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Miguel Poeira: “O esqueleto é o mesmo, a tecnologia é muito diferente”

Estima-se que o custo de manutenção de um elétrico seja menos de metade de um veículo de combustão. Em média, pode ser uma poupança de 50 até 70 euros por ano, só em manutenção.

15 de Novembro de 2024 às 14:30
Miguel Poeira, principal na EY-Parthenon na área da mobilidade.
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Foto em cima: Miguel Poeira, principal na EY-Parthenon na área da mobilidade.

A redução de custos da eletrificação está relacionada, sobretudo, com o facto de "o motor ser muito mais simples, havendo muito menos peças móveis que possam gerar custos de manutenção; cerca de 1% destas peças móveis, como velas de ignição e filtros de óleo, não existe nos veículos elétricos, tal como aditivos, tratamentos e efluentes dos gases do motor. O próprio desgaste térmico causado pela combustão também não ocorre", afirmou Miguel Poeira, principal na EY-Parthenon na área da mobilidade, durante o Electric Summit, uma iniciativa do Negócios, da Sábado e da CMTV, em parceria com a Galp, a REN e a Siemens, com a EY como knowledge partner e Oeiras como município anfitrião.

O custo inicial de uma nova tecnologia é sempre mais elevado do que o de uma tecnologia estabelecida. A verdade é que o custo desta tecnologia de veículos elétricos tem vindo a diminuir. Miguel Poeira
Principal na EY-Parthenon na área da mobilidade

Estima-se que o custo de manutenção de um veículo elétrico seja menos de metade do de um veículo de combustão. "O esqueleto é o mesmo, mas a tecnologia é muito diferente", resumiu Miguel Poeira. Em média, essa poupança pode variar de 50 a 70 euros por ano, apenas em manutenção. Embora os valores variem entre empresas e particulares, há uma poupança significativa nos custos de manutenção a longo prazo.
O ponto que mais preocupação causa aos gestores de frotas é a bateria. Em termos de custos de reparação e substituição, o padrão atual da indústria oferece uma garantia de oito a dez anos. Miguel Poeira observa que há veículos novos para os quais os fabricantes fazem recomendações específicas para preservar a durabilidade da bateria.

Para Miguel Poeira, o facto de o custo total de propriedade ou ‘Total Cost of Ownership’ (TCO) ser inferior "não justifica, por si só, uma adoção em larga escala dos veículos elétricos, embora ajude a aumentar esse diferencial. O grande impulsionador ainda é, por enquanto, o esquema de incentivos fiscais para as empresas".

Fatores para baixar preços

"Quando se fala no custo total de propriedade, este está frequentemente associado à componente de renting, mas inclui também outros fatores, como o custo de energia, os custos operacionais e a amortização. Houve um aumento do TCO em Portugal nos últimos anos, cerca de 30% em 2022-2023, tendo estabilizado no último ano, precisamente devido ao conjunto destes fatores que influenciam o TCO", assinalou Miguel Poeira.

Relativamente ao retorno do investimento em veículos elétricos, Miguel Poeira considera que "o custo inicial de uma nova tecnologia é sempre mais elevado do que o de uma tecnologia estabelecida. A verdade é que o custo desta tecnologia de veículos elétricos tem vindo a diminuir, o que é normal e já aconteceu com outras tecnologias".

Existem ainda três outros fatores que influenciam a adoção em larga escala e que contribuem para a redução de preços. Um desses fatores é a diversidade dos modelos disponíveis: há empresas que necessitam de modelos muito específicos, como pick-ups, carrinhas de distribuição ou veículos pesados, para os quais ainda não existe uma oferta consolidada no mercado. O mercado tem-se focado, principalmente, no maior segmento, que é o de ligeiros de passageiros, tanto em termos de diversidade como de qualidade da oferta. Outros dois pontos importantes são a redução do custo de produção unitário destes veículos e a diminuição dos custos de financiamento. Adicionalmente, a partir de 2025, os fabricantes terão de cumprir quotas de produção que correspondam a uma redução de 15% nas emissões.

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