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Por sua vez Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal referiu que "estamos a aumentar 10% de hóspedes, que tinham sido cerca de 20 milhões, e dormidas que foram 50 milhões e a crescer 20% nas receitas. A base de tudo é a experiência e nisso os recursos humanos são fundamentais, porque quando os preços são baixos a experiência é sempre mais positiva, quando os preços aumentam a expectativa em relação à experiência e ao serviço também sobem". No primeiro trimestre de 2017, o crescimento homólogo de 39.700 postos de trabalho do Canal Horeca representou 27,4% do total do crescimento de emprego a nível nacional.
Melhor gestão de recursos humanos
Esta pressão tem levado a uma modernização da gestão de recursos humanos com Miguel Guedes e Sousa, CEO da Amorim Luxury, a sublinhar a necessidade de fazer dos locais de restauração sítios de bom ambiente de trabalho, com dignidade e harmonia e foco nas pessoas e com regras meritocráticas para que as pessoas se sintam bem e fiquem muito tempo. No entanto, coloca anúncios e não aparece ninguém. Uma forma de fazer face a estes constrangimentos passa por trazer mão-de-obra da Ásia, de países como o Nepal e Bangladesh, mas com isso perde-se a relação com o cliente, pois muitas vezes é necessário falar com os clientes.
A empresa de Kiko Martins tem um departamento de recursos humanos com cinco pessoas que, com o apoio de duas empresas especializadas em recrutamento, todas as semanas faz 10 novos recrutamentos para colmatar saídas, mesmo tendo estratégias de fidelização dos funcionários. Oferece 3 meios dia, 2 contínuos e dois de descanso, faz avaliações semestrais em que se avalia o que é pedido e se traçam novos objectivos, prémios que podem representar um décimo quinto mês e prémios mensais de cumprimento de horários de 70 euros. Um dos seus motes é que pessoas descansadas rendem mais e com estas medidas conseguiu aumentar muito a taxa de permanência. A rotação de pessoal implica que as escalas dos restaurantes tenham de ser feitas semanalmente.
O elogio do empregado de mesa
Com a mediatização e a passagem do cozinheiro ao chef as escolas de hotelaria, e são 12 em Portugal, estão inundadas de candidatos aos cursos de cozinha, em detrimento da mesa. "O empregado de mesa é mais o reflexo do que é o restaurante do que quem está na cozinha" referiu Luís Araújo. Para Miguel Guedes de Sousa, o empregado de mesa é fulcral pois tem de ter cabeça para gerir 20 ou 30 couverts e sob grande stress, mas hoje pode ser financeiramente mais gratificante do que outras funções. "O empregado de mesa é que trabalha a fidelização" diz Paulo Amado. Kiko Martins diz que já apresentou a ideia de programa de televisão centrado no empregado de mesa, mas as televisões não acharam sexy.
Existe ainda um preconceito em relação ao serviço de mesa. Às vezes considera-se em Portugal que "servir não é dignificante, vamos servir para fora de Portugal e somos magníficos mas depois no nosso país parece que temos uma certa vergonha" referiu Miguel Guedes de Sousa. Para Kiko Martins, que gere sete espaços de restauração em Lisboa entre a Cevicheria, o Talho, o Asiático ou o Watt, "a vontade e o gosto de servir, trabalhamos num mercado que é uma coisa sublime, fantástica, poética e bonita que é a área do serviço".