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Vamos todos ficar bem... em 2030

Numa visão otimista, Rui Coutinho, executive director do Innovation Ecosystem da Nova SBE, traçou o panorama da inovação em Portugal em 2030, onde o esforço coletivo foi recompensado com elevados níveis de produtividade e competitividade.

23 de Fevereiro de 2023 às 15:00
Rui Coutinho, executive director do Innovation Ecosystem da Nova SBE Tony Dias/Movephoto
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A visão é claramente futurista e, provavelmente, demasiado otimista. Mas não deixa de ser um alegria para os ouvidos escutar Rui Coutinho, executive director do Innovation Ecosystem da Nova SBE, traçar o panorama da inovação em Portugal em 2030. Uma realidade distante mas possível de ser alcançada se todos fizermos o trabalho necessário para alcançar os objetivos definidos.



Imaginando que estamos em 2030, diz Rui Coutinho, é notória uma extraordinária evolução nacional nos mais diversos indicadores. Porque se, em 2022, o European Innovation Scoreboard apontava Portugal como um inovador "moderado", com uma performance de cerca de 85% da média da UE, uma performance que tinha inclusivamente caído face aos anos anteriores. Em 2030, classifica-nos como um "inovador forte", com uma performance de 123,8% em relação à média da União Europeia e a crescer a um rápido ritmo. "Hoje, em 2030, não só anulámos o gap face aos nossos concorrentes diretos, mas ultrapassámos essa distância e somos líderes em inovação".

E se havia indicadores em 2022 onde estávamos relativamente bem, como um interessante número de estudantes de doutoramento estrangeiros, capacidade de penetração de banda larga ou no apoio do Governo e entidades públicas à investigação, desenvolvimento em contexto empresarial e população com educação terciária, não estávamos tão bem no nível de investimento que fazíamos em inovação por colaborador, nas tecnologias relacionadas com o ambiente e com a descarbonização, produtividade e na capacidade de colaboração dentro das nossas PME. "Estávamos ainda a piorar naquilo que tinha a ver com tecnologias relacionadas com o ambiente, depois de um crescimento na primeira década do século".

Portugal e a capacidade para vender produtos inovadores

Em 2030, Rui Coutinho profetiza que a força nacional está na capacidade de vender produtos inovadores, de gerar emprego em atividades e empresas inovadoras, na capacidade de ser líder nas tecnologias que estão a descarbonizar o planeta e em gerar colaboração nas PME ao nível da inovação. Também aqui, 2030, há espaço para melhorar, nomeadamente no número de patente que Portugal consegue registar, nos investimentos em I&D no setor público, nos investimentos em venture capital ou na mobilidade de emprego científico e tecnológico.

Nesta viagem ao futuro, Rui Coutinho fala na capacidade de Portugal em vender produtos inovadores, apesar de admitir haver ainda um sistema financeiro associado ao capital de risco e ao empreendedorismo que precisa ser trabalhado. "Ainda assim, é absolutamente significativo assinalar que, em 2030, o nosso progresso enquanto país é substancial".

Isto traduz-se, no entender do executive director, no facto de a inovação não ser um fim em si mesmo, mas um meio para atingir um fim.

Recorrendo ao World Competitiveness Ranking, Rui Coutinho relembra que, em 2022, em 63 países analisados pelo IMD, Portugal estava na posição 42 ao nível da competitividade. "Estávamos a perder competitividade em comparação com os anos anteriores", uma performance que esbarrava em categorias como eficiência governamental e do setor público, mas também na eficiência dos negócios, nos baixos índices de produtividade e eficiência e uma dificuldade muito grande ao nível da capacidade de gestão das empresas nacionais.

No entanto, com a capacidade que o país teve de investir estrategicamente em inovação, de dar um salto quantitativo e qualitativo na forma como encarou e incorporou inovação no seu dia a dia, seja no setor público ou privado, em 2030 Portugal ocupa o 16.º lugar deste mesmo ranking. Pelo menos na visão de Rui Coutinho. "Crescemos e melhoramos substancialmente, sobretudo do ponto de vista da eficiência dos negócios e na qualidade da gestão das nossas empresas. Fizemos um esforço coletivo assinalável, aumentando produtividade e melhorando as condições de trabalho".

No seu prognóstico a oito anos, o executive director realça o caminho coletivo, nomeadamente na aposta estrutural no reforço da qualidade da gestão, ao assumirmos que a inovação tem um caráter estratégico, ao aumentarmos decididamente o investimento em investigação e desenvolvimento, em reforçar o desígnio estratégico da qualificação do talento, em aumentar substancialmente a produtividade e competitividade e em melhorar significativamente a remuneração média das pessoas, conseguindo assim reter os melhores talentos. "Lembram-se da geração mais qualificada de sempre que fugiu? Estamos a conseguir trazê-la de volta". Afinal, parece que vamos mesmo todos ficar bem. Mas em 2030.