automóveis ao consumidor final. É, sim, pela redução do número de modelos a fabricar pelos construtores. Até agora, as marcas têm aumentado o número de modelos, o que "é bom para os moldes. Qualquer peça de um novo modelo vai precisar de um novo molde."

A dependência ao automóvel tem origem nos anos 1970. Nessa altura, a maior parte dos moldes dirigiam-se aos Estados Unidos e à indústria dos brinquedos. Com a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia , o sector teve de se reinventar e começou a entrar mais na Europa em sectores onde não tinha grande tradição. Mas mesmo esses sectores, muitos, acabaram deslocalizados para a Ásia. O que foi permanecendo foi o automóvel. E com o tempo tornou-se a principal fonte de negócio dos moldes e que tem conseguido crescer o volume.

Mas assumindo o risco de ter os clientes tão concentrados num único sector, os moldes também falam em diversificar. Mas admitem não ser fácil. Os moldes construíram, há uns anos, o mapa estratégico até 2020, que identificava seis áreas de intervenção. Uma delas, a aeronáutica, levou a indústria de moldes, inclusive, a formações no Brasil, na Embraer. Mas o que esta construtora exige não há em Portugal. O sector tinha de fazer investimentos pesados. E noutras construtoras aeronáuticas é muito difícil de entrar. Conclusão? A aeronáutica não se abriu aos moldes portugueses.

Outra área identificada foi a médica. Problema? "É muito específica, exige tecnologias minuciosas", que as empresas portuguesas não tinham.

Dois exemplos para explicar a dificuldade de diversificação, ainda mais quando os moldes não são considerados um "cluster". Houve, mesmo, quem quisesse incluir os moldes num "cluster" automóvel. Tudo o que a indústria não quer. Já que se o objectivo é diversificar, ficar integrado num "cluster" específico acaba por afastar. Ainda assim, apesar das dificuldades, o sector continua a querer diversificar. Com a certeza de saberem que os moldes portugueses são reconhecidos pela qualidade e competência.

PROTAGONISTAS Quem esteve no "think tank" sobre pasta e papel e moldes Optou-se pela regra Chatham House, em que tudo pode ser escrito, mas nada pode ser atribuído para liberdade de opinião.

Carlos Álvares
Presidente do Banco Popular Portugal
Carlos Van Zeller
Administrador da Altri
João Faustino
Presidente da Cefamol
José Luís Carvalho
Membro do grupo técnico florestal da Celpa
Manuel Regalado
Administrador da The Navigator Company
Nuno Silva
Presidente da Moldit
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