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O talento é crítico no empreendedorismo

Para Francisco Veloso existe neste momento um ecossistema de empreendedorismo em Portugal, com forte capacidade de atrair talento para o país, que por isso vale a pena acarinhar e apoiar de várias maneiras.

04 de Agosto de 2016 às 10:10
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Francisco Veloso
Director da católica lisbon 



Francisco Veloso, director da Católica - Lisbon School of Business and Economics, onde é titular da Cátedra NOS em Inovação, é um dos champions da área Talent do beyond-Portugal Digital Acceleration. Refere que em Portugal "existem empresas pequenas e de maior dimensão com projectos interessantes de mobilização digital. No entanto, penso que ainda é cedo para apontar empresas como 'case studies'. Penso que será importante esperar ainda algum tempo para que a consolidação destes processos". Mas para isto acontecer é preciso que haja talento.

As empresas e as competências digitais são a chave para o crescimento futuro de Portugal. Como é que se conseguem desenvolver rapidamente estas competências?
Esta transformação digital tem exigências para as empresas em várias frentes. Desde logo é necessário desenvolver competências digitais nos atuais colaboradores, nomeadamente através de formação avançada em escolas de referência, como a Católica-Lisbon, que já oferece programas e iniciativas que dão resposta a esta necessidade das empresas. É igualmente importante que existam em lugares chave das empresas algumas pessoas que, pelo seu percurso, idade e interesses, tenham já competências sólidas nesta matéria digital, e que sejam por isso agentes de mudança e dinamização digital, catalisando todo o resto da empresa. Finalmente, a empresa deve identificar projectos piloto que, podendo não ser ainda muito relevantes do ponto de vista de receitas ou lucros atuais, sejam boas oportunidades para arriscar novos modelos de serviço e produto mais digitais. Será através dessa experiência que a empresa estará a constituir o seu futuro.

No tema do talento em Portugal parecem existir eventuais constrangimentos como o envelhecimento da população e a pouca atracção da imigração e menos diversidade. Consideram estes aspectos menos relevantes no caso português?
O envelhecimento da população, o famoso inverno demográfico, está presente em todos os países ocidentais, e até em muitos orientais. Por isso, este desafio está também muito presente em Portugal, até porque temos taxas de natalidade abaixo da maioria dos outros países desenvolvidos. Isto significa que é simultaneamente necessário desenvolver e reconfigurar competências nas pessoas que existem e estão activas para o mercado, mas também encontrar formas inovadoras de atrair imigrantes para o país. Neste sentido, várias iniciativas de empreendedorismo, que atraem estudantes e jovens profissionais para Portugal, são de louvar e devem ser mais encorajadas. Existe neste momento um ecossistema de empreendedorismo em Portugal com forte capacidade de atrair talento para o país, que por isso vale a pena continuar a acarinhar e a apoiar de várias maneiras.

Qual é o impacto do talento na qualidade do empreendedorismo?
O impacto é absolutamente crítico. O que assistimos em quase todas as ocasiões é que o talento do empreendedor é o motor de arranque do projecto, incluindo o principal angariador de uma equipa e de financiamento. Por isso, apostar no talento é continuar a contribuir para acelerar o ecossistema empreendedor em Portugal!