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Tech4Home: Provavelmente, a maior empresa de comandos infantis do mundo

Começaram pelos telecomandos para crianças e hoje dominam o comando por voz e iniciam-se na internet das coisas. Os Estados Unidos são o maior mercado da Tech4Home.

29 de Janeiro de 2019 às 14:15
A Tech4Home, cofundada por Miguel Oliveira, nasceu com o desafio de concorrer com gigantes mundiais. Ricardo JR
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"Éramos todos colaboradores da Philips [de Ovar] e quando eles decidiram deslocalizar as operações de Portugal para a China, colocou-se o dilema: o que vamos fazer das nossas vidas?" É assim, à beira de um precipício, que começa a história da Tech4Home. Só que o salto não foi para o escuro. Em 2009, os quatro sócios que conheciam bem a área decidiram concorrer com os gigantes mundiais de telecomandos para televisão. No primeiro mês não houve vendas, no décimo também não. "Estávamos a propor vender tecnologia, mas não tínhamos nada físico para apresentar", conta Miguel Oliveira, cofundador da empresa. E dinheiro? "Começámos recorrendo à antecipação das prestações do subsídio de desemprego." Hoje, faturam 18 milhões de euros, exportam para mais de 30 países e em Portugal fornecem os quatro grandes operadores de telecomunicações.

O segredo, diz Miguel, foi não se cansarem de mostrar ao mercado que eram capazes de inovar. "Todos os anos apresentamos algo de diferente, embora nem sempre consigamos que se materialize em negócio", diz o gestor. Entraram pelo nicho dos telecomandos para crianças - que limitam o utilizador aos canais infantis -, em que hoje são líderes, e através dele conseguiram chegar a grandes empresas. Depois de Portugal, foram para Espanha, Rússia e Europa de Leste, até chegarem a "mercados mais exigentes" como a Holanda, França, Alemanha e Estados Unidos. A partir da filial em São Paulo, planeiam crescer nas Américas.

Comandar sem dedos

A trabalhar nessas inovações estão 24 colaboradores, no terceiro andar do edifício de vidro da Sanjotec, um centro tecnológico com vista para os montes e moradias de São João da Madeira. São iluminados por candeeiros de traço nórdico, pensam em salas de madeira, respiram no pátio exterior. É aqui que investigam possibilidades de identificar a pessoa que tem o comando na mão através de impressões digitais ou do batimento cardíaco. "É relevante a televisão 'saber' quem é o utilizador para que se faça algo semelhante ao que os motores de busca já fazem: direcionar publicidade e conteúdos. Dando esse passo da personalização, abre-se uma janela de oportunidade para os operadores", explica Miguel Oliveira.

Um dia surgiu o controlo por voz e agora "quase todos os projetos têm essa tecnologia". Foi um salto na criação de valor por parte da empresa, que não deixa de arriscar noutros campos, como o estético. Recentemente, foram premiados pela solução de mangas de tecido que se adaptam ao mesmo telecomando, trazendo diferentes números de teclas e funções.

E porque não controlar a partir do sofá o ar condicionado ou a iluminação? "Queremos participar no mundo da 'internet of things' [internet das coisas]. Se nos excluirmos dele, alguém apresentará soluções por nós", avança o empresário.

Tome nota

O canal favorito são os Estados Unidos 

Há três anos, a Tech4Home faturava 5 milhões de euros, hoje vai nos 18 milhões. Para reforçar o crescimento, vai continuar a apostar nos Estados Unidos.

O desemprego e o anjo do negócio
A Tech4Home arrancou com um capital social de 50 mil euros em 2009. "Começámos recorrendo à antecipação das prestações do subsídio de desemprego", recorda Miguel Oliveira, que antes trabalhou 11 anos na Philips. Também tinham algum capital próprio mas cedo decidiram recorrer a capital de risco. "Uma 'business angel' investiu durante algum tempo na empresa, com cerca de 100 mil euros, o que foi muito importante também pela rede de contactos, tal como foi importante o facto de estarmos neste centro tecnológico. Nunca quisemos estar isolados do mundo. Sabemos que trabalhar em rede, também com universidades, era fundamental. Também foi por essa razão que recorremos a fundos comunitários, para nos permitir viajar e apresentar inovações."

EUA são principal mercado
A empresa exporta 90% da produção, sendo que os Estados Unidos da América, um mercado conquistado há cerca de três anos, ocupam uma fatia de 30%. Foi precisamente desde 2017 que o crescimento acelerou. Se o ano de 2016 fechou com uma faturação de 5 milhões de euros, em 2018 alcançaram os 18 milhões. Mas "o mais importante", considera Miguel Oliveira, é o facto de terem conseguido ampliar o número de clientes em diferentes áreas geográficas. "Diminui o nosso risco." Por outro lado, conseguiram acrescentar mais valor aos produtos. 

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