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O lado baby-sitting do regulador afeta a digitalização

Um dos principais constrangimentos para a Liberty totalmente digital é a da regulação porque como se baseia na cloud exige um contacto constante com a regulação para explicação de todo o processo.

06 de Janeiro de 2021 às 13:30
Alexandre Ramos, CIO & Member of the Board da Liberty Seguros David Cabral Santos
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A Liberty Seguros decidiu fazer a transformação digital em Portugal, Espanha e Irlanda criando uma espécie de empresa digital ao lado. "Houve uma decisão de topo e um comprometimento da equipa executiva em fazer algo diferente, para o futuro sem pensar no presente permitiu-nos fazer algo ao lado, como se fizéssemos um reset", salientou Alexandre Ramos, CIO & Member of the Board da Liberty Seguros.

É um investimento de 100 milhões de euros e na Irlanda a transição para um ecossistema de cloud pública já abarca a totalidade do chamado novo negócio (novas apólices, novos clientes ou simplesmente novos sinistros) através da cloud. Em Espanha, este ecossistema já funciona para o setor automóvel, chegando a Portugal em 2021.

"Temos essa sorte, estamos a fazer uma coisa ao lado, completamente desligada do atual, requer um esforço executivo brutal, não basta apregoar de topo e as coisas acontecem porque a organização move-se sem as pessoas darem por ela. É um esforço brutal estar constantemente a fazer raides até à base a mudarem a maneira de pensar", considerou Alexandre Ramos.

Mudança total

É uma companhia de seguros que não muda de marca, mas muda tudo o que tem a ver com pessoas, processos e tecnologia e que permite aspirar no futuro a ser digital. Defende que "é um investimento brutal e é preciso um apoio global, como empresa norte-americana que é, constante. É um fardo que se vai arrastar durante muito tempo até ter os efeitos desejáveis, mas caso contrário é uma gestão de compromissos, que é aquilo que nós fizemos até hoje e os resultados ficam sempre aquém e facilmente são desafiados para não serem feitos".

Um dos principais constrangimentos é o da regulação. "Pelo facto de isto ser baseado em cloud passamos mais tempo com o regulador do que com qualquer outra entidade, porque o regulador não entende, não está preparado e muitas vezes nem sabe que perguntas deve fazer, mas sabe aquilo que quer dizer: "Acho isso muito arriscado." O lado baby-sitting do regulador é uma coisa desumana", desabafa Alexandre Ramos.

Alexandre Ramos Licenciado em Engenharia Informática pela Universidade de Coimbra, começou a sua carreira na Eurociber, CSC - Computer Sciences Corporation, onde trabalhou durante 10 anos. Seguindo como diretor de IT na AXA, Lusitânia Seguros, PT/Altice até que em 2018 pára na Liberty Seguros, sendo membro da comissão executiva e responsável pelos departamentos de IT da seguradora em Portugal, Espanha e Irlanda.