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O pai de Jorge Vieira também não podia antecipar que a Moura Silva & Filhos, a sua empresa de produção de explosivos, acabasse a tomar conta de um negócio de louça no Alto Minho. Pertencia à construtora Aurélio Martins Sobreiro, que encerrou em 2012 com dívidas de 31,3 milhões de euros, e em Novembro de 2013 o grupo da Póvoa de Lanhoso que lhe fornecia os explosivos para as obras acabou por salvá-lo da insolvência.
Com pouca orientação e nenhum salário, durante quase dois anos as quatro dezenas de trabalhadores mantiveram as velhas máquinas a funcionar e foram respondendo às poucas encomendas que chegavam. "Isto foi a única coisa que a maior parte deles fez na vida. Quiseram segurar os postos de trabalho a ver se aparecia alguém e aguentaram a empresa até chegarmos. Se eles se tivessem ido embora, se calhar a VianaGrés estaria fechada", destacou o director financeiro, Sérgio Guimarães.
Os 41 funcionários "assumidos" passaram a 51. A produção média cresceu de 45 mil para 110 mil peças por mês. Ao investimento inicial de 800 mil euros para ficar com todo o imobilizado, alguns créditos e com os clientes que só tinham no mercado nacional, os novos sócios somaram meio milhão de euros em novas máquinas, calculou o gerente, Jorge Vieira. Em 2015 superou o milhão de euros de vendas e 60% delas foram feitas no estrangeiro.
A britânica Rayware, distribuidora de louça e utensílios de cozinha, e a germânica Rastal, a quem vende canecas de cerveja, são os clientes mais "emblemáticos". Ainda assim, marcas que, em notoriedade, ficam a anos-luz da Starbucks e Guinness, com quem negoceia o fornecimento, respectivamente, de louças comemorativas de cidades europeias e de "merchandising". Apesar de ainda estar na fase de enviar amostras e de partir "muito atrás" dos concorrentes, Vieira olha para a caneca meio cheia: "sabemos que será muito difícil vencer, tal e qual estamos neste momento, mas pelo menos é uma preparação para vencer outros no futuro".
até chegarmos. Se tivessem ido embora, se calhar a VianaGrés estaria fechada. que dá mais dores de cabeça.
Forno para exterior
A VianaGrés está a "tentar vocacionar-se mais" para a louça de forno, composta sobretudo por assadeiras e terrinas, pois "é o que o mercado externo está a pedir", justifica o director financeiro. Aliás, já pesa mais do que a louça de mesa (pratos, tigelas, copos). Aquela que chegou a ser uma das maiores fabricantes de canecas a nível europeu, com perto de sete mil unidades por dia, está também a tentar recuperar esse mercado no exterior, em particular na Alemanha.
"Inimigo" à porta
Os maiores concorrentes da VianaGrés estão em Portugal, esclarece Sérgio Guimarães, descrevendo um sector que "está a crescer muito, cada vez mais competitivo e [em que] há muitas empresas a abrir e a fazer cerâmica em pasta grés". Esta pasta está cada vez mais na moda a nível internacional, por ser mais barata, mais flexível a nível de cores e mais resistente do que a porcelana para o uso diário na cozinha.
Responder a nichos
A maior parte dos concorrentes tem muito maior produção e está mais interessada em grandes volumes, de centenas de milhares de peças, do que em encomendas de "cinco mil de uma cor e depois outras tantas de outra cor", aponta o director. Além de "conseguir fazer esses nichos", garante que é a única empresa a nível nacional que pinta à mão.
Gás natural à espera
Os recursos humanos justificam 50% dos custos e, com o forno ligado 24 horas por dia, o segundo que mais pesa é o gás propano, gastando 20 a 25 mil euros por mês. A VianaGrés está, por isso, a negociar com a Câmara para "ver se [consegue] que chegue cá a rede de gás natural, que é muito mais barata", diz Sérgio Guimarães.